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Teia de relações do setor privado

Os laços de Naji Nahas, Eduardo Cunha, Daniel Dantas e Marcos Valério

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Não é de hoje que o público e o privado se confundem no Brasil. Em tempo de operação Lava Jato, que trouxe à tona a relação entre políticos e executivos de empreiteiras, uma informação da colunista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, chamou atenção nesta semana.

A jornalista revelou que o magnata Naji Nahas ofereceu um almoço em homenagem ao então deputado Eduardo Cunha na ocasião de sua vitória na votação para presidente da Câmara, em fevereiro de 2015. No evento, Cunha estava acompanhado de Lúcio Funaro, preso, na última sexta-feira (1º), sob acusação de desviar R$ 940 milhões do FGTS.

A comemoração reuniu a elite empresarial brasileira. Estiveram presentes, entre outros, Rubens Ometto, da Cosan; José Neto, da Votorantim; Benjamin Steinbruch, da CSN; e Fábio Barbosa, que, à época, tinha alto cargo no Grupo Abril.

Para quem não se lembra, o anfitrião, Nahas, foi uma das figuras centrais da Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Durante as investigações, em julho de 2008, o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, chegou a ser preso duas vezes, acusado de participação em esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Dantas, por sua vez, é outra figura emblemática em diversos episódios suspeitos envolvendo Estado e grandes empresas. Em 1998, durante as privatizações no governo FHC, Dantas conseguiu o controle da Brasil Telecom e da Telemig. Na época, o grupo do banqueiro teria se beneficiado na disputa pelas companhias. O empresário ainda esteve envolvido em escândalos de espionagem, de formação de quadrilha, até estourar o Mensalão, em 2005. 

O processo de aproximação ao PT foi lento. Para ter acesso ao primeiro escalão do governo, Dantas contratou advogados próximos ao partido, entre eles, Luiz Eduardo Greenhalgh, que já tinha sido deputado federal.

As investigações do Mensalão apontaram que, por meio da Amazônia Celular e da Telemig, Dantas abastecia o esquema de Caixa Dois do PT com pagamentos feitos à SMPB, a agência de publicidade de Marcos Valério. Durante o processo, Dantas chegou a acusar Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, de ter pedido R$ 50 milhões para ajudar na solução de conflitos que o Opportunity travava com fundos de pensão.