Toda vez que uma grande tragédia envolvendo ônibus no Rio de Janeiro ocorre, a discussão sobre a dupla função dos motoristas, que também fazem as vezes de cobradores, volta à tona. No entanto, os repetidos acidentes não fazem com que o Projeto de Lei nº50/2007, do deputado estadual Paulo Ramos (PDT-RJ), saia da gaveta do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Paulo Melo (PMDB-RJ).
O projeto de lei foi aprovado em primeira discussão em junho de 2008. Pelo Regimento Interno da casa, deveria entrar na pauta para a segunda discussão 48h depois da primeira aprovação, mas até hoje, quase quatro anos depois, não foi incluído na Ordem do Dia por Paulo Melo. Para Ramos, está claro que o lobby das empresas de ônibus, representadas Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), impede a aprovação:
"É a força que têm as empresas. Quem é que tem poder para fazer um projeto importante como esse não tramitar? Só pode ser a Fetranspor", acusa.
O pedetista acredita que a comoção causada pela tragédia pode sensibilizar os parlamentares, mas cobra que as lideranças sindicais pressionem os deputados. Paulo Ramos vai tentar incluir o projeto na agenda de votações ainda esta semana e tentará marcar uma audiência pública na Comissão de Trabalho.