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Oprah Winfrey ganha prêmio no Globo de Ouro e fala sobre assédio e racismo na TV

"Quero todas as garotas assistindo aqui, agora, saibam que um novo dia está no horizonte"

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Grande homenageada do Globo de Ouro 2018, Oprah Winfrey fez um poderoso discurso no palco do evento. A atriz e apresentadora foi a primeira mulher negra a receber o troféu Cecil B. DeMille, pelo conjunto da obra, e, em seu discurso de agradecimento, emocionou o público ao falar sobre o atual estado da indústria do entretenimento, racismo, os diversos casos de abuso sexual e como os tempos estão mudando para as mulheres, citando histórias próprias e o caso de Recy Taylor, mulher negra que foi estuprada por seis homens em 1944 e que nunca foram presos, apesar de terem confessado o crime.

Ao iniciar, Oprah relembrou Sidney Poitier, primeiro negro a vencer na categoria de Melhor Ator em 1964: "Em 1982, Sidney recebeu o prêmio Cecil B. DeMille aqui no Globo de Ouro, e eu sei que, neste momento, há algumas garotinhas assistindo eu me tornar a primeira mulher negra a receber esse mesmo prêmio. É uma honra – é uma honra e é um privilégio compartilhar a noite com todas elas e também com os incríveis homens e mulheres que me inspiraram, que me desafiaram, que me apoiaram e fizeram minha jornada até esse ponto possível", iniciou ela, que integrou o elenco de "O mordomo da Casa Branca" - primeiro lugar nas bilheterias norte-americanas. 

Oprah foi além e exaltou a força das mulheres em meio a denúncias recentes de assédio e abuso sexual na indústria cinematográfica. "Eu estou especialmente orgulhosa e inspirada por todas as mulheres que se sentiram fortes o suficiente e empoderadas o suficiente para falar e compartilhar suas histórias pessoais. Cada um de nós nesta sala é celebrado por causa das histórias que contamos, e este ano nós nos tornamos a história", disse ela, que também fez questão de falar de anônimas que sofreram abusos e agressões. "Então, eu quero hoje a noite expressar gratidão a todas as mulheres que sofreram anos de abuso e agressão porque eles, como minha mãe, tiveram filhos para se alimentar e contas a pagar e sonhos para perseguir. São as mulheres cujos nomes nunca conheceremos. São trabalhadoras domésticas e trabalhadoras agrícolas. Elas estão trabalhando em fábricas, em restaurantes, estão nas universidades, engenharia, medicina e ciência. Elas fazem parte do mundo da tecnologia, da política e dos negócios. Elas são nossos atletas nas Olimpíadas e elas são nossas soldadas nas forças armadas", disse.

"Entrevistei e retratei pessoas que resistiram às coisas mais feias que a vida pode oferecer, mas uma qualidade que todos parecem compartilhar é a capacidade de manter a esperança para uma manhã mais clara, mesmo durante as noites mais sombrias. Então eu quero todas as garotas assistindo aqui, agora, saibam que um novo dia está no horizonte! E quando esse novo dia finalmente amanhecer, será por causa de muitas mulheres magníficas, muitas das quais estão aqui neste auditório esta noite e alguns homens fenomenais, lutando para garantir que se tornem os líderes que nos levam ao tempo em que ninguém nunca mais terá de dizer 'Eu também'",  disse, referindo-se à hashtag "Mee Too", que começou quando a atriz Alyssa Milano incentivou mulheres que já foram vítimas de abuso a dar seu testemunho nas redes sociais.