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Thaila Ayala fala sobre carreira internacional e estreia do primeiro filme brasileiro na Netflix

A atriz também comentou seu novo critério de escolha de personagens: "Não quero fazer mais do mesmo"

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Esqueça qualquer rótulo de menina rica, metida e estilosa que as personagens de Thaila Ayala podem ter deixado no imaginário artístico. Decidida a se desafiar na profissão, a atriz está investindo em sua carreira no cinema, conquistando espaço fora do Brasil e explorando novas plataformas artísticas. Uma delas é a Netflix. Nesta sexta-feira, 10, Thaila estreia o filme “O Matador”, que é o primeiro longa nacional da plataforma. Na pele de Renata, ela se descola da contemporaneidade e de qualquer vaidade para interpretar uma mulher submissa e com medo do marido com o cangaço e o sertão nos anos 1910 como plano de fundo.

No trabalho, que como Thaila Ayala contou a tirou da zona de conforto desde a preparação, a atriz descobriu diversas novas experiência. Entre elas, por exemplo, ter seu trabalho lançado em um festival. Em agosto, durante a exibição de “O Matador” no Festival de Gramado, que abriu a programação do evento, Thaila disse: “É sempre muito tenso assistir ao que você fez pela primeira vez, ainda mais ao lado de tantas outras pessoas. E eu senti isso tudo de novo ontem, quando teve a pré-estreia do filme. Mas, dessas duas experiências, eu tive um gostinho e sei que vai ser um sucesso. O filme tem ação com muito bang-bang, mas também tem uma linda história de pai e filho”, contou a atriz que destacou a relação humana que o longa traz em meio à temática do cangaço.

Como Renata, Thaila Ayala apontou a importância do filme para sua carreira. Desde o convite, a atriz já sabia que a personagem não seria protagonista porque a trama não possui um destaque feminino. No enredo, Renata é casada com Desenhista, um cangaceiro que trabalha com o homem que comanda as terras da região. Mesmo sem este destaque, Thaila afirmou que quis mergulhar no projeto pela riqueza e desafio que “O Matador” lhe apresentava. “Eu como atriz me sinto privilegiada de estar em um trabalho que me tirou da zona do conforto. Na minha carreira, já havia feito muitos personagens parecidos, que não me acrescentavam mais em nada ou não me desafiavam como artista. Eu estava em busca de novidades que me trouxessem resultados a longo prazo. E a Renata foi uma dessas oportunidades. Ela é totalmente descaracterizada de tudo o que eu já fiz e essa foi uma das razoes por eu ter aceitado”, lembrou.

Aliás, este é um critério que tem guiado a carreira de Thaila Ayala recentemente. Segundo a atriz, ela passou a selecionar com mais cuidado os seus trabalhos pensando em um resultado futuro. Depois de tantas passagens pela televisão, Thaila vive um momento dedicado ao cinema, arte da qual ela sempre foi fã e quis seguir. “Há alguns anos eu estou focada nos longas porque sempre foi o que eu quis. Eu comecei a minha carreira na Globo, que foi uma casa para mim, e eu me orgulho muito de fazer parte de grandes projetos. Mas tem um tempinho em que eu estou focada no cinema e, com isso, tenho um critério a mais para aceitar ou não os trabalhos”, argumentou a atriz que, com isso, também vem quebrando uma ideia de estereotipo que ela poderia ter.

De acordo com Thaila, a beleza e a personalidades dos atores influem, sim, seus personagens. Nesses anos de carreira, a atriz coleciona algumas histórias que justificam sua opinião. “Esse estereotipo do ator é obvio. Uma vez eu lembro que estava em uma novela e a minha personagem era a melhor amiga da protagonista. No meio da história, eu ouvi da direção que eles iam mudar o meu papel porque estavam com medo que a minha aparência desviasse a atenção da atriz principal. E aí me colocaram em outro personagem”, contou Thaila que em “O Matador” viveu uma situação oposta. “Nós somos estereotipadas pelo que somos e acabam que só querem nos dar trabalhos óbvios e fáceis. Eu não quero mais ficar insistindo e fazendo o mesmo. Por isso a Renata deste filme está sendo tão interessante para mim”, acrescentou.

Além de toda essa carga motivadora que o longa da Netflix trouxe à Thaila Ayala, o filme ainda tem um tempero especial por ser a primeira produção da plataforma no Brasil. A empresa, que já havia feito uma série nacional, 3%, que agora está sendo gravada a segunda temporada, vem apostando no mercado brasileiro e “O Matador” é uma prova disso. “Isso é maravilhoso. E sou viciada em Netflix e estou vendo que eles estão dominando o mundo já”, brincou a atriz que comentou este crescimento da plataforma. “Eu confesso que sou cinéfila e nada me tira do cinema. Eu gosto de comprar minha pipoca, sentar e assistir. Mas não podemos negar que estamos com uma plataforma gigante que diariamente lança novidades e super produções. E isso é ótimo”, destacou Thaila que, entre seus intervalos, revelou ser espectadora assídua.

No catálogo da Netflix, as séries têm ganhado espaço na rotina de Thaila Ayala. No momento, a atriz está se dividindo entre quatro títulos. “Eu vejo de tudo um pouco. Adoro série, filme e documentário, mas, agora, eu estou correndo atrás dos seriados. Eu confesso que entrei nesse mundo das séries um pouco atrasada e agora só faço isso quando estou livre”, disse a atriz que está vendo Stranger Things, Breaking Bad, Narcos House of Cards.

No entanto, mais do que aumentar as possibilidades de entretenimento, Thaila ainda destacou a movimentação no mercado artístico com o crescimento das séries e de plataformas como a Netflix. “É maravilhoso ver tantos amigos trabalhando e empregados. Eu acredito que “O Matador” vai ser o primeiro de muitos filmes brasileiros da plataforma. E isso só enriquece o mercado”, comentou.

Por falar em mercado, Thaila Ayala não se restringe mais às fronteiras nacionais e isso não é de hoje. Um sucesso que ainda está em cartaz e tem selo gringo na carreira da atriz é o longa “Pica Pau”. Neste trabalho, além da experiência internacional, Thaila ainda estreou na função de dubladora. “Foi e está sendo um trabalho muito interessante. E quase que não rola. Quando falaram que era para dublar, eu quase não aceitei. Eu nunca tinha feito isso e fiquei com medo na hora. Não é para qualquer um. Pelo contrário. No mercado, nós temos profissionais que são dubladores e são geniais no que fazem”, disse Thaila que comemorou a repercussão do filme. “No Brasil, nós tivemos um milhão de telespectadores em um final de semana. E também está sendo incrível em todos os outros países. É uma história que mexe com o nosso emocional. O Pica-Pau fez parte da minha vida e de muitas pessoas”, completou.

E esse é um dos trabalhos que marcam a carreira internacional de Thaila Ayala. Apesar de destacar que sua trajetória lá fora não é tão extensa, a atriz comentou como é ser uma profissional brasileira em Hollywood. E, de acordo com ela, esta tem sido uma realidade cada vez mais positiva. “Eu não estou lá há tanto tempo e sei que não posso falar com tanta propriedade como o Rodrigo Santoro, por exemplo. Mas eu consigo ver que estamos crescendo no mercado internacional. Cada vez mais os testes que eu faço não se restringem mais a “atrizes latinas”. Agora já existe a categoria “brasileiras” nos elencos. Então, eu vejo que o mercado está mais aberto para nós e eu estou agarrando todas as possibilidades com muita vontade”, contou a atriz que, nesta missão, leva o anonimato na bagagem. “É como se eu estivesse começando tudo de novo. Lá ninguém me conhece e eu preciso conquistar meu espaço como uma desconhecida. E isso faz uma bela diferença. Mas como eu adoro um desafio, estou conseguindo”, completou.

Assim como o Brasil está ganhando espaço no mundo, as mulheres também estão conquistando mais seus espaços. Para Thaila, embora ainda existam diferenças para atores e atrizes, esta é uma situação que está sendo bastante impactada pelo movimento feminista contemporâneo – do qual, aliás, ela faz parte. “O panorama está mudando. É claro que ainda existem diferenças de salários entre as mulheres e os homens porque o mercado é um pouco mais lento. Mas aos pouquinhos estamos conseguindo caminhar para conquistar nosso espaço onde merecemos. Porém, para isso, é importante que a gente continue se posicionando e brigando por isso. Precisamos entender que é necessário lutar para estarmos nesse lugar”, destacou.

E este crescimento, para muitos, está relacionado a casos externos. Com as conquistas de Thaila Ayala no mercado internacional, muitos boatos de que a atriz estaria tendo casos com artistas gringos ganham espaço na imprensa nacional. Mas, mesmo o machismo ainda existindo no cenário artístico, Thaila acredita que este não seja um exemplo disso. Para ela, o interesse das pessoas está mais ligado à carreira pública da brasileira do que ao gênero. “Nós sempre tivemos a nossa vida pessoal exposta na mídia e isso não mudou. Diariamente, nós atores entramos na casa das pessoas e isso acaba gerando um interesse delas pelo que fazemos. Mas eu não acho que isso tem a ver com eu ser mulher ou não. Eu sinto que os atores homens também têm sua intimidade exposta e comentada deste jeito. É um pouco natural”, analisou.

Se o interesse tem a ver com a agitação na carreira, Thaila Ayala que se prepara porque os boatos só tendem a aumentar. Para o futuro, a carreira da atriz está movimentada e com muitas estreias importantes. Além de “O Matador”, que chega amanhã à Netflix, Thaila ainda estreia dois longas nacionais e dois internacionais em 2018 – inclusive um contracenado com Megan Fox. Fora os trabalhos para as telonas, Thaila dá uma pausa na vida nos Estados Unidos e volta para o Brasil no ano que vem para viver a vilã da próxima novela de Aguinaldo Silva. “Eu ainda não sei muitos detalhes da personagem. Já recebi algumas informações que mudaram mais de uma vez. Então, ainda estou sem novidades para adiantar”, explicou a atriz que, embora sem detalhes, confirmou estar escalada no elenco. Voa, Thaila!