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Carlota Joaquina em novela, Débora Olivieri: "Políticos não estão aí para os cidadãos"

Depois do projeto na TV, ela vai dar um tempo para se dedicar ao casamento com o marido holandês

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“Carlota Joaquina é uma rainha e tanto”. Essa é a missão de Débora Olivieri em “Novo Mundo”, atual novela das 18h da Globo. Na trama que conta o passado do nosso país, a monarca que ganhou o título de “a Megera de Queluz” por causa de seu comportamento um tanto quanto difícil. Em entrevista à coluna, Débora não minimizou os atributos negativos de sua personagem na novela. “Ela é uma mulher histérica que detesta o Brasil e é super infiel. Então, ela tem filho com um monte de gente e causa muito alvoroço na história”, definiu. A atriz ficou apenas três meses trabalhando no set que precisou abandonar porque a família real voltou para o país de origem. “Foi um convite inesperado porque a novela já estava toda escalada. Amo fazer época e sotaque. Me joguei de cabeça porque eu não tinha tempo para me preparar, fiquei completamente envolvida pelo roteiro. Queria que a história tivesse sido diferente e que a família real não tivesse voltado para Portugal, mas infelizmente foi assim, o que fez a minha participação ser bem corrida. A produção está linda, estou honrada de participar desse elenco, durante três meses, com uma personagem tão forte”, contou.

De origem espanhola, Carlota Joaquina também trouxe o sotaque como desafio para a atriz. Como nos contou, Débora possui o idioma fluente, porém, no sotaque argentino. Para viver a rainha em “Novo Mundo”, a atriz precisou desaprender o que sabia da língua para que pudesse reconhecer o idioma nos moldes da Espanha. “Estudar um personagem já é uma dificuldade, até mesmo por a gente saber que vamos nos expor. A ideia é sempre dar o nosso melhor, então é um desafio contínuo de se superar. Eu falo muito bem o espanhol da Argentina. Porém, para a novela, como ela é da Espanha, eu precisei desconstruir o que eu sabia para reaprender depois. Além disso, era difícil ter que falar o espanhol de forma errada, porque falo muito bem e, às vezes, queria corrigir a frase. Era complicado procurar em português uma palavra substituta, porque em castelhano a frase fazia muito mais sentido para mim”, lembrou Débora Olivieri que também precisou passar por outras mudanças para a trama. Como parte da caracterização, a atriz usa lentes de contato preta para esconder seus olhos verdes.

Dos atores com quem trabalhou, Léo Jaime foi com quem mais contracenou, principalmente, por interpretar seu marido na trama e Débora afirmou que uma das melhores partes do seu papel era a troca com o imperador. “A parceria com ele foi incrível, principalmente pela oposição de personalidade entre Dom João e a Carlota que dá muito jogo cênico. Era muito bom ir para o set sentindo que os diretores estavam esperando pela a sua cena”, relembrou.

No entanto, embora mergulhada no universo de Carlota Joaquina, Débora Olivieri ressaltou que não possui nenhuma semelhança com a personalidade da rainha. “Eu sou doce e ela é terrível”, comentou aos risos a atriz. A personagem teve nove filhos durante toda a sua vida destes, apenas quatro seriam do imperador Dom João. Ela privilegiava o mais novo, Miguel, que dizem ser ilegítimo. “É muito legal poder ser uma mãe na dramaturgia que eu nunca seria na vida real, é legal ser um oposto de mim. Isso é o que o teatro nos proporciona, poder fazer uma delegada e uma assassina de uma forma que as pessoas acreditem que essa pessoa existe. Acho isso fascinante”, afirmou.

O papel foi um convite dos diretores para que ela pudesse interpretar a Carlota. Durante toda a sua vida, Débora atuou ao lado de direções muito importantes no país. O Jorge Fernando, por exemplo, foi o responsável por dizer que a atriz deveria se dedicar mais ao drama, que era onde mais brilhava. “Sempre achei que fosse uma atriz de comédia, mas o Jorginho Fernando me disse que eu era do gênero dramática. Não que não seja engraçada, mas não sei fazer o que a Ingrid Guimarães e o Paulo Gustavo fazem”, brincou. Além disso, na trama a artista conheceu novos nomes que estão surgindo dentro da dramaturgia e, para ela, a troca de experiências é algo muito positivo. “Amo trabalhar com os novos diretores. Atores com tantos anos de carreira como eu, que tenho quarenta e três, pensam que já sabem tudo, mas a verdade é que não sabemos nada. Essa nova geração surgiu para mostrar isso e é muito bacana. Não quero desmerecer os antigos, porque eles sabem muito de set, mas essa nova galera está vindo com uma bagagem muito boa para os palcos e novelas”, sugeriu.

Na trama, a personagem odiava o fato de ter que morar no Brasil, afinal, veio ao país fugindo das guerras expansionistas de Napoleão, depois da Revolução Francesa. “Diferente da personagem, eu gosto do Brasil, mesmo hoje em dia a gente tendo vontade de escapar”. Sobre esse assunto, Débora Olivieri não escondeu sua indignação. Assim como na trama das 18h, a atriz também sonha com um novo mundo nacional em que, segundo ela, nossos representantes honrem com o voto e o dinheiro dos brasileiros. “Eu quero que os políticos nos quais eu votei usem o dinheiro que a gente dá a eles de maneira boa e correta. Eu pago os meus impostos e todas as minhas obrigações como cidadã. Por que esses políticos não fazem o mesmo? Então, esse sentimento angustia a gente que acredita em um país honesto. Porém, na verdade, o Brasil não está nem aí para os cidadãos”, declarou.

Engajada em representar Carlota Joaquina com maestria em “Novo Mundo”, Débora Olivieri contou que abriu mão de outros trabalhos artísticos neste ano. Ela decidiu se dedicar exclusivamente à trama das 18h e ao seu compromisso com a verdade brasileira. “Eu tive que negar duas peças de teatro para estar inteira em ‘Novo Mundo’. É muito difícil fazer outro trabalho paralelo a uma novela. Quando eu aceito algo, me dedico 100% àquilo”, explicou a atriz Débora Olivieri.

Foi a primeira vez que negou um trabalho. O motivo não se restringe a novela, pois Débora acabou de voltar de lua de mel em Trancoso, na Bahia, com o holandês Ruud Dankers. Os dois convites que tinha recebido foram para peças e, segundo ela, esse foi um dos motivos para a recusa. “Se tivesse me oferecido um cinema talvez tivesse aceitado, mas teatro não dá dinheiro. Então, preferi não aceitar as propostas. Não estou sendo mercenária, mas, infelizmente, não quero mais subir nos palcos tendo que pagar para estar ali, não quero trabalhar de graça, apesar da minha vida ser a dramaturgia”, lamenta. Por falta de dinheiro, a prefeitura não tem incentivado os grupos teatrais causando a indignação dos atores. Por isso, Débora preferiu se ausentar um pouco neste ano de seu casamento para curtir a vida a dois e está planejando uma viagem de conversível pela Europa.

O marido da atriz era viúvo há dois anos quando decidiu baixar um aplicativo de relacionamento, em uma de suas passagens pelo Brasil. “Ele sempre foi apaixonado pelo Brasil, por isso, jogou as cinzas da ex-mulher no Jardim Botânico. Para homenageá-la, ele vinha ao país duas vezes por ano, no aniversário e na data que ela faleceu. Depois de um tempo, Ruud sentiu que precisava sair do luto e foi ai que nos encontramos”, contou. O namoro rolava por dois anos, quando o atual marido lhe propôs casamento. Débora estava solteira fazia quinze anos e afirmou que nunca cogitou casar novamente. “Minha filha casou tem um ano e fui pedida em casamento no dia do dela. E, no meu, ela me contou que estava grávida e, apesar de não sabermos o sexo ainda, o médico acha que é uma menina. Ficou um ciclo de amor muito gostoso. Estou vivendo um momento de muita felicidade na minha vida, acordo e durmo feliz. Nunca pensei que isso fosse acontecer comigo, a nossa relação já bastava para mim. Mas, quando o meu marido me fez o pedido, a nossa história virou um conto de fadas. Nunca tinha me dado conta do quanto sentia falta de ter alguém para contar sempre e de escutar a voz da pessoa dizendo que tinha chegado em casa depois de um dia de trabalho. Hoje, posso dizer que vou ficar velhinha ao lado dele, vai ser para sempre porque sei a dimensão que isso tem. A nossa relação é muito diferente da que tive com o meu primeiro marido, é mais madura. Fazemos o que sentimos vontade, o que queremos, não mentimos para agradar. Não preciso provar nada para ele”, explicou a atriz.

Quando era mais jovem, a atriz foi casada e, dessa relação, nasceram duas meninas. Apesar de ter sido uma relação de sucesso que durou quinze anos, ela achou que não encontraria o amor novamente. Essa ideia deve-se, exclusivamente, por sua idade. “Antes do casamento, o meu marido também estava sozinho, mas ele iria encontrar alguém muito mais rápido do que eu porque existem mais mulheres interessantes do que o contrário na minha idade. Os homens quando deixam uma família com 62 anos, geralmente, procuram garotas de 40 para se sentirem mais revigorados. Isso é muito complicado porque há várias senhoras sozinhas. E se elas encontram um rapaz de 50 são criticadas pela sociedade que não aceita. Para mim, o que envelhece a pessoa não é o número, é a cabeça”, afirmou a atriz que, inclusive, comentou sobre os julgamentos que a mídia faz quando uma pessoa como Susana Viera sai com rapazes mais novos.

Cada vez mais as pessoas estão se divorciando e, quando questionada sobre isso, a atriz afirma que continua acreditando na instituição. “Não acho que o casamento tenha sido deixado de lado, foi o amor. A nova geração do contato via ligação de vídeo não tem mais paciência para dividir a sua história com o outro. Todo mundo quer casar, mas não quer amar para não se machucar”, lamentou Débora que não esconde a alegria que está vivendo em seu relacionamento.