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Sem "Deu Onda" e com "Salve a UERJ", Bailinho mostra que não tem nada de diminutivo

Festa de Rodrigo Penna foi o maior astral ontem no Boulevard Olímpico

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De murais nos banheiros a altar para Iemanjá, passando por pontos de esculturas no meio do Armazém 3 e tenda para cartomante no Calçadão Original. Esse foi o clima do começo das comemorações de 10 anos do Bailinho, o badalo de Rodrigo Penna, que rolou ontem na Arena Banco Original, no Boulevard Olímpico. Estava lo-ta-do!

O segredo? “Eu acho que o Bailinho é 'ão', mas a essência dele é 'inha'. E isso é fundamental. Aqui dentro, nós temos pessoas que trabalham com cinema, artes plásticas, teatro, DJs, profissionais da noite, grafiteiros… Tem de tudo. O Bailinho é, na verdade, um grande evento colaborativo. E é isso que dá o frescor dele. Eu sei que, na verdade, é só uma festa. Mas, para nós que fazemos, é um espetáculo, uma experiência, um acontecimento, um circo, uma peça de teatro, uma performance, uma obra de arte. Eu acho que essa história, sem pretensão, nos faz estar sempre se renovando e ousando", disse Rodrigo Penna.

Ele, aliás, recebeu o ator Lúcio Mauro Filho como companheiro de carrapetas na noite de festa. Em um setlist que foi de Frank Sinatra aos hits do momento, sem esquecer de clássicos de Cássia Eller e Chitãozinho e Xororó, o DJ idealizador consegue ser unânime na pista. "É totalmente intuitivo, cada baile é um baile. É difícil explicar o repertório, porque eu não tenho um conceito. É claro que existem músicas que eu quero trazer e outras que eu tiro porque já foram a época. Mas não posso deixar de tocar os velhos hits que o público gosta. Por isso, eu acho que tenho que ser ousado, carinhoso e, principalmente, tocar para as mulheres. Afinal, o mundo é delas e o Bailinho é para elas. O Bailinho é uma grande colcha de retalhos. Eu sei que não tem como agradar de gregos a troianos. Mas, pelo menos, eu tento fazer um carinho em todos”, tentou explicar.

A coluna, que curtiu o badalo, descobriu que têm umas faixas, digamos, malditas. O funk “Deu Onda”, por exemplo, que hoje ultrapassa os 90 milhões de acessos no YouTube e é febre nas redes sociais, não entra para o setlist do evento. “Tem um limite, nada contra. Eu entendo que é a nossa cultura popular de agora, mas não é a cara do evento. Baile de Favela, por exemplo, eu acho que é um sonzão. Mas eu não toco na festa, porque eu considero a letra machista. Só que também não há uma patrulha musical. É só questão de gosto mesmo. Eu toco aquilo com o que eu me identifico”, justificou.

Ah, e chamou atenção no Bailinho um “Salve a UERJ”, que está carecendo de repasses de recursos do governo de Pezão para manter segurança, limpeza, bolsas e pesquisas. Se festa é lugar para isso? “Tem um limite que, às vezes, a gente passa e, às vezes, não. Mas é importante. Eu sempre fui um cara que me posicionei na vida e, como artista, eu sinto a necessidade de dizer o que eu penso. E, para mim, o mundo está todo errado. Por isso eu tento mudar um pouco e devagarzinho. Eu sei que não vou conseguir resolver tudo com uma festa, mas quem sabe com uma frase?”.

Quem sabe...