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Lúcio Mauro Filho nos conta sobre seu (peculiar!) personagem na peça “5x Comédia”

Ator está em cartaz ao lado de Bruno Mazzeo, Debora Lamm e mais no espetáculo

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Lúcio Mauro Filho está tirando férias de segunda temporada de “Chapa Quente”, na qual interpreta o desastradoSargento Bigode, mas isso não significa que o ator está relaxando debaixo de sombra e água fresca, não. No auge de seus 42 anos, ele, que ganhou destaque na televisão brasileira ao interpretar o afetado Alfredinho, do humorístico“Zorra Total”, segue em cartaz com o peça “5x Comédia”, ao lado de Bruno Mazzeo, Debora Lamm, Fabiula Nascimento e Thalita Carauta. E os trabalhos do rapaz não param por aí. Além estar na segunda temporada da“Escolhinha do Professor Raimundo” e interpretar o saudoso amigo Luís Carlos Miele no filme “Elis”, Lúcio ainda da continuidade ao projeto Rio Bossa Club, que teve sua primeira edição em 2014 e retorna todas às quartas-feiras, no Salão Crystal do hotel Copacabana Palace.

Em entrevista exclusiva a HT, ele falou sobre o evento que traz de volta toda a elegância e charme de um dos gêneros musicais mais famosos do nosso país. “Nós queremos trazer de volta a bossa que exportou o Brasil para o mundo e hoje parece tão esquecida pelos próprios brasileiros. Mas nada de voz e violão. Aqui nós propomos muita diversão”, adiantou o ator. “Estamos recebendo convidados não só da bossa nova, mas também pessoas da comédia e da música em uma forma geral. A primeira edição aconteceu durante a Copa do Mundo de 2014, na Miranda, e a repercussão foi ótima. Esperamos a Olimpíada passar para a cidade finalmente conseguir dar uma respirada para recomeçar esse projeto”, adiantou.

No dia 14 de setembro, primeiro dia do evento, o ator, cantor e multifacetado Tiago Abravanel foi o grande convidado do projeto de Lúcio Mauro Filho em parceria com o músico e produtor Zé Ricardo. Com o salão lotado de astros e estrelas, o paulistano, que se apresentou de pijama e pantufas, se juntou à banda Bossa Cuca Nova e entoou músicas de Wilson Simonal, Tom Jobim e claro, Tim Maia. “A gente estreia com esse pé de coelho que é o Tiago Abravanel e no decorrer das próximas semanas teremos a presença de Samantha SchmützLuís Miranda, Celso FonsecaSimoninha… são artistas da música e da arte de representar”, afirmou ele, sentindo-se orgulhoso de poder contribuir para o resgate do gênero que exportou o Brasil para o mundo. “Essa é a nossa humilde participação para que a bossa esteja no lugar onde ela tem que estar: nos holofotes e em um lugar como esse que é o Copacabana Palace”, destacou.

No palco, Lúcio promete contar divertidas crônicas do cotidiano dos cariocas na cidade que, como diria Fernanda Abreu, é o purgatório da beleza do caos. Entre suas histórias – publicáveis, ele revelou a HT uma passagens que garantiu ser uma das mais curiosas da sua vida na urbe. “Uma vez eu levei um grande amigo para ver o desfile daApoteose. Neste dia nós desfilamos pela Beija-Flor, e depois fomos para um camarote assistir a Mangueira, que inclusive é minha escola de coração. Ele sentou na janelinha e se emocionou tanto que chegou a pular na avenida. Eu fiquei em choque, mas como era desfile das campeãs foi uma coisa mais tranquila. Fique preocupado e fui tentar procurá-lo. Quando finalmente consegui o avistar ele já estava se atracando com uma menina. Isso é Rio de Janeiro, né? Já que ele pulou na avenida, caiu no samba e descobriu uma namorada ele encontrou o verdadeiro espírito carioca”, brincou.

Já nos cinemas, Lucinho, como é chamado pelos amigos, está prestes a lançar a cinebiografia “Elis”, filme de Hugo Prata totalmente dedicada à vida e obra da cantora Elis Regina, em que a Pimentinha é interpretada brilhantemente pela atriz Andreia Horta. Dentre outras passagens, as apresentações no icônico Beco das Garrafas mostra a parceria entre a cantora e Luis Carlos Miele, que no longa é interpretado magistralmente por Lúcio. “Foi um momento muito especial da minha carreira, porque o Miele era um grande amigo. A preparação para interpretá-lo aconteceu durante os dois anos que nós dividimos o camarim no espetáculo ‘O Mágico de Oz’. Eu tenho muito orgulho de ter representado um amigo. Ele foi visitar o set de gravações antes de falecer e ainda aprovou o que viu. Nos encontramos às vésperas de sua morte, no Beco, em Copacabana. Ficou muito emocionado ao me ver caracterizado como ele. E ali foi a nossa despedida. Ele chegou até a participar do Rio Bossa Club em sua primeira edição. Se ele não estivesse partido, certamente seria um dos nossos convidados de honra”, comentou. O filme “Elis”, que já foi visto pela coluna HT no Festival de Cinema de Gramado, estreia em novembro nos cinemas de todo o país.

Contudo, o maior desafio do ator tem sido mesmo no palco, na peça “5x Comédia”. Sob o texto de Gregório Duvivier, ele interpreta um funcionário público – à la Lineu Silva, de ‘ A Grande Família’, que topa participar de uma orgia com a mulher. O problema é que ele acaba se arrependendo na hora H. “A polêmica gira em torno de onde o meu personagem está, né? Ele cai de paraquedas em um grupo que está fazendo sexo grupal e fica desesperado tentando interagir com aquilo tudo, mas descobre que não está pronto para isso. Do nada, ele resolve tomar um ar na varanda da casa e descobre que tem um vizinho que é bom de dicas. E esse cara começa a orientá-lo nesse momento. É uma maravilha estar trabalhando com Monique Gardemberg, diretora do espetáculo, essa grife do teatro brasileiro. Somos cinco amigos defendendo com garra e alegria a comédia que está nesse título”, disse ele, que ainda avaliou os diferentes caminhos do humor pelo mundo. “Em tempos em que o público pensa que stand up é o único jeito de se fazer comédia, o ‘5x’ vem para resgatar a comédia teatral, onde se interpreta personagem e o texto também”, pontuou.

Questionado sobre o cunho conservador de seu personagem, Lúcio disse que a peça além de divertir também traz uma reflexão para o público. “Ele é bem careta, assim como o machismo que pode ser visto neste homem. Você não pode controlar a liberdade da mulher numa hora dessas. Até porque machista é o mundo e a cabeça das pessoas. Na verdade ele está representando ali o machismo do próprio público. E essa é uma das funções do teatro, colocar um espelho e todo mundo se sente um pouco como ele”, apontou o ator, que ainda comentou sobre a crise política que enfrenta o país. “Era necessário que tudo isso acontecesse sim, e de preferência que o Temer caísse junto. Mas se não for possível tudo bem. A gente espera até 2018. Porque a gente cumpre a constituição, eles não”, disparou.

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