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Vem conferir o nosso papo com Gabriel Godoy, o Leozinho de “Haja Coração”

Ator comemora parceria de sucesso com Tatá Werneck no elogiado folhetim das 19h

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Gabriel Godoy está fazendo o maior sucesso como o atrapalhado Leozinho Raposão, de “Haja Coração”. O ator, que inicialmente estaria escalado para atuar em “Êta Mundo Bom”, foi capturado pelo diretor Daniel Ortiz diretamente para a trama das 19h, inspirada no clássico da teledramaturgia brasileira “Sassaricando”, de 1987, e não se arrepende nem um pouco disso. Ele, que chegou a ingressar na faculdade de jornalismo, mas largou tudo pelos bons ventos da arte, deu seus primeiros passos em peças infantis ao lado de Cíntia Abravanel, no Teatro Imprensa, em São Paulo. De lá para cá, vem ganhando cada vez mais espaço no seleto time global provando que veio mesmo para ficar. Em entrevista exclusiva a coluna HT, Gabriel contou que ainda está aprendendo a lidar com a fama, que adora as comparações com o Padre Fábio de Melo e ainda se sente grato pela oportunidade de estar interpretando um personagem ainda vivo na memória dos brasileiros.

“Estava tudo encaminhado para fazer a novela das sies, mas o Daniel Ortiz me surpreendeu com esse convite. Fiquei muito feliz e lisonjeado pelo papel, mas já deu aquele frio na barriga”, disse, aos risos. “A decisão foi da Globo. O Walcyr Carrasco e Jorge Fernando (escritor e diretor respectivamente da trama das 18h) viram que seria melhor para minha careira fazer ‘Haja Coração’, já que eu teria um papel de destaque. Achei muito legal eles pensarem no projeto de carreira”, comentou ele, que depois de viver o ingênuo Afeganistão em “Alto Astral” (2014), encara seu primeiro vilão em um folhetim.

Mas falando em vilania, Leozinho, que foi interpretado por Diogo Vilela em “Sasssaricando”, é na verdade um pilantra. Todas suas armações para tentar dar um fim na vida de Fedora Abdala, vivida por Tatá Werneck, nunca saem de seus mais absurdos sonhos. “Penso que só de fazer um personagem que já existiu, feito por um ator que admiro muito e que foi um sucesso, já tem todos os ingredientes para me encantar. É uma grande responsabilidade, mas é isso que quero na minha carreira. Adoro desafios. Fazer um vilão é uma delícia, e ainda mais com um tom cômico. Está sendo muito prazeroso trabalhar nesse registro, me divirto com as maldades e com a paixão que ele está tendo. São praticamente dois papeis, pois tem o Leozinho Raposão e o Leonardo Al-Masi (identidade real da personagem). Um desafio duplo, eu diria”, avaliou o paulistano de 32 anos, que apesar de ser fã e se inspirar no trabalho de Vilela, ainda não conseguiu uma oportunidade de fazer uma selfie com o ator. “Vi muitas cenas, mesmo, apesar de a direção dizer que não precisava ver, pois a nossa proposta seria outra. Mas sou curioso (risos). Tentei contato com o Diogo, mas não consegui. Espero que até o fim dessa novela eu tenha o prazer de conhecê-lo, pedir um autógrafo, tirar uma selfie e conversar com esse gênio”, comentou.

Mesmo com todo o sucesso que vem adquirindo através de seu talento, não existe a menor possibilidade de falar de “Haja Coração” sem comentar a dobradinha de Godoy com Tatá Werneck. Os dois têm arrancado gargalhadas dos telespectadores com cenas nada convencionais em novelas da Globo. Para o ator, a química entre o casal de amigos tem se refletido dentro e fora da telinha. “Temos muita troca. Ter um par romântico em uma novela, fazer muita cena de beijo e de envolvimento físico é muito intenso e delicado. Convivemos todos os dias e, por isso, tratamos nossa relação com muito carinho e respeito. Cuidamos um do outro. Posso dizer que o Gabriel e a Tata se dão tão bem que isso se reflete em Leozinho e Fedora. Tenho muito prazer e alegria em contracenar com ela, e é isso que alimenta minha alma para estar feliz no trabalho. Não estávamos preocupados no que iam falar ou comparar, etc… Estávamos e estamos querendo nos divertir, o que influi no resultado do nosso trabalho”, ponderou.

Com a exposição e o sucesso do trabalho, acabam surgindo fofocas, comparações, e o enorme assédio dos fãs. Mas nem sempre foi assim. A HT, Gabriel contou que muitas vezes passava despercebido até do lado de gente com quem já dividiu cena. “Me divirto e me orgulho com isso. Em ‘Alto Astral’ eu não tinha barba e usava umas roupas muito simples. Agora estou sempre com roupas extravagantes e com uma barba desenhada a la Padre Fábio de Melo”, disse aos risos, comparando os dois personagens. “O Afeganistão era em um registro de interpretação completamente diferente do Leozinho. Ele era mais poético, ingênuo. Fico feliz quando não me reconhecem”, brincou ele, explicando de onde vem sua veia humorística e as comparações com o famoso padre. “Sempre fui bem humorado, desde criança. Meu avô por parte de pai é um palhaço, meu pai e eu também somos. Deve ser genético. Acho que vivemos e estamos em um momento muito complexo, não só no Brasil, mas no mundo. O humor ajuda, anestesia, contamina. Inclusive, estou muito feliz porque estamos fazendo um novela leve e gostosa de se ver nesse momento. Quanto ao Padre, achei divertida essa comparação. Vou adorar conhecê-lo, acho o Padre Fábio uma figura muito do bem, que inclusive tem muito humor”, amenizou.

No entanto, a história de ser um anônimo é coisa do passado. Hoje, Godoy tem que rebolar para não ser reconhecido nas ruas. Não que isso seja um grande problema para ele. O ator garantiu que está adorando as abordagens dos fãs “Estou aprendendo a entender esse mundo porque é, sim, um mundo diferente do que eu vivia. Com os fãs está sendo muito bacana e tudo na hora certa. Minha primeira relação com os fãs aconteceu na porta do teatro em que eu fazia peça infantil… Depois veio o contato por conta do cinema, em seguida por causa da série e agora da TV aberta. Estou me acostumando com tudo isso. Não acho que sou um ator famoso, mas também não sou um que está começando. Estou na transição, eu diria. No que diz respeito às fofocas, eu também estou aprendendo a lidar, aprendendo a não ligar”, entregou ele, que ainda confessou ter ficado triste apensas com a notícia maldosa onde o apontaram como arrogante. “Eu já sabia que a partir do momento que eu fosse ficando uma figura popular isso iria acontecer. Eu confesso que me divirto quando inventam namoradas para mim, mas essa nota que saiu do ‘ataque de estrelismo’ me deixou muito triste. Principalmente quando o meu pai me mandou uma mensagem por celular me perguntando o que era aquilo e eu respondi: ‘Bem-vindo ao meu mundo, pai’. Estou aprendendo muito nesse sentido com a Tata Werneck, que está mais acostumada a lidar com isso.”, comentou.

Voltando a falar de trabalho, além da novela, Gabriel Godoy também estrela o elenco da série “O Negócio”, da HBO. A trama, que acabou de encerrar sua terceira temporada, invade o submundo das garotas de programa de luxo que fazem de tudo para se virar e pagar as contas na capital paulistana. Na história, o ator vive Oscar, um bon vivant que gosta de levar a vida na flauta, mas com muito luxo e dinheiro. “É um projeto que tenho muito carinho e orgulho de fazer parte. Nunca tinha feito uma série e nunca imaginei que teríamos três temporadas. É incrível você ir amadurecendo junto do personagem ao longo do tempo. Quando eu fiz a primeira temporada, eu e o Oscar (meu personagem) tínhamos 29 anos. Agora, na terceira, já estamos com 32. Você evolui junto com o projeto. É um papel cômico, também, mas em um registro mais natural de interpretação”, revelou. A série é protagonizada pelas atrizes Rafaela Mandelli, Juliana Schalch e Michelle Batista.

Apesar de tudo, o que mais impressiona é que o Gabriel não para. Além de conciliar, novela, série, teatro e cinema, o ator ainda alimenta um canal no YouTube chamado “Os Britos Também Amam”. Inspirada em séries como “Californication” e filmes como “Superbad” e “Ligeiramente Grávidos”, o produto conta, em 14 capítulos, a história de um homem de 30 anos que se nega a sair da adolescência e é obrigado a amadurecer ao descobrir que tem uma filha de 15 anos. Apesar da correria, Gabriel Godoy se disse abençoado por poder transitar por tantas vertentes com sua arte. “Tive sorte, até agora, de poder fazer ambos trabalhos sem esse problema. Mas, infelizmente, no Brasil ainda não temos a realidade dos americanos, por exemplo, onde um ator de série fica exclusivo para o produtos. Penso que os orçamentos ainda não suportam esse tipo de coisa, e aí temos que contar com a sorte. Mas ao mesmo tempo esse mercado de série está crescendo muito por aqui e tenho certeza que várias coisas vão mudar, gerando muito emprego para diversas áreas do audiovisual,” destacou ele, comentando que o que ele acredita ser um verdadeiro artista.

“Ser artista vai muito além do estar no palco ou na frente das câmeras. Penso que é como você se coloca no mundo, como você lida com as pessoas. Acho que o artista tem um poder que vai muito além de entreter que é o de transformar. Para fechar, sugiro que todos façam uma reflexão sobre o mundo que estamos vivendo. Onde nos colocamos nele e o que podemos fazer para ajuda-lo a melhorar. O mundo precisa de mais amor, precisamos fazer o bem para colher o bem. O mundo precisa de paz”, completou.

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