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Lavish - as bijuterias de Trícia Milaneze são sinônimo de sofisticação de luxo artesanal

A designer de joias fundou a marca nos EUA e, após anos de sucesso, trouxe as criações ao Brasil

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site HT esteve em São Paulo para acompanhar em uma noite de domingo o lançamento da nova coleção da Lavish, grife de acessórios de luxo de Trícia Milaneze que conquistou celebridades no Brasil e no exterior. Vocês não fazem ideia do que aconteceu no showroom da marca. Se pensam que os convidados ficaram de papinho ou apenas tomando champanhe… ledo engano. O tão almejado “see now, buy now” foi a tônica da noite. Quando Trícia tirou o pano preto que cobria as araras de brincos, anéis, braceletes e colares… foi uma verdadeira corrida ao ouro. Literalmente. O relógio marcava exatamente 18h e compradoras de Norte a Sul do país, com caixas a postos, esvaziaram as araras.

Sucesso absoluto e conferido in loco pela gente. Em menos de 20 minutos toda a coleção tinha sido vendida. Prestigiando a amiga estavam nomes como Walério Araujo, uma espécie de embaixador da marca que já desenvolveu coleções – acompanhado de sua famosa Mazé, a cachorra mais fashion do Instagram -, Fernando Pires,Eloína, dos Leopardos, que estará no longa Divinas Divas, com direção de Leandra LealMárcia Araujo Dailyn,Adriano CesconettoThiago AdornoWeider Silveiro, entre tantos outros.

Para vocês conhecerem um pouco mais sobre a marca… vamos à história. Do mundo para o Brasil, a Lavish, da capixaba Trícia Milaneze, fez o caminho contrário no mercado. Depois do sucesso em países como Estados Unidos – onde a designer de joias naturalizada americana vive -, Japão, México e outros da América Latina, Europa e Oriente Médio, a grife está cada dia mais consolidada no Brasil e se destaca no mercado nacional por seus acessórios artesanais de estilo vintage e influências modernas. O sucesso se explica: basta olhar para trás, para o começo da história da marca, que já nasceu repleta de filosofias e valores. “Eu desviei totalmente do que eu vinha fazendo, que era Direito. Mudei para os Estados Unidos e a impressão que eu tenho é que, aqui, temos mais oportunidade. Não sei, mas eu tinha mais coragem de tentar trabalhos diferentes. Queria entrar para o mundo da moda, porque eu sempre gostei. Antes do Direito, eu cursei a faculdade de Artes, mas desisti quando engravidei. Enfim, sempre trabalhei com artesanato e comecei a vender as criações de algumas pessoas: eu comercializava jeans, roupas de bebê e com muitas pesquisas conheci o crochê como bijuteria, aprendi técnicas e fui testando”, lembrou ela, que trabalhava em escritório até então.

No meio do caminho… veio a crise americana. “Os Estados Unidos entraram em recessão grave e crescemos na crise, porque entregávamos um produto diferenciado que não era caro, mas tinha valor agregado muito interessante. Os lojistas e sites acreditavam na gente, eu entregava o que prometia e, a pedidos, comecei a vender no Brasil. Passei a mostrar nos eventos varejistas daqui e, desde então, temos explodido com cada novidade sempre”, afirmou ela, que faz coleções cápsula ao longo de todo o ano. A nova? Celebra a primavera! “Me concentrei em grupos de cores para peças que amo. A principal é Twilight Rose, o rosa é a cor hit da estação, que vai estar muito na moda. Tem a Mermaid Purse, duas tendências com cores mais escuras de prata e amarelo com outro e prata, o nome é porque a mermaid purse é uma bolsa que carrega ovos de tubarões, criaturas marinhas, e não sabemos o que vai sair dali. São cores inusitadas que nunca tinha feito e ficaram divinas. Além disso, tem um grande floral, o Midnight Blossom, é mais escuro e está tendência total. E o multicolorido em uma versão nova que faz parte do Midnight Blossom e vem com uma coloração mais clara”, adiantou.

“Gosto de fazer pequenas coleções-cápsula para várias ocasiões e momentos e essa logística serve atender a necessidade de novidades”, explicou. E haja público. “Mostrando em Nova York e Las Vegas acabamos atendendo o público dos Estados Unidos como um todo. Eu fazia feiras em Paris também, que atende Europa e Oriente Médio e sempre tive showroom em Nova York, porque os clientes japoneses de lá são muito fortes”, contou Trícia, que se destaca no mercado com suas pulseiras, braceletes, colares e brincos em peças únicas confeccionados com materiais nobres como fios de ouro. O crochê é a técnica usada e tudo é ornamentado com cristais diversos coloridos e brilhantes e muitos desenhos criativos”, disse. Não à toa, suas peças já encantaram personalidades como Jennifer Lopez, Fergie, Sabrina Sato, Gabi Amarantos, Helô e Ticiane Pinheiro – que são só algumas de suas clientes.

E qual a principal diferença entre as consumidoras americanas e as brasileiras? “São muitas, enormes. Primeiro no estilo. Isso é diferente em todos os lugares. Por exemplo, o que Oriente Médio e África compram é muito diferente do que vendemos aqui. Quando fabrico para os meus eventos aqui confecciono para o consumidor brasileiro e mudo para atender o estrangeiro. Como consumidora, a brasileira e a latino americana (mexicanas, caribenhas) são mais vorazes. Elas compram mais do que uma peça. Já os consumidores americanos e europeus escolhem a dedo. Eles gostam daquilo, acham lindo, compram como peça de arte, não só adorno. Essa é a grande diferença. A mulher brasileira compra para se vestir, se veste disso, lógico que a americana também, mas ela fala daquilo, conversa sobre a arte”, analisou. Já no estilo, o que muda são as dimensões. “O americano, africano e os japoneses gostam do meu trabalho e buscam peças 3D, volumosas, mais obra de arte, mesmo. O brasileiro é mais clean, mas adora cor e tamanho – só que de maneira mais leve. Essas são as principais diferenças na minha marca, mas deve mudar para cada uma”, disse.

Unir a sofisticação de luxo artesanal a uma técnica tão delicada e singela como o crochê é essencial para o sucesso – mesmo em tempos de recessão econômica. “A crise é no mundo todo. O que temos feito é adaptar. Tenho peças mais caras e a opção mais em conta dentro da história que estou mostrando. Mas é legal ver que as pessoas estão dispostas a pagar por algo diferenciado e de qualidade, acredito. A gente faz muito evento, aposta nisso, as clientes promovem festas e eu prestigio. Sempre organizo vários trunk shows, então isso ajuda a vender a ideia. O consumidor está disposto a pagar quando sabe que tem história atrás, que aquela peça é feita para ele, não é uma máquina acontecendo. Cada artesã tem sua própria forma de tecer e isso é importante. Ainda que seja o mesmo desenho, os mesmos materiais, a mesma técnica, nunca existirão duas peças iguais feitas por pessoas diferentes. Cada joias tem a impressão digital da artesã e esse é o diferencial que transforma o artesanato em arte e que faz com que as clientes sintam como se aquela peça tivesse sido especialmente para elas e eu faço questão de mostrar sempre o trabalho das pessoas envolvidas porque o conceito está ai, mas o trabalho manual é impressionante. Acho que quando a gente consegue vender a história é mais fácil passar pela crise”, analisou.

E haja história. Instalada no bairro de Mirandópolis, na capital paulista, a fábrica atende o mercado nacional e internacional. As peças vendidas são enviados para Fort Lauderdale, na Flórida, de onde são distribuídos para todo o mundo e diversos pontos nos Estados Unidos. Desde 2012, a Lavish vem expandido a atuação por todo território nacional e atente clientes e boutiques por revendedoras, além, é claro, de participar de eventos de luxo e feiras de negócios em todo o Brasil. “São mais de 30 pessoas comigo, só na fábrica tem 25, tem mais 10 fora… e o trabalho que eu faço é de mulher para mulher. O único homem é o office boy e as únicas máquinas que temos na empresa são os computadores e a de café. Tudo é feito à mão, minuciosamente, por uma mãe de família, uma menina, uma senhora, que vem, aprende e faz para outra mulher. Eu sou uma mulher levando isso para o mundo. É o poder feminino fazendo história, mercado, moda”, comemorou.

E Trícia vive na ponte aérea Miami-São Paulo, afinal, coordena a fábrica no Brasil e dirige toda a criação de suas coleções. “Eu tomo conta da empresa aqui, venho para o Brasil todo mês, acho que fiz o caminho oposto e isso foi muito legal. Eu venho com a consolidação de tantos anos de trabalho fora, que foi bem feito e as pessoas me reconhecem, sabem que sou séria. Venho de lá com essa história, acho que isso também foi muito importante para a consolidação da marca no Brasil. O produto é importantíssimo, claro”, analisou ela, que credita o sucesso à equipe talentosa. “Eu desenho mas sempre tive um time de designers. São estilistas que me ajudam no controle de produção, supervisão, e eu digo o que quero. Elas dão o toque e eu aprovo. E ainda cuido da parte administrativa”, garantiu.

Antes, ela dividia a responsabilidade com o irmão, Gervásio Milaneze. “Hoje ele é meu apoiador, já tem um ano que eu assumi a gestão completa da empresa. Ele vem aqui, me ajuda, é meu irmão mais novo – quase como se fosse um filho e foi o fundador junto comigo. No último ano, eu investi em tecnologia empresarial, sistema e hoje minha empresa é toda controlada online. Tenho tudo contabilizado por cada peça. Isso me ajuda a controlar. É difícil, mas eu tenho um grupo de funcionários que estão comigo há anos e são maravilhosos”, assegurou.

Além dos funcionários, Trícia tem parceiros de vida, como é o caso do estilista Walério Araújo. “Ele é um amigo maravilhoso, um irmão, uma pessoa que sempre me deu apoio. Nos conhecemos por que ele gostou do meu trabalho e eu comecei a fazer peças para os desfiles dele na Casa de Criadores. Essa amizade foi crescendo e ele está comigo mesmo. Assina coleções cápsula, opina, briga, adora unir o meu trabalho ao dele. A gente se ajuda”, explicou, acrescentando: “Ele faz parte da história da Lavish, assim como meu irmão. A última coleção que ele assinou foi a do Dia das Mães, mas ele usa meus elementos de patchwork para fazer roupas dele, camisetas, jaquetas… tudo em parceria. Ele realmente caça peças para fazer o que ele tem na cabeça, está sempre inovando”, elogiou.

E, afinal, o que significa “Lavish”? “Eu estava começando e queria um nome que significasse luxo, exuberância, mas não algo como ‘chique’ ou ‘luxo’. Então, umas amigas falaram que existe essa palavra em inglês que é pouco usada. Lavish é abundância mesmo. No meu mercado é esse luxo extravagante. Se você pegar foto do que é Lavish vai ver barras de ouro, ostentação. Isso que eu queria dizer, mas não sabia como. Eu sempre quis expressar algo com a coleção, com o nome, com a minha vida…”, explicou. Precisamos dizer mais?