Nos idos da década de 80, um casal de irmãos, meio que entediado no quesito brincadeira, foi buscar socorro na criatividade (e boa vontade) de seus respectivos pai e avô. A menina pediu uma casinha de bonecas, enquanto o menino foi além e sugeriu um conjunto de castelos – com direito a trenzinhos em miniatura. Pedidos feitos, pedidos aceitos. O palco dos novos, digamos, empreendimentos infantis foi o jardim em frente ao hotel Ritta Höppner, emGramado, na Serra Gaúcha. Mas o avô, responsável pelo negócio hoteleiro e visionário que só, pensou com um toque de ousadia: quando as crianças crescessem, o que fariam com as pequenas construções? Foi quando decidiu já construir o conjunto de castelos imaginando dividi-los, posteriormente, com os hóspedes do hotel em forma de um serviço de lazer a mais. Por isso, além dos castelos, uma pequena cidade em miniatura, ao ar livre, ganhou forma com um diferencial: recriando cenários de pontos turísticos famosos – europeus e brasileiros. Nascia ali uma parada obrigatória para quem frequenta Gramado: o Mini Mundo.
E foi exatamente no destino que HT baixou durante seu tour pela cidade gaúcha – depois de conhecer o Museu de Cera. O espaço, logicamente, foi ampliado, ganhando uma rua lateral do hotel Ritta Höppner e uma fachada de castelo medieval, com tijolos e bandeirinhas. Na recepção? Uma moça devidamente trajada com a bruxa Ju. Simpática, a recepcionista do Mini Mundo é o inverso do que se imagina do personagem que voa em vassoura, usa chapéu pontiagudo e vestido roxo. Lá, ela tem a missão de distribuir o jornal local Notícias do Mini Mundo, preparar os turistas e tem o dom e a missão de proteger as famílias. Explica-se: a ideia é proporcionar um tour por um mundo completamente diferente. Por isso, criaram moradores – e até prefeita. A diferença, além do mundo fictício, está principalmente no tamanho: tudo é 24 vezes menor do que a realidade.
Por lá, se encontram versões mínimas – e com farta riqueza de detalhes -, da Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto (MG), a Estação Ferroviária de São João del Rei (MG), o Museu da Luz de São Paulo (SP), o Aeroporto de Bariloche (Argentina), a Cordilheira dos Andes (Argentina) e ícones da arquitetura mundial como o Castelo de Lichtenstein, a Igreja de Stuttgart-Berg, a Central Elétrica de Eisfeld, a Igreja de Wassen, a Prefeitura de Alsfeld, a Torre de TV Hamburg e por aí vai. Tudo dividido em sete estações (batizadas de A a G) encaradas como complexos – que são intercalados pelo Relógio da Floresta Negra, o Poço dos Desejos, a Casinha das Bonecas, o Corredor da Fama e o Memorial Otto Höppner, por exemplo.
Entre um ponto turístico e outro, o conceito de cidade do Mini Mundo ganha força e mais entendimento com as ações cotidianas que vão surgindo. Exemplos? Perto da miniatura da Usina do Gasômeto…o trânsito foi interrompido pela presença de um objeto estranho. Com a ajuda de bombeiros, guardas e motoristas – todos bonecos em miniatura, of course -, a organização ajuda a conferir esse status de cidade reduzida aos turistas. E tem mais: os minimundenses, como se chamam os nascidos no Mini Mundo, têm suas vida expostas – como a boa realidade – no jornal da cidade que cada frequentador ganha ao entrar. Maria Fujona, por exemplo, abandonou seu lar em nome do grande amor de sua vida, Filogônio Soares. Detalhe: usando lençóis – à la Rapunzel. Tudo logicamente, à vista dos visitantes.
Entre acidentes de trânsito e incêndios (para entrar no clima: Dona Boló Tynha, uma minimundense, sofrendo um sério problema de sonambulismo, ateou fogo na próxima casa, localizada em uma área nobre), o Mini Mundo, além de uma dose carregada de passeio lúdico para as crianças, atrai muitos adultos – enquanto HT esteve por lá, a proporção de marmanjos sem companhia dos pequenos era infinitamente superior.
Entender o movimento é fácil: tamanha perfeição de castelos, aeroportos, museus e igrejas, o que desperta o interesse de qualquer idade. Ah, e com um plus: os trens, que fazem longos percursos em ferrovias, são – disparados – os queridinhos de quem por lá passar. Palavra de quem foi ouvido pela reportagens, em discurso praticamente uníssono.
No Mini Mundo, tudo é feito à mão. O que permite detalhes curiosos. À frente da Igreja de São Francisco de Assis, por exemplo, há tapetes tradicionais de Corpus Cristhi. Quando minimundenses fizeram um protesto, até faixas com dizeres de ordem – tudo, sempre é bom lembrar, 24 vezes menor do que o normal -, erguidas. Isso sem contar com os chafarizes, as escadas nas casas, janelas, gramas, lagos, ruas, faixas de pedestre, vegetação, postes de iluminação e por aí vai. Isso quando alguma miniatura não é construída com a mesma matéria-prima do ponto turístico em questão.
Ah, e já que estamos falando de uma mini-cidade que tem até partidos políticos – o PDMM (Partido Democrático Mini Mundense) é um deles -, contar que levantamos todas essas informações acompanhados de um limpador de chaminés (este de carne e osso) que, segundo um lenda alemã, traz sorte, é relevante?
Dica: no Mini Mundo, qualquer detalhe é primordial. Até porque, são nos pequenos frascos que estão os melhores venenos. Ou, nesse caso, as melhores surpresas.