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No Prêmio Multishow, Anitta mostra poder sob a bênção de um exército pesado

E mais: os golaços e bolas fora marcados pela premiação, realizada ontem (3), na HSBC Arena

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Os olhares da plateia repleta de celebridades eram de completa surpresa: das arquibancadas do 'estádio' em que foi transformada a HSBC Arena, ouvia-se de forma uníssona, antes da cerimônia do 20º Prêmio Multishow de Música Brasileira, os versos de 'Show das Poderosas'. Parecia, a princípio, que seria uma noite de disputa com uma campeã já condecorada por um exército pesado de fãs. Paulo Gustavo e Ivete Sangalo até tentaram transformar o clima da premiação em uma disputa acirrada, mas, da voz dos 'torcedores', só um craque motivava os 'gritos de guerra': Anitta.

Mas, como todo artilheiro que se preze, a 'poderosa' da noite também não deixou de dar suas 'caneladas', compensando o golaço marcado ao vencer as categorias 'Música-Chiclete' (com 'Show das Poderosas'), pelo Júri Popular, e 'Melhor Clipe' (também com 'Show das Poderosas'), pelo Júri Especializado.

E assim como Anitta, outros personagens também protagonizaram lances que mereciam replay em meio a outras jogadas nem tão inspiradas. Abaixo, listamos o que foi 'bola fora' e o que foi 'golaço' em mais uma edição de um dos prêmios de música mais prestigiados do país:

Golaço!

- Identidade visual: os paineis de led dominando a estrutura da arena, transformando o espaço em um Maracanã musical e high-tech trouxeram sofisticação a uma cerimônia que, por diversas vezes no passado, já pecou pela simplicidade extrema em sua ambientação.

- A eficiência do Skank: com a destreza de quem pratica o esporte há décadas, os mineiros abriram muito bem a noite de premiação, com uma performance segura e empolgante do hit 'É uma partida de futebol'.

- Paulo Gustavo & Ivete Sangalo: noves fora problemas de direção e roteiro, a dupla, mais uma vez, mostrou entrosamento supremo, sem dar espaço para o marasmo ou qualquer sensação de tédio a quem acompanhou a cerimônia (mesmo diante de dificuldades técnicas); destaque também para o look arrasa-quarteirão de Veveta.

- Cacau Protásio & Samantha Schmütz: sucesso absoluto com o seriado 'Vai Que Cola', as duas foram recrutadas para dar ainda mais nuances rasgadas de humor à entrega dos prêmios. Um acerto da direção, mesmo que, em alguns momentos, a participação da dupla fosse desnecessária. Cacau e Samantha seguraram com tranquilidade a responsabilidade de dividir holofotes com os apresentadores oficiais.

- Júri Especializado e Super Júri: a manutenção de julgadores 'profissionais' é correta, ainda mais diante do papel interessante que estas pessoas íntimas do mercado musical podem ter de apresentar novos (e ótimos) nomes ao grande público.

- Péricles & Thiaguinho: reunir, mais uma vez, dois nomes tão importantes de um gênero tão difundido como o pagode, soou como uma 'sessão nostalgia' para quem estava na arena (e para os telespectadores também), relembrando sucessos antigos e recentes do Exaltasamba. Um brinde oportuno a um grupo tão querido.

- O show arrebatador de Anitta: ame ou odeie, torça ou inveje, não adianta. É preciso reconhecer que a 'poderosa' do momento demonstra, no palco, uma segurança atroz, preparo físico e vocal invejáveis e um domínio de público notório. A melhor performance da noite, sem dúvida, foi dela.

Bola fora!

- Roteiro + direção + som: mais uma vez, quesitos técnicos atrapalharam a premiação, como a falta de coesão no texto de Paulo Gustavo e Ivete Sangalo (atrapalhados por um telepromter completamente disrítmico) e as falhas sonoras durante algumas performances, como as de Zezé DiCamargo & Luciano + Paula Fernandes e Marcelo D2 + Cone Crew Diretoria, simplesmente sofríveis.

- Anúncio dos indicados: como uma premiação de música não apresenta trecho das canções indicadas a cada categoria? Como uma premiação de 'Melhor Clipe' não exibe no telão uma parte dos vídeos indicados? Como uma categoria de 'Novo Hit' não apresenta as novidades indicadas ao público? Falha grave.

- O fôlego do Naldo: visivelmente fora de forma, o 'Chris Brown brasileiro' ficou devendo, e muito, durante sua performance no palco da arena. Ele até tentou, por diversas vezes, acompanhar o ritmo de seu time de dançarinos. Mas, no fim, faltou voz, faltou coreografia e faltou, principalmente, fôlego para o medley com seus (quatro) sucessos.

- Discurso da Anitta: fenômeno do momento, a mocinha precisa de um media training urgente. Ao tentar exibir uma espontaneidade genuína, foi grosseira ao perguntar se a medalha conquistada era de ouro (para poder derreter depois), além de sugerir que havia combinado previamente com Ivete para que seu nome fosse anunciado como vitorioso na categoria 'Música-Chiclete'. Em outro momento, agradeceu à 'invejosa' que a motivou a pautar seus hits com a temática do recalque. Soou artificial demais para quem pretendia demonstrar bom humor e naturalidade.

- Medalhas: por mais bem intencionada que fosse, a ideia de transformar os troféus em medalhas concedidas aos campeões foi um tiro no pé. Perdeu-se o glamour da láurea e, ainda por cima, algumas se soltaram do frágil fio que as prendia, quando entregues aos contemplados.

- Apatia da plateia: em qualquer lugar do mundo, seja em um show ou um aniversário no play do prédio, os aplausos são sinônimo de respeito e reconhecimento diante de alguma celebração. O marasmo que tomou conta do público de celebridades e anônimos-que-pensam-que-são-celebridades, ao menos, foi contrastado pelo sangue nas veias dos 'arquibaldos'.

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