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'Avenida Brasil': Suelen, Cadinho e o moralismo torto do povo brasileiro

Enquanto um quarteto amoroso é encarado com humor e leveza, jovem triângulo é visto com ressalvas

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Com humor, João Emanuel Carneiro, autor de 'Avenida Brasil', decidiu tratar a poligamia na já consagrada trama do horário nobre da Globo. Em uma primeira frente, com Cadinho (Alexandre Borges) e suas três mulheres, Alexia (Carolina Ferraz), Verônica (Débora Bloch) e Noêmia (Camila Morgado), que, antes cada qual em sua devida casa, desfrutavam da boa vida que o ricaço lhes dava, até o momento de sua falência, quando as três mosqueteiras se reuniram sob o mesmo teto, ao lado do ex-garanhão poderoso, agora paupérrimo.

Mas nem só de Cadinho viveu 'Avenida Brasil' ao abordar relacionamentos inusitados: o triângulo formado por Suelen (Isis Valverde), Roni (Daniel Rocha) e Leandro (Thiago Martins) também chamou atenção, mas sem a mesma carga de humor do outro núcleo, apesar de ter como integrante a periguete mais venerada e bem humorada do país.

Durante todo o desenrolar do imbróglio de Suelen e seus dois jogadores, foi cogitada, do lado de cá da telinha, qual seria o futuro desta relação. Mas, com um elemento a mais em relação à expectativa em torno do futuro de Cadinho e suas peruas: o do receio em torno do que estaria por vir. Roni, enfim, se assumirá homossexual? E Leandro, não somente saberá da paixão de seu amigo por ele, como também se descobrirá apaixonado por Roni? Suelen viverá em meio à paixão dos dois?

As especulações em torno do futuro do jovem triângulo sempre foram mais fortes do que a boataria sobre o destino de Cadinho. Motivo? O moralismo torto que rege, infelizmente, nossa sociedade. Pois, pelo simples fato de Roni e Leandro serem dois homens, sua estranha estrutura amorosa soa 'mais estranha' que a de Cadinho, ladeado por três mulheres. 

A presença da homossexualidade em um núcleo, em contraponto à heterossexualidade com alta carga de virilidade no outro, transforma o desfecho feliz de Roni, Leandro e Suelen (juntos e com uma leve mensagem subliminar de reciprocidade de sentimento entre os dois amigos, o que deve ocorrer no capítulo final) em alvo de comentários nas ruas, como o de uma senhora tijucana, que ao comentar com uma amiga, considerou 'desnecessário' o triângulo dos dois rapazes com a maria-chuteira. 

Infelizmente, não pude perguntar se ela acharia 'desnecessário' o triângulo se, em vez dois mocinhos e uma boazuda, a configuração se desse com duas boazudas e um mocinho. Provavelmente, a resposta viria com uma tirada de humor 'normal' como a poligamia de Cadinho.

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