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Criolo e Emicida: rappers bombam na música e trazem o ritmo para fora dos guetos

Cantores conquistaram o grande público e se preparam para alcançar mais pessoas com DVD em parceria

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Durante a década de 1990, os grandes representantes do rap no Brasil eram os grupos Planet Hemp, carioca, e Racionais MC’s, paulista. Ambos ajudaram a consolidar por aqui a presença do ritmo surgido na Jamaica, em 1960, e levado para os guetos norte-americanos dez anos depois, aproximadamente. Com letras políticas, engajadas e, muitas vezes, polêmicas, tanto o Planet - que chegou ao fim em 2001 e se prepara para uma turnê de reunião ainda neste ano -, quanto os Racionais alcançaram fatia considerável da juventude, tiveram boas vendagens de álbuns e deixaram uma marca indelével na música brasileira.

Mas nem o grupo natural do Rio de Janeiro, liderado por Marcelo D2, nem aquele da periferia de São Paulo, fundado por Mano Brown, conseguiu alcançar tantas pessoas, e de uma forma tão democrática, quanto Criolo e Emicida. No solo preparado por seus antecessores, incluídas aí outras influências importantes no gênero, como MV Bill e os grupos Sistema Negro e DMN, os dois rappers, cada um a seu modo, têm construído carreiras de sucesso e, mais do que isso, cumprem com excelência a missão de trazer o rap dos guetos das grandes cidades para os centros delas, onde, geralmente, tudo o que está errado no mundo fica de lado, dando lugar à pressa, ao egoísmo e à vontade das pessoas de cumprir as atividades e ir para casa no final do dia.

Criolo já está na estrada há mais de duas décadas, mas só se tornou conhecido fora do eixo paulista quando lançou o segundo álbum de sua carreira, Nó na Orelha, em 2011, que ganhou os prêmios de Melhor Disco e Melhor Música, por Não Existe Amor em SP, no VMB 2011, cerimônia na qual o rapper também levou na categoria de Artista Revelação. Emicida também é de São Paulo e 10 anos mais jovem que Criolo, fator que não o impediu de chegar sacudindo o mundo musical com o poder de suas rimas, em 2009. No mesmo VMB em que Criolo foi agraciado com três estatuetas, Emicida faturou nas categorias de Artista do Ano e Videoclipe do Ano, por Então Toma!. Cinco estatuetas para o rap em uma premiação de música brasileira? Sim. E muitos disseram: “Mas isso é onda que dá e passa...”. Pelo visto, vai demorar a passar.

Na edição de 2012 do VMB, realizada na última quinta-feira (20), o rap levou, mais uma vez, em cinco categorias: Videoclipe do Ano, por Mil Faces de Um Homem Ideal (Marighella), dos Racionais MC’s; Melhor Disco, por Sintoniza lá, do Bnegão e Seletores de Frequência; Melhor Música, por Dedo na Ferida, de Emicida; Revelação, com Projota e Melhor Artista Masculino, na qual Criolo foi o escolhido.

O que isso significa? Não é difícil de entender. Com a ajuda da internet, o rap melódico de Criolo e as rimas provocativas de Emicida atraíram a mídia e o público, em geral, e os dois representantes do até pouco tempo “ritmo do gueto” não se negaram a tornar seu trabalho cada vez mais conhecido. Perceberam que é muito melhor mostrar todos os questionamentos de suas letras para a patricinha, jovem alienado, empresário, e conscientizá-los, do que limitar a difusão de ideias. Assim, conquistaram a massa, lotando casas de shows, fazendo apresentações juntos e, acreditando no poder da união, gravaram um DVD em parceria neste mês, que deve ser lançado em 2013. Criolo e Emicida colocaram o rap na linha de frente da MPB e “quem tá na linha de frente não pode amarelar”. Esse é o caminho. 

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