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#Day1 SPFW: do Daktari da Animale aos 80's com Boy George de Herchcovitch

Alexandre Schnabl fala ainda sobre as coleções de Tufi Duek, FH por Fause Haten e Triton

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O primeiro dia da SPFW começou bem. A Animale resolveu brincar de Daktari e inventou um safári notívago, com direito a uma verdadeira selva urbana, usando animal prints sob a ótica da noite. Ficou original e fez sentido. Afinal, a mulher desta grife carioca é poderosa e gosta de roupas para causar de dia e, quem sabe, usar seus modelitos para caçar depois do pôr-do-sol, preferencialmente em baladas chiques e sexies. A marca trouxe, portanto, looks com pegada minimalista, bem noventinha, adaptados para a realidade arrasa-quarteirão da sua consumidora. E, se o tema é safári, pode esquecer os gnus, guepardos e elefantes. Na passarela, poderosas leoas - Rosie Huntington-Whiteley, Lais Ribeiro, Isabel Goulart, Shirley Mallman, Aline Weber, Barbara Berger, Daiane Conterato e Gracie Carvalho, entre outras - reinventaram a savana africana, incrementadas por lindas estampas de zebra, tartaruga, crocodilo e leopardo, criadas a partir de folhas de eucalipto, mate e amora. O que se viu, afinal, foi uma coleção com pegada minimalista, dentro que se poderia chamar de minimal na Animale, tendo a seda como base em várias versões - palha, malha e rústica. E uma bela cartela de cores, com predominância de amarelo, colorau, preto e verde, que fez o dever de casa direitinho, evocando o colorido queimado e seco da vegetação de savana.

Em seguida, Alexandre Herchcovitch apresentou sua coleção feminina e mais delicada do que nunca. Tendo como pano de fundo os sucessos de Boy George, quando este liderava o Culture Club, os looks apresentaram aqueles exageros oitentistas que marcaram a imagem do cantor, desde os composés de maxi xadrezes, passando por laços, corações, chapéus e outras fofices mais. O estilista usou e abusou dos cetins e sedas em modelagens preciosas, além de brincar com xadrezes em versões diversas, com estampas de corações sobre eles, grafismos, maxi obis, clutches quadriculadas com aplicações, tudo em formas amplas e soltas. Soltas, aliás, como mandava o figurino na época em que Boy George liderava as paradas de sucesso. 

Eduardo Pombal, estilista da Tufi Duek, trouxe às passarelas um desfile minimalista, que teve como fio condutor uma espécie de laisie. Na primeira parte do desfile, pontificaram looks em amarelo-lima, branco, off white e verde cana, tudo bem suave e delicado. Formas leves e fluidas contracenavam com outras mais armadas, dentro do se poderia de esperar do espírito da marca, que prima por um estilo seco e urbano, mesmo quando envereda por temas étnicos e regionais. As terminações das saias, com cascatas de babados estilizados em material translúcido, quase futuristas, foi um acerto. A segunda parte, mais pesada, teve cartela de cores em tons fluor e preto, mas a poesia não se perdeu. Pelo contrário. Continuou pontuando o show, embalado por bela música minimalista.

 Os desfiles de Fause Haten sempre têm a capacidade de render belas imagens que, quando publicadas nos jornais e revistas, realçam a plasticidade de seu trabalho. Desta vez, como nao poderia deixar de ser, não foi diferente. Fausen gosta de flertar com a arte e curte misturar canto ao vivo, performance e poesia com o seu trabalho em apresentações inusitadas. Para este Verão 2013, ele trouxe, para sua FH, um quinteto musical ao vivo liderado pelo poderoso gogó de Paula Lima. E, sublinhando tudo, uma visão luxuosa da África, em mais e mais vestidos de festa, quase sempre feitos com fitas, em resultado perfeito para quem quer a-rra-sar! Alguns desses vestidos, sobretudos os longos, foram acertos. Mas, sem dúvida, as africanas chiques de Fause vieram pra brilhar dentro e fora das passarelas e, se despirmos as perucas black power e os maxi colares que interpretam os adornos de pescoço das mulheres-girafa, teremos peças que vão agradar em cheio as mulheres que fazem da vida uma ópera-rock!

A Triton continua fazendo bonito na SPFW e parece ter encontrado a mão desde que Karen Fuke assumiu as rédeas da criação, evoluindo a cada temporada. O desfile se deu em três partes distintas, que não destoavam uma das outras no final, quando todas as modelos fazem a famosa fila. Sim, apesar dos três blocos, havia harmonia no conjunto. A primeira parte, com estampas abstratas que revelavam uma leitura arquitetônica, trouxe peças cheias de dobraduras que revelavam cores - caqui, cinza, verde musgo e marinho-, com lapelas contrastantes e outros recursos bem aproveitados. Na parte central, montagens em jacquards com estampas florais orientais, em rosa, coral e fios dourados, imprimiram leitura japonista, em resultado que lembra, um pouco, o desfile da Oh, Boy! no Fashion Rio, há duas semanas. E a parte final, com looks que misturavam estampas gráficas fortes com partes lisas, em azul, roxo, preto, verde e coral, fechou bem o show e a noite. 

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