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Moda para quem não é da moda

A influência da São Paulo Fashion Week nas diferentes tribos de São Paulo

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Em meio aos gramados infinitos, milhares de árvores e o balanço das águas do lago do Parque do Ibirapuera é impossível não reparar nas dezenas de construções de arquitetura apurada, como o MAM, a Oca, o Auditório Ibirapuera e, ah claro, aquela grandona ali, a Fundação Bienal. Para você que está acompanhando a SPFW com a gente, falar assim do prédio que abriga a maior semana de moda da América Latina pode soar estranho, mas acredite que a maior parte das pessoas que atravessa os portões do Ibirapuera em uma tarde de sábado não liga muito se lá dentro estão pinguins ou a Gisele Bündchen. Perto dos balanços e escorregas encontramos Silvia Abravanel e sua bicicleta encostadas em um tronco de árvore comemorando junto da família o crescimento de 36% na audiência das manhãs do SBT, dedicada inteiramente às crianças. "Somos o único canal que tem um núcleo infantil. Nosso objetivo é fazer com que as crianças sejam crianças", disse antes de responder às nossas dúvidas da semana. Saber qual é a tendência mais fresquinha para o Verão é realmente o que todo mundo busca durante uma semana de moda? Será que o que acontece nas salas de desfile muda a vida do resto do mundo? 

“Acho legal ver o que acontece na semana de moda porque é a chance de descobrir coisas novas, coisas que nunca vimos. Geralmente a influência no dia a dia das pessoas vem em forma de sustos com o que tem de diferente lá dentro. (risos) Sempre trago algumas tendências para a minha vida, mais cedo ou mais tarde. Mas acho que o evento não afeta em nada a vida dos "civis".” Nayara Pacheco, estudante.

“Acho que no nosso país essas tendências mostradas na SPFW não chegam às ruas, a não ser através das pessoas da moda. A grande população não se importa em andar com as mais recentes tendências, como acontece no exterior. Além disso, o corpo da mulher brasileira é muito diferente do das modelos estão na passarela. Eu costumo gostar de algumas coisas, mas não sou escrava da moda. Acho que cada um deve fazer a sua própria moda. Prefiro aplicar meu dinheiro em coisas mais importantes, como viagens com a minha família.” Silvia Abravanel, diretora do núcleo infantil do SBT.

“Acho divertido ver os desfiles e todas as tendências que surgem, mas acho que há um certo exagero quando vejo que milhões são gastos na produção de um evento ou um desfile enquanto existem tantas pessoas no mundo carentes de outras coisas. Dos 14 aos 16 anos eu me importava mais com roupas e marcas. Hoje, se for comprar uma calça, fujo daquelas que são as mais procuradas nas lojas. Gosto de cuidar da minha aparência, mas não sou escravo da moda e modismos, não vivo de aparência. É tudo muito superficial.” Julio Cesar Pinto, estudante.

“Vim para São Paulo a trabalho por uma semana. Meus amigos, lá no Japão, que me contaram sobre a Fashion Week, é muito famosa por lá. No mundo todo, aliás. Não influencia diretamente a minha vida, já que trabalho com comércio internacional, mas reconheço a importância das semanas de moda. Até porque, gosto de me vestir bem e invisto boa parte do meu salário em roupas.” Shu Tomita, empresário.

“Não temos essa neura de estar sempre na moda. Claro que gostamos de estar antenadas, mas não somos escravas da moda. Mulher sempre compra muito, por mais que não precise, mas não vamos ao shopping para ver o que tem de novo. Somos mais da galera que estava por aqui ontem, na maratona (risos).” Adriana Fernandes Cecília Florindo, contadoras.

“Para mim não faz diferença se está acontecendo o evento ou não porque meu salário no final do mês é o mesmo, né? (risos) Não acompanho essas novas modas porque sou muito básica. Gosto de cores neutras, não gosto de usar vestido  e nem dessas estampas xadrez que todo mundo está usando.”  Sônia Rosa Santos, vigia.

“Durante a SPFW sinto como se estivesse entrando em um imenso set, com muitas coisas que tenho vontade de fotografar. Para trabalhar é ótimo. Apesar de não existir nenhum dresscode especificado no convite, durante a semana de moda não uso as minhas roupas normais. Se pudesse, estaria com o meu bom e velho training agora. Prezo muito pelo conforto e só invisto em peças que não me incomodem.” Sérgio Valle Duarte, fotógrafo