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Técnica x Coração

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A França está mais descansada e, tecnicamente, é mais time que a Croácia. Isso, entretanto, pode não ser o bastante para garantir aos franceses o bicampeonato mundial. Finais são jogadas com o coração e, muitas vezes, os mais talentosos sucumbem aos nervos na hora da verdade e acabam superados por adversários tecnicamente inferiores, mas com doses cavalares de determinação e coragem. 

Pelo lado croata, Modric, Mandzukic, Perisic, Subasic e seus companheiros já provaram ter nervos de aço em três prorrogações e duas decisões por pênaltis. Algo que a turma de Mbappé, Griezmann, Untiti e Pogba ainda não provou nesta Copa da Rússia, onde venceu sempre nos 90 minutos regulamentares. Se houver a necessidade de um tempo extra para decidir o título, a Croácia está mais escolada. Mas, em compensação, bem mais desgastada... 

Minha grande curiosidade nesta final é em relação ao jovem e promissor Kylian Mbappé, forte candidato ao título de melhor jogador do campeonato. Para que o conquiste, entretanto, precisará provar que, apesar da juventude, tem condições psicológicas de se portar com a frieza de um veterano e decidir o jogo – com gols ou passes preciosos para os companheiros balançarem a rede.

Luka Modric, craque do meio-campo do Real Madrid, é outro que tem talento e coração suficientes para desequilibrar a final e acabar eleito o melhor jogador da Copa. Mas vem alternando boas e más atuações na Rússia e no gigante espanhol nunca chegou a ser protagonista. Voltará ao Bernabéu como tal? Não custa lembrar, o posto está vago, com a saída de Cristiano Ronaldo. 

Na disputa pelo terceiro lugar, com vitória da Bélgica sobre a Inglaterra, dois outros grandes jogadores se credenciaram, como azarões, ao posto de craque do Mundial: De Bruyne e Hazard. Como joga bola essa dupla! Mesmo numa partida morna, como costumam ser sempre as disputas pela terceira colocação, os dois conseguiram armar lindas jogadas, garantindo aos belgas o título moral de “colírio da Copa”. Ninguém jogou um futebol mais bonito nos gramados russos. Se nenhum dos finalistas se destacar, hoje, quem sabe?

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Falando em futebol bonito e em craque da competição, impossível não lembrar de Neymar e da seleção de Tite. Que decepção e que lição! Não adianta nada encantar nas eliminatórias sul-americanas e depois se enrolar com os europeus – até com os de segundo escalão. Muita coisa precisa ser repensada para o Mundial do Catar, daqui a quatro anos. E como seria bom que isso tudo começasse com uma séria reflexão e uma radical mudança de postura de Neymar, o maior derrotado da Copa da Rússia.