ASSINE
search button

É bom botar as barbas de molho

Compartilhar

O Campeonato Brasileiro deste ano está tão equilibrado que, após sete rodadas, o Vasco – no momento, o carioca em pior posição na tabela – está praticamente na mesma distância da zona do rebaixamento e da primeira vaga para a Libertadores. Três pontos o separam do sexto colocado, dois pontos, do décimo sétimo. É cedo, portanto, para previsões radicais, sejam otimistas ou pessimistas. Mas, pela bolinha murcha que andam jogando, é bom Vasco e Botafogo colocarem as barbas de molho. 

Derrotar o Vitória, no Nilton Santos, era obrigação para o time de Alberto Valentim. Mas em momento algum da partida o alvinegro produziu o mínimo necessário para isso. Sofreu um gol numa falha grosseira do goleiro Jefferson e empatou numa jogada casual, nascida de um chutão para frente, do mesmo Jefferson, pegando a zaga baiana desprevenida e permitindo o empate através de Kieza. 

Enfrentando o América Mineiro e o Vitória, nas duas últimas rodadas, dois adversários tecnicamente mais fracos que ele, o Botafogo somou somente um ponto. Difícil ser otimista diante disso. 

Já o Vasco ganhou apenas uma vez nas últimas cinco rodadas - perdeu duas e empatou as outras duas. Rendimento de quem briga pra não cair. Seu desempenho diante do Bahia, na Fonte Nova, uma vez mais, deixou muito a desejar. Para piorar, Kelvin sofreu nova contusão muscular. Vai ser cada vez mais dura a vida do técnico Zé Ricardo. O único alento é ter o lanterna Paraná como próximo adversário. Em São Januário. Mas se não vencer... 

Quem diria 

Se Vasco e Botafogo já começam a enfrentar dificuldades que eram previsíveis, no início da temporada, a dupla Fla-Flu surpreende positivamente. Quem apostaria que, após sete rodadas, Flamengo e Fluminense ocupariam as duas primeiras posições na tabela? É muito cedo, porém, para soltar foguetes. 

Até porque, embora esteja bem armado e jogando um futebol veloz e eficiente, o Fluminense não tem um elenco forte o bastante para enfrentar, sem sustos, a maratona que vem pela frente e as possíveis negociações de seus melhores jogadores – Pedro, por exemplo. O normal seria não vender ninguém agora, mas a penúria é tal nas Laranjeiras que qualquer proposta do exterior será muito bem-vinda. Por mais que complique a vida de Abel. 

No caso do Flamengo, o grupo de jogadores é mais forte e o clube economicamente mais poderoso, mas a instabilidade típica de suas atuações na temporada e o comando inseguro de um técnico em início de carreira jogam contra. Isso sem falar na possível saída de Vinícius Jr., no meio do ano. Caso isso aconteça, o pouco que existe de talento no ataque rubro-negro simplesmente desaparecerá. 

A sorte de ambos é que seus adversários mais fortes andam rateando mais que eles. Só que a distância que os mantém na frente é bem pequena. A conferir, nos próximos capítulos. 

Hora de crescer 

A tabela favorece o Flamengo nas próximas quatro rodadas. Seus adversários serão o Bahia, o Corinthians, o Fluminense e o Paraná. Todos no Maracanã. Sequência que permite sonhar com, no mínimo, dez pontos, talvez até doze – o que, certamente, o faria disparar na ponta.

Para alcançar tais resultados, entretanto, o rubro-negro precisa voltar a jogar como time grande e não como o bando acovardado que reza por uma bola vadia, como aconteceu diante do River Plate, no Monumental de Núñez, e do Atlético Mineiro, no Independência. 

E, por favor, não me venham com aquele papo lamentável de que o importante é ganhar, não importa como. Somente quem não entende bulhufas de futebol pode achar que o Fla conseguirá vencer de novo, sendo pressionado os 90 minutos, obrigando o seu goleiro a fazer milagres e contando com a sorte em duas bolas na trave. 

Indiferença total 

Crise política, Lava Jato, greve dos caminhoneiros, desabastecimento nos supermercados e falta de gasolina nos postos. Escolha qualquer um desses assuntos e ele dará de goleada na Copa do Mundo e na seleção brasileira. É impressionante como o único lugar onde se vê empolgação com o Mundial da Rússia, que começa em menos de vinte dias, é nas propagandas dos canais de TV, principalmente os esportivos a cabo. Algo completamente desconectado da realidade. 

Ninguém nas ruas fala da Copa. Até quando o assunto é futebol, é sobre a final da Liga dos Campeões, o Brasileirão e a Libertadores que se discute. Nem porteiros, garçons ou motoristas de táxi, tradicionais torcedores empolgados, querem saber de Neymar e Cia. Pelo menos até a bola rolar nos gramados russos. Impressionante. Em mais de 40 anos de carreira no jornalismo esportivo, nunca vi nada igual.

Fome 

Concentração do Flamengo, nos áureos tempos de Zico, Júnior e Cia., o folclórico atacante alagoano Peu saboreava seus primeiros momentos de glória, após primorosa atuação diante do Guarani de Campinas. Diante dele, uma repórter do suplemento de cultura lhe fazia perguntas do tipo “Perfil do Consumidor”.

- Prato predileto? – quis saber a jornalista.

- Fundo!

A moça achou melhor encerrar ali a entrevista...