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Flamengo está perdido e partido

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Difícil dizer o que irrita mais o torcedor do Flamengo, nos dias de hoje: as atuações medíocres ou as surreais entrevistas pós-jogo, como se nada tivesse acontecido. Diego é um mestre na arte de ver o pífio desempenho rubro-negro através da rósea lente do otimismo e do conformismo. Maurício Barbieri, o técnico juvenil que puseram à frente do time, segue cartilha idêntica. Acredite se quiser, ambos conseguiram enxergar pontos positivos no melancólico empate com o Santa Fé, em Bogotá.

A verdade é que no Flamengo atual sobra dinheiro (o faturamento e a folha de pagamento são os maiores do país), mas falta liderança e comando – e isso se reflete diretamente no futebol. Tão eficientes em assuntos econômicos, o presidente Eduardo Bandeira de Mello e seu CEO Fred Luz se portam, em termos esportivos, tal e qual o time em campo. Sem atitude, sem alma, sem tesão. Falam monocordicamente, são incapazes de admitir os (muitos) erros, e agem como se nada estivesse acontecendo. 

Em meio à Libertadores, entregam a equipe a um treinador inexperiente (e recém-chegado ao clube) e apostam que vai dar certo! Imploram a ajuda dos jogadores e acreditam que isso basta para mudar o comportamento apático em campo. Tal e qual a grã-fina de narinas de cadáver de Nelson Rodrigues (aquela que entrava no Maracanã e perguntava quem é a bola), não se cansam de dar provas cabais de que não sabem nada, rigorosamente nada, do velho e violento esporte bretão. 

Nesse quadro de completa incompetência esportiva, o que se vê é um Flamengo perdido e dividido. Dentro e fora das quatro linhas. O vice-presidente geral, Maurício Gomes de Matos, por exemplo, já anunciou que será candidato à presidência, no final do ano. Sem o apoio de Bandeira de Mello. Que tampouco sabe quem representará a situação no pleito.

Alguns de seus principais assessores, como Claudio Pracownik (um dos virtuais candidatos), têm sido cortejados pela turma da Chapa Verde, de Landim, Wallim e Bap. E grupos que apoiaram o presidente desde o início de sua gestão, como o influente “Só Fla”, hesitam, face ao fracasso no futebol. Some-se a isso o êxodo de vices e profissionais (o primeiro, foi o de comunicação Antônio Tabet) e dá pra imaginar o caos político, no qual Bandeira se isola, ao lado do insípido e inodoro Fred Luz. 

Reflexo direto disso tudo, dentro de campo, como costuma acontecer na falta de um pulso forte, as coisas também começam a desandar. Há, pelo menos, três grupos formados no elenco. O das “estrelas contratadas” (Diego, Everton Ribeiro, Diego Alves, Réver, Juan, Geuvânio), o dos “garotos” (Vinícius Jr., Lucas Paquetá, Lincoln, Léo Duarte, Vizeu) e o dos “gringos” (Cuéllar, Trauco, Berrío, Marlos Moreno). Detalhe importante: o dos brasileiros que vieram do exterior parece já ter assumido o comando junto ao técnico interino Maurício Barbieri – constantemente defendido por eles em entrevistas coletivas. 

Nos bastidores, os mais bem pagos se queixam de que todas as críticas da torcida pelas más atuações recaem sobre eles, poupando a garotada. Como se isso não fosse natural, exatamente pelo fato de que ganham fortunas, deveriam comandar a equipe e não têm jogado bulhufas. Há ainda reclamações dos mais velhos sobre a postura dos mais jovens que, independentemente do resultado, estão sempre juntos, brincando e rindo, como se o momento fosse de vitórias. Coisas típicas da juventude. 

Enquanto isso, os estrangeiros precisam lutar dobrado para jogar. Vide a absurda barração de Trauco pelo horroroso Renê e o ensaio, que chegou a haver, de colocar Jonas no lugar de Cuéllar. Assim como, nos tempos de Zé Ricardo, acontecia com a absurda titularidade de Márcio Araújo, em detrimento do colombiano.

Tudo isso poderia ser minimizado e até resolvido se o presidente fosse do ramo e uma pessoa carismática (como o Márcio Baga, das primeiras gestões) e o treinador tivesse pulso forte – coisa que nem Zé Ricardo, nem Reinaldo Rueda e muito menos Barbieri demonstraram. O Flamengo está à matroca, o vento é forte e o mar, revolto.

Que pena! 

O técnico da Suécia, Janne Andersson, já decidiu: não levará mesmo Zlatan Ibrahimovic à Copa da Rússia. É uma decisão compreensível, uma vez que o craque abandonou a seleção sueca, após a Eurocopa de 2016 e, portanto, não disputou nenhuma partida das eliminatórias. Mas que seria ótimo ver o polêmico “Ibra” nos gramados russos, seria. Apesar da personalidade arrogante e difícil, é um cracaço que, certamente, levaria muita gente aos estádios e aumentaria a audiência dos jogos da Suécia. Andersson, porém, repete Felipão, em 2002, deixando Romário fora do Mundial. Será que tem a pretensão de conquistar o título, como Scolari? Não creio...

Vasco heroico 

Pode-se fazer diversas críticas ao time do Vasco. Mas jamais dizer que lhe falta alma, coração, vontade. Diante de um adversário tecnicamente muito superior (o Racing) e com um jogador a menos, no segundo tempo, a equipe da Colina Histórica conseguiu buscar um empate que parecia improvável e o mantém ainda com o direito a sonhar com uma dificílima, mas não impossível classificação para a fase de mata-mata da Libertadores. Precisará, é verdade, derrotar o Cruzeiro e a Universidad do Chile nas duas últimas rodadas. Pedreira das mais brabas. Mas... não está morto quem peleia.