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Bola parada, drama do futebol 

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O animadíssimo Botafogo e Vasco de quarta-feira passada reforçou, de forma incisiva, uma tendência que Carlos Alberto Parreira já detectara lá atrás, na Copa de 2006, quando anunciou que cada vez mais os gols sairiam de jogadas de bola parada. Triste constatação, amplamente confirmada e numa crescente ano após ano. No jogo entre o Glorioso e o Gigante da Colina, nada menos que quatro dos cinco gols saíram assim e foram marcados de cabeça.

É natural e até compreensível que, num esporte cada vez mais físico e de marcação mais cerrada, os lances de bolas paradas sejam oportunidades únicas para colocar mais jogadores na área adversária, aumentando assim as chances de conclusão. Mas a pobreza tática desse lance, da maneira que tem sido executado é que me incomoda.

Pep Guardiola, ao meu ver, o melhor técnico de futebol da atualidade, preconiza que na próxima Copa variações na forma de execução das jogadas de bola parada podem fazer a diferença e surpreender muita gente. Tomara que esteja certo mas, sinceramente, continuo a achar que cruzamentos altos, quase que a esmo, continuarão a ser a tônica.

O Manchester City, do treinador catalão, vez por outra já aplica algumas dessas alternativas. A área se enche de jogadores, mas o time de Guardiola toca a bola lateralmente, para um bom passador desmarcado e esse, sim, faz o passe milimétrico para a marca do pênalti, onde já se desfez boa parte da marcação, quando da cobrança lateral. Outra tipo de variação é o toque vertical para um jogador numa das pontas. Desmarcado, esse vai à linha de fundo e cruza para trás, pegando a defesa rival de costas.

Enfim, jogada ensaiada é isso aí. Apenas lançar bolas aéreas na área do inimigo é de uma pobreza franciscana e pouco inteligente. Basta ver o número de cruzamentos que não dão em nada contra os que geram gols – e nas burras estatísticas só se consideram as bolas no fundo da rede. Daí, muitas vezes, a insistência no “Muricybol” ou “Cucabol”, como eram chamadas as táticas dos dois badalados técnicos no São Paulo e em sua passagem anterior no Palmeiras.

O futebol é muito mais do que “chuveirinho”. Há tempos, isso era coisa do futebol inglês, e bastante ironizado por aqui, enquanto ainda tínhamos craques de sobra nos nossos gramados. Agora, a Premier League se tornou o melhor campeonato do mundo enquanto nós, por aqui, temos orgasmos com bolas paradas, cruzamentos altos e cabeçadas... Que retrocesso!

Justiça ainda que tardia 

O Botafogo deveria ter vencido já o primeiro clássico, se Rildo tivesse sido expulso, com dois minutos de jogo, quando quebrou a perna de João Paulo. O juiz fez vista grossa e, com a bola rolando, onze contra onze, deu Vasco, por 3 a 2. Na quarta-feira passada, entretanto, o Glorioso foi à forra e devolveu os 3 a 2, num jogo tão elétrico quando o seu técnico Alberto Valentim. Destaque absoluto para o “general” Igor Rabello, autor do gol da vitória e do lançamento preciso para Luiz Fernando, outro que brilhou no alvinegro, marcar o segundo. Na falta de João Paulo, Igor vai surgindo como líder natural desse time, que ainda é muito limitado tecnicamente, mas esbanja garra e aplicação tática.

Surpreso? 

O vice-presidente de futebol do Vasco, Fred Lopes, se diz surpreso com o gesto de protesto de Riascos, que após marcar o segundo cruzmaltino não comemorou, dizendo-se insatisfeito e inconformado. O clube atrasa salários e estranha quando os jogadores protestam? Em tempo: a situação do Gigante da Colina, após mais uma gestão catastrófica do ex-deputado, é de insolvência. Mas ainda há patetas que defendem suas administrações...

Sem brazucas 

O circo da Fórmula-1 volta às pistas neste final de semana com a abertura da temporada em Albert Pak, em Melbourne, na Austrália, e, pela primeira vez, após 48 anos, não haverá nenhum brasileiro no grid. Como as participações de Felipe Massa, desde que deixou a Ferrari, não eram exatamente empolgantes, o interesse por aqui continuará dependendo de uma luta parelha entre Lewis Hamilton, Sebastien Vettel e, tomara, os pilotos da Red Bull. Se algum carro estiver muito superior aos outros e as corridas forem do tipo “autorama”, com poucas ultrapassagens, zzzzzz...

De arrepiar 

Quem assistiu à emocionante vitória, de virada, do Cleveland Cavaliers, do monstruoso Lebron James, sobre o Toronto Raptors (time de melhor campanha na Conferência Leste) custou a dormir depois que o juiz apitou o fim da partida. Que jogaço! Foi 132 a 129 e emoção até a última bola.

A conferir

Como se portará hoje a seleção de TiteOy sem Neymar? A Rússia, adversária de logo mais, não chega a ser uma potência. Mas o jogo serve como preparativo para o duelo que realmente vai nos dizer algo, contra a poderosa Alemanha, no próximo dia 27