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'Sarah Palin - Pode Crer!' conta história de personagem bastante controversa

'Pitbull de batom' nunca esteve tão bem exposta como no documentário de Broomfield

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Deve haver algo pior do que assistir a um documentário de 90 minutos sobre Sarah Palin. Difícil é saber exatamente o que. Dona de um currículo de gafes, autora de comentários impróprios e desconcertantes e defensora de conceitos políticos de fazer corar um Bolsonaro, a ex-governadora do Alaska (algo como ser ex-governador de Fernando de Noronha) e ex-candidata à vice-presidência dos EUA (numa chapa destinada ao fracasso desde seu nascimento), ela é a personagem que dezenas de documentaristas rezam toda noite para que lhes caia nas mãos.       

Evangélica convertida, profundamente anti-intelectual (enquanto governadora mandou queimar todos os livros que tratassem de homossexualismo), implacável com inimigos, doce e persuasiva com aliados. A 'pitbull de batom' nunca esteve tão bem exposta como no documentário de Nick Broomfield, diretor acostumado à temas e personagens controversos.

Em Kurt & Courtney (1998), ele travou uma verdadeira guerra com a viúva do vocalista do Nirvana para jogar luz sobre a suspeita de que ela havia encomendado a morte do marido; em Biggie e Tupac (2002) ele foi mais longe: a partir do depoimento de um ex-policial, revelou as estranhas conexões entre a polícia de Los Angeles e líderes de gangues que esvaziaram as investigações de ambos os crimes.       

Dado o estilo de Nick Broomfield - incisivo, insistente, enervante -  esperava-se que Sarah Palin - Pode crer! expusesse uma criatura política atroz e desprezível, o que quase sempre nasce de arranjos de montagem e texto. Não careceu de tais artifícios. Tudo o que o diretor precisou fazer foi viajar até Wasilla, Alaska, ligar sua câmera e visitar familiares, amigos e inimigos - na maioria, ex-colaboradores. Bastaram os depoimentos para retratar Sarah Palin como a grande piada que de fato ela é.

Cotação: *** (Ótimo)