ASSINE
search button

Grupo online denuncia casos de racismo no futebol brasileiro

Compartilhar

Criado em 2014 e atuante em plataformas digitais na internet, o Observatório da Discriminação Racial no Futebol denuncia e monitora os casos de racismo relacionados ao futebol brasileiro. O último relatado pelo grupo foi o sofrido por parentes do jogador Vinicius Jr, do Flamengo, em partida contra o Botafogo na quarta (16), no Engenhão. Mas se engana quem pensa que esses incidentes são pontuais e isolados. O número de registros nos sete primeiros meses de 2017 é alarmante - 37 situações já chegaram ao conhecimento da entidade.

“Incluímos também na lista as agressões que atingem os jogadores brasileiros no exterior. Essas manifestações, infelizmente, ainda são corriqueiras e apenas um percentual reduzido delas alcança a grande imprensa”, contou ao Terra o fundador do observatório, Marcelo Medeiros Carvalho, 44 anos.

Ele se debruça sobre o tema com a ajuda de Débora Silveira, sua assistente em tecnologia da informação, e com o apoio de dezenas de colaboradores espalhados pelo País e por outros continentes. Para divulgar os atos de discriminação, também recorre ao que é publicado por parte da mídia.

“Pelo Brasil afora, em Estaduais de Segunda e Terceira Divisão, por exemplo, há uma incidência grande desses casos. Ao saber das ocorrências, nós checamos a veracidade, colocamos a informação no ar e acompanhamos o que é feito. Temos um canal direto com o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), para quem fazemos as denúncias”, disse Marcelo, que trabalha como administrador de empresa em Porto Alegre.

O observatório optou por tratar das injúrias racistas apenas na esfera esportiva. “O desdobramento na Justiça Comum é muito lento e demorado. Levam-se anos e anos para se julgar racismo. Então, esse primeiro passo abrange somente o futebol e, excepcionalmente, outros esportes.”

A ideia de prestar o serviço surgiu quando o zagueiro Paulão, então no Internacional e hoje no Vasco, deu entrevistas lamentando ofensas racistas durante um jogo com o Grêmio, pelo Campeonato Gaúcho de 2014, e disse que não adiantaria reclamar. “Aquilo não me saiu da cabeça e fiquei pensando que tinha de fazer alguma coisa. A partir daquele fato nasceu o observatório.”

Em menos de um ano, Marcelo se encontrou com Paulão e lhe falou sobre a novidade. “Em 2015, numa entrevista à TV Brasil, o Paulão disse que mudou de opinião e que, se voltasse no tempo, teria tomado outra atitude.”

Homofobia – Desde 2015, o observatório também monitora manifestações de homofobia e xenofobia no futebol brasileiro. “Infelizmente, são situações que estão presentes e tentam tirar a dignidade da pessoa,”

Racismo no futebol brasileiro

2014 – 20 casos; 

2015 – 35 casos; 

2016 – 25 casos; 

2017 (janeiro a julho) – 37 casos.