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Agressões à imprensa pesaram na interdição de São Januário

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A decisão da CBF e do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) de interditar São Januário também levou em consideração as agressões sofridas por profissionais de imprensa durante os distúrbios ocorridos no sábado, durante e após o jogo Vasco x Flamengo, pela 12ª rodada do Campeonato Brasileiro. Nos confrontos que se estenderam pelas ruas em torno do estádio, mais especificamente entre vascaínos e policiais militares, um torcedor morreu baleado e vários ficaram feridos.

No lado de dentro de São Januário, enquanto muitos torcedores corriam de um lado para outro para não ser atingido pelas bombas de gás, jornalistas eram encurralados por grupos dispostos apenas a brigar. O cinegrafista da TV Bandeirantes, Benjamin Reis, teve que ser rápido para se livrar de um deles, que empunhando um vergalhão tentava atingi-lo. Naquele instante, um repórter da TV Record lutou com o invasor da cabine para impedir uma tragédia. Benjamin, ainda assim, teve de ser atendido em um hospital.

Já o comentarista da Rádio Nacional, Waldir Luiz, ficou sem ação quando outros torcedores entraram na cabine da emissora ameaçando agredi-lo e destruir os equipamentos de transmissão. “Em 39 anos de profissão jamais tinha passado por uma situação tão constrangedora. Tenho família e estava fazendo apenas o meu trabalho. Já comuniquei a minha chefia que não comento mais jogo em São Januário, por absoluta falta de segurança. Não quero correr o risco de passar por experiência idêntica”, disse Waldir, em entrevista ao Terra.

A repórter Aline Nastari, do Esporte Interativo, também viveu momentos de pavor ao presenciar a tentativa de outros torcedores de quebrar câmeras de TV. “Foi um desespero, deixamos a cabine e corremos para o terceiro andar em busca de abrigo e só acompanhamos o que ocorria em campo pela janela de um banheiro. Comunicamos a uns amigos que estavam no gramado o que estava acontecendo conosco. Eles falaram com a PM e então veio uma ordem para que um policial ficasse no terceiro andar, a fim de nos dar proteção.”

Em outra situação muito tensa, o repórter Bruno Marinho, do Jornal Extra, se viu cercado por seguranças do Vasco enquanto registrava com seu smartphone imagens dos distúrbios. Com violência, ele foi obrigado a entregar seu celular aos agressores e teve todas as fotos deletadas. Com muito custo, Bruno conseguiu se desvencilhar do grupo ao pedir ajuda a um dos assessores de Imprensa do clube.

Na segunda (10), a Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro (Acerj) emitiu nota oficial, na qual considerou “inaceitável” as agressões aos profissionais de imprensa e informou que está agendando reuniões com o Vasco e a PM para discutir medidas que garantam a segurança dos jornalistas em próximos eventos em São Januário. A Acerj também cobra das autoridades a identificação e punição dos responsáveis pelos incidentes no estádio.