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Os casos de Bangu e América-RJ servem de alerta para a Lusa

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América e Bangu têm títulos estaduais e já fizeram campanhas brilhantes no Brasileiro - o primeiro foi semifinalista em 1986 e o clube chegou a ser vice-campeão um ano antes. Mas, depois disso, mergulharam em seguidas crises administrativas e hoje vivem à margem no futebol nacional. Sem grandes times desde então, a decadência se fez inevitável. Essa rota que leva ao ostracismo ameaça agora a tradicional Portuguesa-SP, dona também de campanhas e troféus memoráveis.

Eliminada no fim de semana, na primeira fase da Série D, a Lusa precisa ganhar a Copa Paulista, que começa neste fim de semana e vai até novembro, para assegurar vaga à Quarta Divisão em 2018. Missão muito complicada para uma equipe que não conseguiu sequer o segundo lugar num grupo que reunia Vila Nova-MG, Desportiva-ES e Bangu, outro eliminado.

Com uma divida aproximada de R$ 200 milhões,  a Portuguesa precisa se recuperar rapidamente.  Isso poderia começar pelo Estadual, onde disputa a Série A2, espécie de Segunda Divisão camuflada. Se não sobressair na Copa Paulista, não pode almejar uma participação no Brasileiro mesmo que conquiste o título da A2 em 2018.

O Estado de São Paulo tem cinco times na Série A (Palmeiras,  Corinthians, São Paulo,  Santos e Ponte Preta), dois na Série B (Guarani e Oeste), mais quatro na Série C (Bragantino, Mogi Mirim, São Bento e Botafogo). Iniciou a Série D de 2017 com seis equipes - a Portuguesa e Audax, Red Bull Brasil, XV de Piracicaba, Ituano (todos estes eliminados no último domingo) e mais o São Bernardo,  o único do grupo que prossegue na competição. Para uma equipe se garantir na Quarta Divisão tem de estar entre as mais bem classificadas no Estadual, excluindo-se as que já estão garantidas em outras divisões.

A CBF oferece ao Estado quatro vagas oriundas do Estadual. Além disso, o campeão da Copa Paulista também tem direito de disputar a Série D. Neste ano, o número de seis se deu em razão do rebaixamento da Lusa em 2016, quando jogou a Série C.

Diante desses obstáculos, a Portuguesa, vice-campeã brasileira em 1996, corre sério risco de seguir os dois coirmãos do Rio. O Bangu ainda está numa posição um pouco melhor, pois integra a elite do Campeonato Carioca. Mas, assim como a Lusa, vai ter que ganhar o torneio estadual, no caso a Copa Rio, para voltar ao Brasileiro. Já o América amarga a Série B local e não demonstra força nem mesmo para superar adversários sem a mínima expressão.

Clube que tem entre seus torcedores o senador Romário e o locutor da TV Globo,  Alex Escobar, o América apostou suas fichas na construção de um estádio na Baixada Fluminense, o Giulite Coutinho, inaugurado na cidade de Mesquita em 2000. Para tanto,  se desfez do campo no bairro do Andaraí, área valorizada da zona norte carioca. Seus dirigentes estavam convictos de que a mudança representaria uma renovação de sua torcida,  abraçando uma região mais pobre do Estado. Mas, sem times competitivos, os resultados não vieram.

Já o Bangu viveu nos últimos anos um vaivém entre a Primeira e a Segunda divisão do Rio e sem nenhuma condição de fazer frente a Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo. Tal qual o América, possui uma torcida envelhecida – que diminui com a ausência de títulos – e basicamente localizada no bairro que tem o mesmo nome do clube. A dupla que outrora levava milhares de pessoas ao Maracanã em dias de clássicos parece próxima de um desfecho melancólico. Tudo isso pode servir de alerta à Lusa – ou reage imediatamente ou tende a seguir os dois vizinhos.