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Mudanças do estatuto da CBF prejudicam clubes da série A, diz professor da FGV

Pedro Trengrouse reforça que clubes precisam se reunir e trabalhar juntos

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A CBF aprovou uma mudança no seu estatuto, aumentando o poder eleitoral das federações estaduais. Agora, elas terão votos com peso três. Os votos dos clubes das Séries A terão peso 2. E os clubes da Série B terão peso 1. Desta forma, se as 27 federações estaduais votarem no mesmo candidato à presidência da CBF, terão 81 votos. Se os clubes se unirem, terão 60 votos, ficando bem abaixo. Para o professor Pedro Trengrouse, professor da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas e coordenador acadêmico do curso FGV/FIFA/CIES, a mudança prejudica os clubes da Série A.

"Ao mesmo tempo em que inclui os Clubes da Série B, prejudica sim os clubes da Série A, principalmente porque a expectativa com o Profut era que, agora, o colégio eleitoral da CBF fosse composto por 40 votos de clubes e 27 de Federações. Essa alteração dos estatutos deixou o conjunto de votos dos clubes, das séries A e B, com o mesmo peso que tinham apenas os da Série A: 42,5%. O problema é que antes, como somente os clubes da Série A votavam, eles agora ficaram reduzidos a somente 28% dos votos na eleição. Com a mudança, as Federações somadas têm 81 votos, os clubes da Série A têm 40 e os clubes da Série B têm 20", explica Pedro Trengrouse.

O professor da FGV diz que, embora a intenção do legislador tenha sido muito clara no sentido de incluir efetivamente os clubes da Assembleia Geral, o texto da Lei dá margem para diversas interpretações. 

A mudança no estatuto sem a consulta dos clubes sugere que a CBF considera que as Federações representam os clubes. Mas Tengrouse discorda. "As Federações muitas vezes têm interesses distintos e até mesmo contrários aos clubes que deveriam representar. Na Confederação de Atletismo, por exemplo, todo atleta medalhista olímpico vota na Assembleia Geral. Por que os jogadores campeões do mundo não votam na CBF?", indaga o professor.

Pedro Trengrouse também ressalta que os clubes precisam se unir e trabalhar juntos para construir as condições necessárias ao seu próprio desenvolvimento, a começar pela participação efetiva na discussão de uma legislação mais moderna e clara para o esporte no Brasil. "Esse sistema de Federações e Confederações é único no mundo. Foi criado pela canetada autoritária do Estado Novo e até hoje suas bases estão fincadas na legislação esportiva brasileira, que precisa mudar de verdade e não de mais um retoque cosmético."