ASSINE
search button

Ainda internado na Colômbia, Rafael Henzel pede para "ouvir" familiares

Compartilhar

Rafael Henzel é um dos seis sobreviventes do terrível acidente com o avião da Chapecoense, que acabou com a morte de 71 pessoas no início da madrugada da última terça. Henzel foi o único jornalista a se safar. Aos 43 anos, ele partia junto com a delegação do clube de Santa Catarina para cobrir o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana, em Medellín, frente ao Atlético Nacional. 

"Está muito complicado. Muito amigo junto", lamentou Michel, sem esconder a dor pela tragédia apesar da alegria em saber que um familiar conseguiu escapar. "Ele foi transferido ontem à noite (da Clínica San Juan de Dios para o Hospital San Vicente Fundación de Rionegro) e ele está estável ainda. Vai ter que fazer tratamento com antibióticos por causa de uma infecção no pulmão e vai ter de fazer outra cirurgia nas costelas", revelou o cunhado de Rafael Henzel, Michel Velasques.

Apesar de ainda estar sob os cuidados da Unidade de Cuidados Intensivos, Rafael tem conseguido se comunicar com sua esposa e com seu primo. Ambos chegaram na quinta à Colômbia. E, mesmo com dificuldade em se expressar devido aos aparelhos médicos que o auxiliam, Rafael fez um pedido especial para sua esposa.

"Eles mandaram a gente gravar áudios para ele. Ele fala, mas quase não dá para entender. Mesmo assim, a esposa dele entendeu o gesto do que ele estava pedindo e nós gravamos, falamos que estamos todos aqui preocupados e rezando por ele", contou Michel. "Ele se emocionou muito. Nós também aqui".

Em Chapecó, além de Michel, estão a mãe de Rafael, o filho de 11 e a irmã do repórter da rádio Oeste Capital. "A mãe dele tem 71 anos e ela ficou em choque. Estamos tentando conversar com ela a todo momento para dizer que está tudo certo", disse Michel Velasques, antes de explicar como a família viveu as primeiras horas de angústia desde a notícia da queda do avião Avro RJ85, da empresa Lamia.

"De segunda para terça ele estava em São Paulo e estava tudo certo. Ele ligou, falou que estava tudo bem e que ele estava indo para a Bolívia. Lá, no outro embarque, ele nos ligou de novo. Estava tudo tranquilo. Fomos dormir. Ai, era umas 4h/4h30, a minha tia estava dormindo, mas com a TV ligada, e deu um flash ao vivo dizendo que o avião da Chapecoense tinha caído. A gente ouviu isso, vieram todos em casa, ficamos loucos… Viramos o dia aguardando notícia, para saber o que tinha acontecido", detalhou Michel, garantindo que Rafael em nenhum momento havia feito qualquer queixa da aeronave ou da viagem.

"Ai, 8h30 ligou um rapaz de São Paulo, acho que é Luis o nome dele, também jornalista, dizendo que ele tinha achado os pertences do Rafael. Ele foi no hospital com os documentos e lá o Rafael já tinha pedido para que entrassem em contato com esposa. Ele chegou com consciente. Não sei pediu isso no hospital ou no trajeto", explicou o familiar.

Agora, a família apenas aguarda e reza. Rafael Henzel, assim como os os outros pacientes que conseguiram escapar da morte no acidente, ainda não tem previsão de receber alta, mas, segundo Michel, a informação mais importante passada à família é de que o jornalista não teve carregar qualquer sequela clínica após sua recuperação. Por fim, Michel fez questão de ressaltar a acolhida dos colombianos em meio a todo esse drama.

"O pessoal da Colômbia é mil vezes mais que o do Brasil. O médico que está cuidando dele e do zagueiro Neto deu o contato dele para a gente falar com ele a hora que a gente quisesse. E ele ainda hospedou a esposa e o primo do Rafael na casa dele. Não tem valor que pague isso ai", concluiu Michel Velasques.