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Minotouro revela que sentiu aposentadoria, mas frisa: ‘Ainda tenho lenha para queimar’

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Depois de deixar um pouco a pressão de se aposentar, Rogério Minotouro tem o próximo compromisso marcado para o UFC São Paulo, que acontece no dia 19 de novembro, no Ginásio do Ibirapuera. O brasileiro terá a chance de se "vingar" de Ryan Bader, que o derrotou por decisão unânime dos jurados, em 2010. Sabendo que tem um grande desafio pela frente, Rogério revelou que ficou perto da aposentadoria, e a pressão de deixar o esporte aumentou quando seu irmão, Rodrigo Minotauro, o fez.

Minotauro anunciou sua aposentadoria após sua luta contra Stefan Struve, em 2015, no Rio de Janeiro e no mesmo evento, Rogério acabou sendo derrotado de forma polêmica por Maurício Shogun. Antes disso, Minotouro havia passado por uma série de lesões que o afastaram por um tempo do MMA, e no seu retorno ao octógono, em 2014, ele acabou sendo nocauteado por Anthony Johnson, com apenas 44 segundos de luta.

Porém, o baiano mostrou que ainda tem lenha para queimar logo após aplicar um belíssimo nocaute emPatrick Cummins, na edição de número 198 do Ultimate, que ocorreu em Curitiba, em maio deste ano. Mesmo assim, o lutador revelou que sentiu uma pressão por se aposentar depois de passar por esses episódios e também por causa de seu irmão.

“Senti muito quando o meu irmão se aposentou. Mas ele teve um problema muito sério no quadril, em 2011 fez duas cirurgias, uma de cada lado do quadril, e isso veio tirando o rendimento dele. Ele era um cara que tinha muita vontade, gostava de treinar muito, mas não conseguia render muito na hora da luta. Ele era um cara que colocava muito para baixo e finalizava sempre a luta, e ele não tinha mais a mesma explosão, por isso teve que fugir do estilo dele. Tudo isso veio atrapalhando e desanimando ele, então anunciou a aposentadoria. Comigo o pessoal tentou me aposentar, mas não deu (risos). Fiz lutas boas e na última luta, confirmei isso. Mostrei que ainda tenho lenha para queimar”, declarou Rogério, no Media Day que ocorreu na última quarta-feira (19), no Rio de Janeiro.

Confira a entrevista na íntegra com Rogério Minotouro:

- Expectativa de fazer um main event no Brasil

Está grande a expectativa, já tem muito tempo que eu não faço um main event no UFC. Uma luta esperada, já que tem seis anos desde que fiz a minha primeira luta contra o Ryan Bader. Foi um combate muito disputado, com uma decisão até um pouco polêmica, e era algo que queria fazer, já tem uns três anos que queria essa revanche e ela veio em uma hora boa. O Bader está numa grande fase na carreira e eu também. Tem dois anos que venho me recuperando de lesões e estou treinando bem. Fiz duas grandes lutas nos últimos anos, então acho que está na hora certa da a gente se encontrar.

- Mudança de adversário para o evento

Acho que o Alexander Gustafsson era um grande adversário. Sempre quando eu falava que iria lutar com ele, todo mundo ficava: "Nossa, grande luta". E realmente era um grande desafio na minha carreira, mas o Ryan Bader tem um peso forte também. Ele é o número quatro da categoria, está vencendo os melhores, mas acabou perdendo na última luta para o Anthony Jonhson, que é o número um da categoria. Ele está muito bem colocado e acho que se eu conseguir vencê-lo, vai me deixar numa boa colocação na categoria.

- Queda da luta contra Gustafsson pela terceira vez

A primeira vez eu operei o meu joelho, a segunda eu estava com o mesmo problema que o dele agora, nas costas. Marcou a luta e na semana fui dar um treino, acabou dando um estalo que eu não conseguia nem levantar da cama. Não tinha condições de me recuperar em um mês e meio e lutar contra ele, porque também ele é um oponente duro. E dessa vez eu estava na clínica de terapia e de repente me ligaram falando que ele tinha se machucado. Eu não acreditei (risos). Pensei que era uma piada. Mas a gente tem que pegar essa notícia ruim e reverter. A minha vontade de lutar no Brasil é grande, não tinha como perder essa oportunidade. No mesmo dia mudou o adversário e eu aceitei.

- Mudança de estratégia com o novo oponente

Com o Bader é diferente, ele é menor, então tenho que impor a minha distância. Eu sou o cara grandão agora. Com o Gustafsson eu tinha que ir para dentro, porque se eu ficasse na distância, ele iria ficar me socando a luta toda, então tinha que balançar a cabeça e encurtar. Agora vou lutar um pouco na longa distância, mais focado na defesa de queda e também na mão direita, contra o Gustaffson era a esquerda, ele tem um jab muito forte.

- Preferência em lutar contra algum dos dois

São lutas bastante duras, os dois são grandes atletas. Na minha trajetória, tanto no Pride quanto no UFC, praticamente 90% foram lutas difíceis, então apesar de fases que eu estava voltando de lesão ou que não estava muito bem, nunca deixei de aceitar uma luta mais dura. Eles dois são adversários difíceis, não tem como como você mensurar o grau de dificuldade de cada luta. Com certeza o Gustafsson é muito perigoso, ele bate duro, tem envergadura e é rápido, realmente é mais habilidoso que o Bader. Porém, o Bader é perigoso, pois ele vai te levando naquele jogo corpo-a-corpo, vai te cansando fisicamente, e se você deixar, ele vai com a estratégia dele até o fim. É uma luta perigosa, agora tenho me concentrado bastante nas defesas de quedas e acho que a melhor maneira de atacar o Ryan é essa, me impor, bater mais forte para botar respeito, me movimentar e tomar iniciativa.

- Mudança de planos contra wrestlers

Como eu vinha do Pride, não estava acostumado a lutar com caras que vinham do Wrestling. Acho que estava muito acostumado a lutar com caras que medem a distância, ficam ali trocando, quase como uma luta de Boxe ou Muay Thai. Então, os wrestlers tiram a sua distância, você não pode contragolpear, então é uma luta estratégica, tem que aprender a se defender na grade, quando cair, se levantar rápido, então fez realmente mudar a minha estratégia nos treinamentos. Na luta com o Phil Davis, já estava lutando um pouco diferente e de quatro anos para cá, já venho trazendo alguns estrangeiros para estar treinando comigo. Todo esse treinamento mudou um pouco a minha característica de como me defendo, confiança no Wrestling, até para usar o meu Boxe. E vamos testar agora contra o Bader.

- Mudanças no jogo do Bader

Ele melhorou fisicamente, dá para notar que ele é um atleta mais forte. Ele tá mais confiante no Boxe, atualmente ele está jogando umas mãos direitas perigosas, vem melhorando a trocação. Mas acho que ele não tem a mesma experiência que eu. Tenho que explorar bastante isso, e são brechas que tenho que usufruir. Se Deus quiser, sai um nocaute, a intenção é essa. Se ele não amarrar, será um nocaute.

- O jogo para o Bader será mesmo que o do Cummins?

É parecido. O jogo será de acertar a distância e estar bem vivo na parte de jogo de pernas também. Ele vem, abaixa a cabeça, e de repente ele tenta a queda ou finge que vai derrubar e entra com a direita por cima. Então, tenho que estar ligado nessa parte de Boxe. Surpreender com joelhada, com quem tiver que usar. Um golpe de surpresa pode mudar essa luta.

- Luta no Brasil

A gente viu várias fases do MMA, e quando eu falo "a gente", estou falando da minha geração, tanto eu, quanto meu irmão, e também o Anderson Silva. Nós vimos o esporte nascendo aqui no Brasil, já tivemos a oportunidade de lutar lá fora, fomos muito bem tratados, e o UFC demorou muito para chegar no Brasil. Ele veio a chegar em 2011, mas depois vários brasileiros vieram lutar aqui e eu só lutei aqui no ano passado, pela primeira vez, contra o Shogun, e me emocionei bastante. E dessa vez, em Curitiba foi um gosto especial, grande evento, um dos melhores cards da história do UFC. No dia da pesagem, eu fui um dos mais ovacionados. Foi muito bom. Lembrou os tempos em que lutei no Pride.

- Pressão de aposentadoria

Senti muito quando o meu irmão se aposentou. Mas ele teve um problema muito sério no quadril, em 2011 fez duas cirurgias, uma de cada lado do quadril, e isso veio tirando o rendimento dele. Ele era um cara que tinha muita vontade, gostava de treinar muito, mas não conseguia render muito na hora da luta. Ele era um cara que colocava muito para baixo e finalizava sempre a luta, e ele não tinha mais a mesma explosão, por isso teve que fugir do estilo dele. Tudo isso veio atrapalhando e desanimando ele, então anunciou a aposentadoria. Comigo o pessoal tentou me aposentar, mas não deu (risos). Fiz lutas boas e na última luta, confirmei isso. Mostrei que ainda tenho lenha para queimar.

CARD COMPLETO: UFC Fight Night: Bader x Minotouro 2

Sábado, 19 de novembro de 2016

Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo (SP)

Card Principal

Ryan Bader x Rogério Minotouro

Thominhas Almeida x Albert Morales

Claudinha Gadelha x Cortney Casey

Thales Leites x Krzysztof Jotko

Warlley Alves x Kamaru Usman

Sergio Moraes x Zac Ottow

Card Preliminar

Cezar Mutante x Jack Hermansson

Matheus Nicolau x Ulka Sasaki

Marcos Rogério Pezão x Gadzhimurad Antigulov

Johnny Eduardo x Manny Gamburyan

Luis Henrique x Christian Colombo

Pedro Munhoz x Justin Scoggins

Francimar Bodão x Darren Stewart