Durante o interrogatório sobre a fraude fiscal na contratação do atacante brasileiro Neymar pelo Barcelona, o atual presidente do clube, Josep Maria Bartomeu, teria acusado o ex-treinador Tito Vilanova pelos aumentos de custos na contratação.
Segundo as revelações da rádio "Cadena Ser", nesta sexta-feira (27), Bartomeu respondeu ao juiz Pablo Ruz que foi o técnico, na época "doente terminal" e "em tratamento de quimioterapia em Nova York", quem decidiu levar o craque brasileiro ao time um ano antes do previsto. Com isso, de acordo com o mandatário, houve um aumento no valor do passe do jogador, que causou todo o problema da fraude fiscal.
Vilanova morreu em abril do ano passado, aos 45 anos, após enfrentar um câncer na glândula parótida. Ele treinou o Barcelona entre 2012 e 2013, após a saída de Pep Guardiola - de quem era assistente técnico.
Em entrevista ao jornal "Marca", Bartomeu negou que tenha acusado o ex-treinador e disse que "se interpretou de maneira muito ruim as minhas afirmações perante o juiz". "Estou decepcionado com as interpretações. O que aconteceu foi que Neymar era um pedido dos técnicos e Sandro Rosell [ex-presidente] o contratou para 2014, mas os treinadores nos pediram, em 2013, para adiantar a contratação. Isso não significa que Tito seja responsável por nada e não errou ao pedir a contratação. Tito sempre foi exemplo para nós", disse o mandatário.
Após encerrar a fase de depoimentos, a Promotoria Anticorrupção da Espanha pediu uma pena de dois anos e três meses de prisão para Bartomeu e de sete anos e três meses para o ex-presidente Rosell. Além disso, os promotores pedem que o clube catalão pague 22 milhões de euros (R$ 76,5 milhões) como ressarcimento pela fraude.
Ao ser contratado em 2013, o Barcelona anunciou que pagou 57 milhões de euros (R$ 198,3 milhões) por Neymar, quando, na realidade, teria pago 83 milhões de euros (R$ 288,8 milhões).
Com valores da época, o time teria deixado de pagar 13 milhões de euros (R$ 45,2 milhões) em impostos à Receita.