O atleta olímpico e paralímpico Oscar Pistorius foi condenado a cinco anos de prisão pelo assassinato de sua namorada, a modelo sul-africana Reeva Steenkamp, nesta terça-feira (21). A sentença ocorre mais de um mês depois da juíza Thokozile Masipa ter anunciado que Pistorius seria condenado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
O atleta ainda foi condenado a mais três anos por porte de arma em local público, por culpa de um incidente em que disparou em um restaurante, pouco após o crime ter ocorrido.
Masipa, ao ler a condenação, ressaltou que a decisão foi tomada somente por ela. Ela levou em consideração todas as circunstâncias do ocorrido e também os depoimentos dados por acusação e defesa na última semana. Segundo a magistrada, as prisões sul-africanas têm sim condições de receber uma pessoa com deficiência e dar um tratamento adequado. Ela ainda ressaltou que uma "condenação é sobre alcançar o equilíbrio certo", mas que não é um "exercício perfeito".
Pistorius não mostrou nenhuma reação durante a leitura de sua pena, permanecendo impassível. Já os irmãos do atleta, Aimee e Carl, falaram em entrevista à eNCA, que "a verdade foi distorcida e manipulada e as coisas foram levadas para o lado sensacionalista. Isso faz mal quando as coisas são reportadas de um jeito que não são".
Carl ainda ressaltou que a parte mais dura de todos esses 20 meses, desde o assassinato, foi "a mídia negativa, a publicidade polarizada, as verdades e não a verdade distorcida e como isso se infiltra na tua vida, independentemente, do fato de seguir ou não a imprensa".
- Defesa x Acusação Durante os depoimentos "extras" dados na semana passada, as testemunhas de defesa pediam que Pistorius fosse condenado a uma prisão domiciliar, por no máximo três anos. Eles alegavam que o atleta sente muito remorso pelo crime que cometeu e que ele não tem mais nenhuma perspectiva financeira ou profissional.
O advogado da família Pistorius, Barry Roux, alegava que se Pistorius fosse encaminhado para um presídio poderia sofrer abusos de outros prisioneiros por ter as duas pernas amputadas.
Segundo ele, o ambiente não é propício para receber pessoas como o atleta, que poderia contrair Aids ou turberculose. Ele ainda ressaltava que Pistorius não poderia receber o tratamento psicológico adequado, já que foi constatado que ele sofre de depressão e de transtornos que podem levá-lo a cometer suicídio.
Já a acusação tentava obter a pena de 10 anos para o crime, por considerar que o atleta premeditou o ato - algo que a juíza Masipa já havia descartado. Segundo o promotor Gerrie Nel, Pistorius não demonstrou verdadeiro arrependimento pelo que fez e causou muito sofrimento para a família de Reeva. A prima da modelo, Kim Martin, havia declarado que todos os seus familiares queriam que "Pistorius pagasse pelo que fez".
- O caso O atleta olímpico e paralímpico Oscar Pistorius estava sendo acusado de assassinar sua namorada, Reeva Steenkamp, no dia 14 de fevereiro de 2013 - dia dos namorados na África do Sul. O julgamento começou no dia 8 de março em Pretória foi interrompido por diversas vezes.
A Promotoria acusava Pistorius de ter constantes brigas com Reeva e mostraram diversos momentos em que o atleta utilizou a arma em público - em restaurantes e no trânsito. Eles também chegaram a mostrar mensagens que Reeva teria enviado ao atleta dizendo que ele a assustava.
Já o atleta e sua equipe de defesa sempre alegaram inocência, afirmando que Pistorius atirou por achar que um ladrão havia entrado em seu banheiro. Eles também lembraram a infância violenta que Pistorius viveu e seu trauma por ter perdido as duas pernas, fatos que fazem com que ele durma com uma arma ao lado da cama para uma eventual necessidade de defesa. (ANSA)