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Emerson Sheik sobre CBF: "poucos têm coragem de falar" 

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De cabeça mais tranquila, mas sem papas na língua, Emerson Sheik apareceu na sala de coletiva de imprensa do Engenhão ciente de que era o grande assunto do dia no futebol: “tudo isso para mim?”, perguntou ao avistar a sala repleta de jornalistas. O atacante do Botafogo foi direto e reto e disse que o fato de ter criticado a CBF em frente a uma câmera não é o sentimento apenas dele como jogador. A diferença é que ele, Sheik, não tem medo de dizer o que pensa.

“Em nenhum momento eu quis ser polêmico. Eu só falei o que eu acho. E o que eu acho é o que muitos acham, mas poucos têm coragem de falar. E eu falo”, afirmou o jogador, após o episódio em que foi expulso pelo árbitro Igor Benevenuto, pelo segundo cartão amarelo, e se dirigir a um cinegrafista do jogo e proferir as seguintes palavras: “CBF, você é uma vergonha. Vergonha. Vergonha”.

“Não sei por que nós atletas, por que a gente não pode desabafar, por que a gente não pode dar nossa opinião quanto à CBF? Eu canso de ver vocês na TV fazendo críticas muito mais pesadas das que eu fiz ontem. A gente não pode falar? Por que o atleta não pode falar? Por que tem esse tabu? Vai querer punir um atleta porque ele se manifestou? Isso sim é um ignorância”, completou.

Aos 36 anos de idade, campeão brasileiro por três clubes distintos, da Libertadores e do Mundial de Clubes da Fifa, Emerson bate no peito ao dizer que “eu sou muito bem resolvido, e eu tenho o perfil para poder vir aqui e falar. Não sou nenhum menino, e as pessoas têm que respeitar isso, a opinião do outro. É o momento de todo mundo abraçar essa causa e não apontar o Emerson porque foi lá na frente da câmera e falou o que pensa”.

Para o atacante, que acabou deixando o Botafogo com dois a menos em campo e viu sua equipe sofrer a virada em pleno Maracanã por 3 a 2, é preciso que a entidade que comanda o futebol brasileiro trate o tema da profissionalização da arbitragem como algo urgente.

“É inadmissível enquanto uns atletas estão focando para uma partida importante numa das competições mais difíceis do mundo, alguns árbitros estão numa sala de escritório resolvendo outros tipos de problema. A esperança é que a CBF se posicione a fim de profissionalizar, até para esses erros constantes não se repitam e que o futebol brasileiro possa viver de novo momentos de glória”.

Ele concorda que, “naturalmente, no calor da partida, naquele momento de adrenalina a milhão, o desabafo, dependendo da maneira, se torna mais agressivo. Em relação à vergonha, a vergonha é coletiva. É de todos os atletas, do torcedor que paga o ingresso para torcer pelo seu time, de ver uma arbitragem incapaz que nem nas peladas de Nova Iguaçu do meu irmão teria condição de apitar”. “Eu recebi muitas mensagens na madrugada, e hoje pela manhã também, eu sou muito querido (no mundo do futebol), e respeitado, graças a Deus”.

Punição

Na súmula do jogo, o árbitro Igor Benevenuto relatou que o atacante botafoguense recebeu o primeiro cartão amarelo “ao proferir as seguintes palavras para mim: ‘apita essa p...’”. Punição esta que o atleta considerou absurda. “Aí tem que ir para a igreja, cara, praticar outro esporte. Se não falar um p..., um f...-se. Tem momentos que não é ofensa. Você levanta e fala “p...”. Todo mundo fala “p...”aqui. Você não está agredindo, é força de expressão. São momentos de descontentamento por conta de falhas grotescas”, opinou.

Posteriormente, após a entrada forte no atleta Uelliton, o árbitro escreveu que “o mesmo veio em minha direção e proferiu as seguintes palavras: ‘safado, sem vergonha, você é um merda, vagabundo, não apita nada’. Informa ainda que, ao se retirar do campo, o mesmo foi em direção à câmera de TV e proferiu as seguintes palavras: ‘A CBF é uma vergonha’, fato observado e relatado para mim pelo quarto árbitro da partida, sr. Raphael Silvano Ferreira”.

Diante destes fatos, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por enquadrar o jogador no artigo 258 (conduta contrária à disciplina ou ética desportiva) e levar uma suspensão de até seis partidas. “Se os jogadores não puderem participar dessa discussão toda, para tudo. Sobre punição, não cabe ao atleta Emerson falar, tem o Botafogo aqui que certamente vai se posicionar no momento certo, e se assim precisar”, esclareceu.