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Mobilização garante equipamentos esportivos no entorno do Maracanã

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Palco de sete jogos e da final da Copa do Mundo, o Estádio do Maracanã é o mais famoso do Brasil. A arena também foi uma das mais caras do Mundial, o valor final ultrapassou R$ 1 bilhão. Os gastos acima do previsto e a entrega do estádio à iniciativa privada estão entre as principais queixas dos movimentos sociais.

No centro dos questionamentos está a desestruturação de dois importantes equipamentos esportivos: o parque Aquático Julio Delamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros. Após inúmeros protestos, inclusive das federações desportivas, o governo do estado desistiu da ideia de demolir os espaços. Nos dois locais, além de atletas profissionais, idosos e crianças também praticavam atividades físicas.

O parque aquático voltou a funcionar parcialmente, mas o estádio de atletismo, que teve parte da estrutura destruída, continua fechado. No aniversário de um ano sem o Célio de Barros, crianças, pais e professores fizeram o protesto Sem Tetos do Atletismo, com a palavra de ordem “o Célio é nosso!”

Patrícia Silva, 10 anos, era aluna do projeto chamado Rio 2016 e reclama da falta de espaço para se exercitar. “Era muito legal porque a gente brincava e fazia muitas atividades maravilhosas, eles falavam sobre os perigos das coisas, para a gente se tornar uma pessoa melhor quando crescer. Agora eu fiquei triste porque ainda não abriram, e eu estou ficando meio gordinha porque estou muito tempo sem treinar.”

Guilherme Leite, 8 anos, sonha em ser velocista. “A gente não tem mais lugar para treinar e fica treinando na rua”.

O atleta Nathan Levy, 15 anos, explica que, sem o estádio, a dificuldade para treinar aumentou. “Era o melhor centro de treinamento que tinha aqui no Rio de Janeiro, até porque não era só uma equipe que treinava aqui, outras equipes também treinavam, a gente centralizava aqui e todo mundo evoluía junto, o Rio de Janeiro conseguia evoluir bem. Quando ia para uma competição a gente sempre conseguia se destacar.”

O Célio de Barros e o Julio Delamare foram concedidos ao consórcio vencedor da licitação junto com o Maracanã. De acordo com a concessionária, não há previsão de reconstrução dos equipamentos esportivos, já que o governo do estado ainda precisa aprovar o projeto básico dos espaços, que está em análise.

O presidente da Superintendência de Desportos do Estado, Sergio Emilião, garantiu que, apesar da licitação, o Célio de Barros continuará sendo administrado pela superintendência e os projetos terão andamento. Ele não soube informar, entretanto,  quando as atividades serão retomadas.

O projeto que deu origem a esta reportagem foi vencedor da Categoria Rádio do 7º Concurso Tim Lopes de Jornalismo Investigativo, realizado pela Andi, Childhood Brasil e pelo Fundo das Nações Unidos para a Infância (Unicef).