No dia 6 de março, um banheiro da Ilha do Retiro foi
destruído. Seis privadas, portas, pias e paredes ficaram danificadas após um
clássico entre Sport e Santa Cruz. O estrago aconteceu na área do time visitante
e irritou os dirigentes do clube mandante que, como é costume, pediram
ressarcimento à Federação Pernambucana de Futebol. Mas não imaginavam naquele
momento que o vandalismo poderia ser também prenúncio de uma tragédia muito mais
grave.
Torcedor justamente do Sport, Paulo Ricardo Gomes da Silva foi
atingido por um vaso sanitário e morreu de forma trágica logo após o jogo entre
Santa Cruz e Paraná, pela Série B do Campeonato Brasileiro, na noite da última
sexta-feira. Ele deixava o estádio junto aos visitantes, já que a torcida do
time da casa foi orientada a sair após o pequeno grupo.
A morte deste torcedor é o mais chocante caso de violência entre
torcidas em Pernambuco, mas ocorre após cenas terem sido registradas em todos os
principais estádios recifenses - até mesmo na Arena Pernambuco, construída em
São Lourenço da Mata para sediar os jogos da Copa das Confederações, Mundial da
Fifa e atualmente servindo como local das partidas do Náutico.
Em fevereiro de 2013, antes da inauguração da sede pernambucana da Copa do Mundo, um torcedor do Náutico de apenas 19 anos, Lucas de Freitas Lira, foi baleado minutos antes do jogo Náutico x Central, em frente ao Estádio Eládio de Barros Carvalho, nos Aflitos. Lucas se tornou um símbolo da luta contra a violência entre torcidas no Estado após o tiro na nuca. Sua recuperação é acompanhada por simpatizantes de todos os times pernambucanos e a torcida do seu clube costuma levar faixas em homenagem ao estudante para as partidas.
No primeiro clássico entre clubes do Estado na Arena Pernambuco,
uma partida entre Náutico e Sport pela Sul-Americana, também foram registrados
casos de violência. Assim como na final do Campeonato Pernambucano, entre os
dois mesmos times, quando um homem sacou uma arma e atirou para cima causando
pânico no estacionamento do novo estádio. Os casos todos são uma demonstração
evidente de que é necessária uma ação mais efetiva no sentido de evitar novas
vítimas.
A Federação Pernambucana de Futebol soltou nota em relação à morte
de Paulo Ricardo Gomes da Silva. “A Federação Pernambucana de Futebol (FPF) e os
clubes receberam com profunda tristeza a notícia da morte do torcedor Paulo
Ricardo Gomes da Silva. O futebol é a primeira opção de lazer da maioria dos
brasileiros, especialmente dos pernambucanos, e não pode conviver com a
violência. É inaceitável a ocorrência de atos violentos por parte de torcedores
em praças esportivas. A Federação Pernambucana de Futebol e a Confederação
Brasileira de Futebol acompanharão e darão todo o apoio às autoridades para que
haja punição desse ato. A FPF e os clubes transmitem aos familiares do torcedor
o sentimento de profundo pesar”.