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Para evoluir, australianos buscam inspiração na Holanda

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A "escola" australiana de futebol, semelhante à britânica, começou a ser modificada em 2006, quando o holandês Gus Hiddink assumiu o cargo de técnico da seleção e adotou o esquema 4-3-3 em algumas partidas do time principal e nas categorias de base. A tática é mantida até hoje e, desde então, o país colecionou os melhores resultados da sua história: conseguiu a classificação para duas Copas do Mundo consecutivas em 2006 e 2010 (anteriormente só havia participado do Mundial de 1974) e foi vice-campeão da Copa da Ásia no último mês de janeiro.

"Antigamente eles não se importavam muito, mas agora existe pressão para se classificar para todas as competições da Fifa. Já estão colhendo os frutos da influência holandesa que receberam do Gus Hiddink e estão buscando formar jogadores aborígenes, que têm mais ginga que os europeus. Também vejo como ponto positivo o fato de eles serem muito patriotas e jogarem sempre 'com sangue nos olhos'. O Kewell (jogador australiano do Galatasaray, que defendeu o Liverpool por 5 anos) mesmo sendo um atleta consagrado, compra briga com o clube pra defender a seleção. No Brasil a gente dificilmente vê isso. A Austrália pode vencer qualquer seleção e merece respeito", compara o brasileiro Thiago Cruz, que tem a sua opinião endossada por torcedores locais.

Para torcida, arbitragem prejudicou na Copa do Mundo

"Não é fácil ser fã de futebol aqui. Temos que concorrer com os outros esportes que ainda são mais populares e têm mais atenção da mídia. Mas vejo a nossa seleção com muito potencial e sei que com melhores resultados a nossa nação vai se apaixonar por futebol", prevê Carl Hamil, atendente de um pub de Sydney.

Para ele, o país poderia ter ido mais longe nas últimas Copas do Mundo se não fosse a interferência da arbitragem: "em 2006 fomos eliminados pela Itália com um pênalti inventado e, apesar de perder de 2 a 0 para o Brasil, fomos superiores durante boa parte do jogo. Em 2010, tivemos nossos dois melhores jogadores (Tim Cahill e Harry Kewell) expulsos nas duas primeiras partidas em lances duvidosos. Acredito que se eles vestissem a camisa do Brasil, da Itália ou da Argentina o árbitro não seria tão rígido. Fomos prejudicados", reclama Hamil, que, assim como a maioria dos australianos que gostam de futebol, torce para um time do campeonato inglês (no caso, o Chelsea) e acompanha, como segunda opção, uma equipe local.

"Gosto de ir aos jogos do Sydney FC de vez em quando, mas minha paixão pela Chelsea é muito maior. De qualquer maneira, vejo que a tendência é as pessoas começarem a cada vez mais valorizar o futebol dos times australianos. O Brisbane Roar teve um ano magnífico e jogou um futebol de alto nível, que encantou a torcida e vai ficar marcado para sempre", completa.

Austrália já coleciona primeiras vitórias contra o Brasil

Antes da excelente temporada que terminou, o maior feito do time de Brisbane havia sido uma vitória de 3 a 1 em um amistoso contra o Palmeiras-B, então comandado pelo técnico Jorginho, disputado na Austrália em 2008. O gerente de futebol Thiago Cruz lembra: "eles acharam que seria fácil e levaram uma 'sapatada'. Mostramos que o futebol australiano está em ascensão e não pode ser menosprezado".

Aficionados por conquistas esportivas, os australianos detêm o recorde de maior goleada da história do futebol entre seleções: 31 a 0 contra a Samoa Americana, em 2001. No mesmo ano, eles venceram o Brasil, na partida que culminou a demissão do técnico Leão. Naquela oportunidade, um time com Dida, Vampeta e Lúcio foi derrotado por 1 a 0 na decisão do terceiro lugar da Copa das Confederações.

No Ranking da Fifa, onde ocuparam a 92ª posição em 2000, hoje estão no 21º lugar. Com metas ambiciosas, os "Socceroos" (apelido que mescla as palavras "futebol" e "canguru" em inglês) dão mostras de força dentro de campo e têm como próxima meta organizar uma Copa do Mundo - na última tentativa, porém, foram derrotados pelo Catar, na escolha da sede para o Mundial de 2022