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Alvaro Dias: ‘Quem ganha a eleição é o não’

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Candidato à Presidência pelo Podemos, o senador Alvaro Dias confia que vai passar para o segundo turno. Pouco conhecido fora do Paraná, que governou de 1987 a 1991, ele aposta, principalmente em seu baixo índice de rejeição. “Quem ganha eleição hoje em primeiro lugar é o “não”, disparado. É um equívoco interpretar pesquisa sem considerar a rejeição”, aponta o candidato, na expectativa de que os indecisos procurem os que têm menor rejeição. “Ganho de todos nesse índice”, orgulha-se em dizer.

A campanha do PSDB começou com a candidata a vice Ana Amélia, visitando a sua cidade natal, Londrina. Como o senhor viu essa estratégia de atacar o seu reduto eleitoral? 

Fez-se um grande esforço para que eu ficasse fora da campanha. É nítido o propósito de dificultar o crescimento da minha campanha.

O senhor já sente que a presença da Ana Amélia no seu estado subtrai intenções de voto no senhor? 

As pesquisas mais recentes não dizem isso. Há um empate técnico e se consideramos a rejeição, eu levo vantagem. Mas prefiro não fazer análise dos concorrentes. O que nos anima é esse cruzamento de intenção de voto com rejeição. Isso é essencial. Nas análises de pesquisa, existe o hábito de se valorizar a intenção de voto. Nessa hora deveria se valorizar o índice de rejeição, que é parâmetro para definir o potencial de crescimento.

O senhor tem o menor índice. 

Exatamente. Tenho o menor índice de rejeição entre todos os candidatos e não só os que estão à frente das pesquisas, mas incluindo os que estão atrás. Este é um grande patrimônio adquirido ao longo da minha vida. 

Esse dado pode favorecer o seu nome entre os eleitores indecisos?

 Essa análise de pesquisa é equivocada justamente por isso. Quando se fala candidato Y tem 20% de intenção de voto, se refere a 20 dos 40% que decidiram votar. Porque 60% não possuem candidato. Quem ganha eleição hoje em primeiro lugar é o “não”, disparado. É um equívoco interpretar pesquisa sem considerar a rejeição.

Na última conversa com o JB, o senhor disse que seria a zebra do jogo eleitoral, porque iria para o 2º turno. 

A zebra para os outros. Porque tenho convicção de que vou. Nós temos a melhor proposta, que do ponto de vista macro, é o rompimento com o sistema e a refundação da República. As pessoas não acreditam em promessas e o que elas querem mesmo é um rompimento do que está posto pelo establishment. Agora, além disso, nós temos a melhor proposta, de qualificação técnica, com a presença do vice Paulo Rabello, premiado como o economista do ano.

Não se considera parte do sistema? 

Sempre combati esse sistema. Parece contraditório porque sou político há muito tempo. Mas onde eu obteria os meus mandatos? Sempre estive no sistema, mas combatendo.

O senhor integrou muitos desses partidos... 

Partido não existe no Brasil. Existem siglas. Conheci esse monstro em suas entranhas. Por isso fui mudando. Mudei de siglas para não mudar de lado nem barganhar convicções. Para respirar um ar mais arejado. As razões que sustentaram as minhas trocas de sigla foram as da coerência. E é por isso que quando alguém pede unidade ao centro eu respondo “impossível”. É uma questão de coerência. Não posso morar na Arca de Noé.

Mas no 2º turno, o senhor vai ser convocado a entrar na Arca. 

Não. Porque eu vou estar no 2º turno.

Vai convocar a Arca de Noé? 

Não. Não vou me comunicar com os partidos, mas sim com a sociedade. Buscar apoio de partido no 2º turno é mais oportunismo para ocupar espaço no governo. No 2º turno, o debate é frente a frente entre os candidatos e o eleitor já sabe para onde vai.

Mas a coalização exige alianças para garantir governabilidade. 

Vou buscar um governo suprapartidário. Não é de coalização. A coalização fracassou.

Vai convidar o PT para esse governo suprapartidário? 

Vou convidar pessoas que queiram mudança num projeto de país. Venha de onde vier. Não haverá partidarização.

Há uma corrente sociológica que diz que o discurso anticorrupção é, na verdade, imposto pelo establishment para manter o sistema. 

Isso é incrível. Que inteligente! Esse seu discurso é que é o discurso do Establishment, que não quer que se debata a corrupção. Quer é a manutenção do sistema. Mas vão perder o tempo, porque vou continuar batendo na corrupção como sempre bati. Vou continuar dizendo que a Operação Lava Jato será institucionalizada como uma espécie de ‘Tropa de Elite’ do combate à corrupção e se constituirá um grande cabo eleitoral do desenvolvimento, porque vai mudar a imagem do Brasil, os empresários vão acreditar e voltar a investir, inclusive os de fora.

O senhor se refere a criar uma instância de investigação, ou é uma ?gura retórica que simboliza o juiz Moro no Ministério da Justiça? 

Significa fortalecer a Polícia Federal, dar força e acolher as medidas de combate à corrupção propostas pelo Ministério Público, especialmente aquelas de origem popular. Isso significará o Ministério da Justiça atuante nessa direção, valorizando todos os mecanismos de fiscalização e controle dos gastos públicos para evitar corrupção. Porque isso também tem a ver com ajuste fiscal. Se eliminarmos os aditivos vergonhosos a contratos em várias áreas da administração, principalmente transportes, nós vamos reduzir significativamente as despesas para chegar ao superávit primário.

Como o senhor vê o fato de o PT ter conseguido inscrever a candidatura do ex-presidente Lula? 

Isso é um escarnio. É uma afronta ao estado democrático de direito. É um desrespeito à Justiça. Uma agressão à sociedade de bem. É uma enganação. É subestimar a inteligência das pessoas. Ou alguém duvida nesse país que o homem está inelegível. Rasgaram a Lei da Ficha Limpa? A constituição?