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Desemprego e corrupção dominam 2º debate de candidatos à Presidência

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Os candidatos à Presidência da República participaram, na noite de sexta-feira (17), do segundo debate na TV para as eleições de 2018. Estavam presentes na RedeTV! Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Jair Bolsonaro (PSL), Álvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Guilherme Boulos (PSOL) e Henrique Meirelles (MDB). O desemprego e a corrupção foram temas dominantes durante o debate, que também explorou temas polêmicos como o aborto, e ainda a questão da segurança.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou pedido do PT para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso, participasse do debate por videoconferência ou videos previamente gravados sobre assuntos diversos. O vice de Lula, Fernando Haddad, também não pôde participar. 

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Primeiro bloco

Discursos contra a corrupção foram frequentes. Ex-ministro da Fazenda de Michel Temer (MDB), Meirelles foi alvo de Bolsonaro e Boulos, que buscaram associar a imagem do candidato à do presidente. Candidatos responderam a perguntas da população sobre educação, segurança e geração de empregos. Houve pouco enfrentamento entre os postulantes ao Planalto nas perguntas de candidatos para candidatos.

Daciolo x Bolsonaro

"Eu sou defensor da família tradicional brasileira", disse Cabo Daciolo após ser questionado por Bolsonaro sobre temas como legalização do aborto e do consumo de drogas, temas sobre os quais disse ser contra.

Boulos x Meirelles

Boulos atacou Meirelles recordando o fato de que o ex-ministro integra o MDB, partido de diversos políticos acusados de corrupção. De acordo com o emedebista, ele integrou "o time dos sonhos" responsável por recuperar o País. O candidato do PSOL respondeu dizendo que na realidade a equipe virou "o time do pesadelo" para o País. Em ataque, Meirelles defendeu-se dizendo que ajudou a criar empregos "para quem trabalha, não para quem invade terras alheias". 

Meirelles x Bolsonaro

Meirelles perguntou o que Bolsonaro fará para combater o desemprego. A resposta do candidato do PSL começou com acusações às antigas gestões, das quais o candidato do MDB fez parte. Respondendo a Meirelles, Bolsonaro voltou a falar na criação de ministérios independentes.

Marina x Álvaro Dias

Marina Silva mencionou a prisão de Lula e acusações de "graves crimes" contra Aécio Neves. Ela perguntou a Alvaro Dias como criar empregos de forma sustentável. O candidato do Podemos disse que o combate à corrupção é uma das ações necessárias. Outras medidas elencadas por ele: segurança jurídica, desburocratização e reforma tributária. Como resposta, Marina prometeu moradia digna para os brasileiros e "criar um novo ciclo de prosperidade", com empregos em diversos setores.

Ciro x Alckmin

Ciro Gomes perguntou a Geraldo Alckmin se ele pretende manter a PEC do Teto caso eleito presidente. O tucano defendeu a redução do tamanho do Estado para resolver a situação. Em resposta, Ciro chamou a emenda de "impraticável" e prometeu revogá-la caso assuma o Palácio do Planalto. Na tréplica, Alckmin disse que a PEC do Teto foi "uma espécie de vacina contra o PT e seus aliados que quebraram o Brasil".

Segundo bloco

No segundo bloco, os candidatos responderam a perguntas de jornalistas, que indicavam ou outro candidato para comentar. 

Bolsonaro foi questionado sobre os números do orçamento e como combater a crise econômica. "São números realmente absurdos. Meus economistas dizem que têm solução, mas vai ser difícil. Temos que reduzir o estado, privatizar e abrir o comércio, sem  viés ideológico." Ciro comentou a resposta discordando de Bolsonaro. "Temos que cortar as despesa, mas com proporção."

Cabo Daciolo foi questionado se, no seu governo, funcionários públicos poderão fazer greve. "No nosso governo não vai acontecer isso porque vamos dialogar com o povo." Marina comentou citando a greve dos caminhoneiros e a 'falta de credibilidade do governo Temer'."

Marina, por sua vez, foi questionada sobre a Previdência. "Reforma é necessária. Queremos ver a terceira idade chegar ao descanso aproveitando para desenvolver outras atividades." Meirelles comentou afirmando que para resolver o problema é preciso ter "um governo competente". "Sei como fazer".

Geraldo Alckmin foi questionado sobre a "velha forma" de se fazer política. Ele garantiu que defende a reforma política, e ainda citou Fernando Henrique Cardoso como o presidente que deu estabilidade econômica ao país . Álvaro dias questionou Alckmin, lembrando a aliança com o Centrão. "O ajuntamento de siglas partidárias é a reedição da tragédia política do Brasil."

Ciro foi questionado sobre a política industrial e, na resposta, aproveitou para defender o ex-presidente Itamar Franco. "FHC explodiu a carga tributária brasileira. Quem  fez o Plano Real foi Itamar Franco, um presidente muito injustiçado."

Boulos foi questionado sobre o plano de segurança. Ele criticou a intervenção federal, afirmando que tudo foi feito na base do "tiro, porrada e bomba". "Pra resolver e preciso investir em inteligência. Vamos fazer isso e enfrentar o crime organizado, que não está no barraco da favela, está mais perto da Praça dos Três Poderes. Basta ver o helicóptero com cocaína que foi encontrado e que não deu em nada."

Terceiro bloco

Houve mais uma rodada de confronto direto entre os candidatos, com direito a réplicas e tréplicas.

Meirelles questionou Bolsonaro, afirmando que, no discurso, fala uma coisa, mas no plano de governo, outra. Meirelles citou especificamente a polêmica sobre salários menores para as mulheres.

"É mentira que eu defenda menores salários para as mulheres. E a CLT já garante salários iguais. Mulher vai ter destaque no meu governo", disse Bolsonaro. Meirelles, por sua vez, aproveitou para afirmar que no seu plano de governo "as mulheres vão ter os mesmos salários."

Ciro Gomes questionou Alckmin sobre o fechamento das indústrias nos últimos três anos. "A base de tudo é a questão fiscal, que causa juros mais altos. Vamos fazer uma política fiscal austera."

Álvaro Dias perguntou a Meirelles sobre sua atuação no combate à corrupção. "Isso começa com sua própria conduta. Estive no Banco Central e na Fazenda, e nunca houve nenhum escândalo ou acusação." 

Marina perguntou a Ciro Gomes sobre os conflitos entre os latifundiários e os indígenas. "Reconheço sua luta nessa área. A impunidade é a grande mestra disso. Kátia Abreu (vice de Ciro e identificada com a causa dos grandes agricultores e pecuaristas)  já compreende com muita clareza a necessidade de achar o equilíbrio."

Bolsonaro questionou Marina se ela era favorável à posse de arma. Ela respondeu que era contra, e aproveitou para comentar a resposta do candidato sobre a questão dos salários de homens e mulheres. "Só uma pessoa que não sabe o que significa mulher ganhar salário menor que homem e ser primeira a ser demitida pode afirmar que a CLT já resolve este problema. É preciso fazer cumprir a Constituição. Não se deve fazer vista grossa, dizendo que não precisa se preocupar."

Bolsonaro respondeu afirmando que estava diante de uma evangélica que defendia o plebiscito sobre o aborto e as drogas, "e que agora vem defender a mulher."

Marina retrucou. "Você acha que pode resolver tudo no grito. Nós somos mães, o que mais queremos é ver um filho sendo educado, e você fica defendendo que tudo deve ser resolvido no grito. Você pegou a mão de uma criança e ensinou como se faz para atirar. A Bíblia diz que se deve ensinar ao filho o correto." O público, pela primeira vez, aplaudiu.

Na sequência, Boulos  aproveitou, antes de dirigir sua pergunta ao Cabo Daciolo, para elogiar Marina Silva. "Colocou Bolsonaro no seu lugar". Em seguida, perguntou ao candidato qual sua proposta para criar emprego.

"Vamos reduzir impostos e juros, e aí vai chegar investimento. Não há crise financeira no país. Vamos preparas nosso jovens, e levar eles para o mercado de trabalho."

Quarto bloco

Na última parte do debate, cada candidato teve 45 segundos para fazer as considerações finais.

Alckmin aproveitou para alfinetar Boulos, que já havia citado que no debate ele via "50 tons de Temer". "Desses 50 tons, boa parte são vermelhos. Foram eles que escolheram Temer como vice."

Meirelles, por sua vez, lembrou que não era um político e que, depois de trabalhar num banco no exterior, voltou e criou empregos no Brasil. "Basta me chamar. Chama do Meirelles!"

Ciro Gomes destacou que o Brasil precisava mudar, e que nessa missão estava junto dos eleitores. 

Boulos aproveitou sua última fala para responder à provocação de Alckmin. "Parece que  carapuça dos 50 tons de Temer serviu, não por acaso".

Bolsonaro destacou que o país precisa de um "político honesto e patriota, que respeite a família e honre as crianças em sala de aula, e afaste de vez o comunismo e o fórum de São Paulo."

Álvaro  Dias disse que não aceitava ser colocado "no mesmo balaio" dos outros. "Queremos substituir esse sistema, vamos refundar a República."

Marina Silva afirmou que ninguém mais poderia ser "protegido pelo foro privilegiado", e Daciolo pediu: "Nos dê uma oportunadade que vocês vão ver que a palavra de Deus é verdadeira."