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Alto endividamento e piso do magistério são desafios para novo governo gaúcho

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Questões polêmicas que marcaram a campanha eleitoral no Rio Grande do Sul – a dívida do estado com a União e o pagamento do piso ao magistério – são desafios importantes para o governador eleito, José Ivo Sartori, do PMDB, avaliam analistas políticos ouvidos pela Agência Brasil.

O problema da dívida do estado com a União vem se arrastando desde 1998 e, atualmente, segundo a Secretaria de Fazenda, o valor está em R$ 45,2 bilhões. Em contrapartida, a receita corrente líquida soma R$ 26,3 bilhões.

Determinado pelo Ministério da Educação, o piso nacional do magistério, de R$ 1.697, ainda não é pago aos professores do estado, o que tem causado conflitos entre a categoria e o governo gaúcho.

Para o diretor do Instituto de Filosofia, Sociologia e Política da Universidade Federal de Pelotas, Álvaro Barreto, as agendas pendentes do governo Tarso Genro, que se candidatou à reeleição, mas perdeu para Sartori, serão herdadas pela nova administração.“Os professores vão agora cobrar do Sartori o pagamento do piso. Mas, enquanto a renegociação da dívida não for resolvida, todas as questões ficarão pendentes, porque hoje há estrangulamento da capacidade de investimento e de aumento dos servidores. Mas, para [a questão] ser resolvida, depende de negociação complexa com o governo federal e com o Congresso Nacional”, disse Barreto.

O professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rodrigo González também acredita que o alto endividamento e o piso do magistério são dois dos maiores desafios do novo governo. “Sartori vai ter que renegociar a dívida com o governo federal, que ele não apoiou durante a campanha”, disse o cientista político. O peemedebista apoiou a candidatura de Aécio Neves, do PSDB, à Presidência da República.

González acrescenta que a busca de uma base de apoio na Assembleia Legislativa e a negociação de cargos na nova equipe de governo são outras dificuldades que devem ser enfrentadas por Sartori. A coligação que o apoiou durante a campanha é formada por oito partidos: PMDB, PSD, PPS, PSB, PHS, PTdoB, PSL e PSDC.

“Uma aliança ampla durante a campanha para se eleger torna difícil a negociação por cargos e prestígio no Poder Executivo. Ele [Sartori] terá o desafio de construir um programa de governo que possa manter as alianças, aprovar propostas e colocá-las em prática”, afirmou o especialista.