ASSINE
search button

Sociólogo brasileiro no NYT: tempo de tratar questões fundamentais no Brasil

Especialista cita mudança na polícia e no sistema penitenciário e na política de drogas 

Compartilhar

O sociólogo e professor da Fundação Getúlio Vargas João Maia publicou um artigo no jornal americano The New York Times nesta sexta-feira (24) sobre os desafios do próximo presidente brasileiro. 

O sociólogo diz que o futuro mandatário deve continuar a promover a democratização, como forma de combater as desigualdades estruturais. Para ele, isso pode ser feito em três áreas principais: 

A primeira área é direitos civis. A violência policial e as altas taxas de homicídios afetam desproporcionalmente os jovens negros do sexo masculino. As forças policiais são organizados a nível regional no Brasil, mas o próximo presidente deve buscar uma mudança na Constituição para permitir a reforma  profunda na polícia, melhorar o sistema penitenciário e instituir uma nova abordagem para a repressão às drogas, como a descriminação de algumas substâncias. A taxa de encarceramento no Brasil vem crescendo, mas as prisões são superlotadas e ineficazes. Eles são um monumento às deficiências dos direitos humanos no Brasil, e a reincidência é alta. Esforços de pacificação antes da Copa do Mundo ajudou a baixar as taxas de homicídio em algumas favelas, mas a militarização da segurança pública está ameaçando os direitos civis dos cidadãos pobres já que a força policial ainda é muito corrupto e violento. 

A segunda área será a gestão dos impactos sociais e ambientais dos projetos de desenvolvimento e agricultura na Amazônia e na região centro-oeste. O próximo presidente deve garantir que os direitos das comunidades locais e grupos indígenas sejam respeitados e que os recursos naturais da terra e não será totalmente mercantilizada, continua o jornalista. 

Finalmente, o próximo líder da Brasil deve promover reformas que mudem a forma como o dinheiro e a política estão conectados. O governo Dilma Rousseff este ano assinou uma lei anticorrupção que visa punir corruptores - empresas privadas, incluindo as estrangeiras sem uma presença permanente - e funcionários públicos corruptos também. A lei parece dura no papel, mas caberá ao próximo presidente aplicá-la. Campanhas estão ficando cada vez mais caras, escândalos de corrupção  refletem um sistema em que as grandes empresas de construção financiam políticos para obter contratos públicos milionários em troca. O próximo presidente terá de reformar o sistema eleitoral para limitar a influência dos grandes doadores e aumentar a transparência e a prestação de contas.