Militantes do PMDB e do PT criaram um verdadeiro “corredor polonês” em frente à Rádio Guaíba, onde candidatos ao governo do Estado do Rio Grande do Sul participaram nesta quarta de um dos últimos debates antes da eleição no domingo. O clima era quase de enfrentamento com apoiadores de ambos os lados frente a frente, a menos de um metro um do outro, gritando todo o tipo de acusações e músicas irônicas ou que remetiam a algum episódio que marcou a campanha. Um saco de farinha foi atirado contra os apoiadores do peemedebista José Ivo Sartori.
“Olha só, atiraram um saco de farinha, eu guardei e vou levar lá para eles verem, foi um rapaz de camisa vermelha que atirou e saiu correndo. Me chamaram ainda de macaca”, dizia a militante do PMDB atingida pelo farináceo. “Se alguém te chamou de macaca, me mostra quem é, tem foto? Isso é campanha, não pode ter ofensa pessoal”, respondia um militante do PT sensibilizado com a injúria que teria sido cometida contra a adversária política.
Outro militante do PT, menos sensibilizado com a história da farinha apenas latia: “au, au, au”, para provocar ainda mais a apoiadora de Sartori. "Ele tirou todos os moradores de rua de Caxias do Sul e mandou para Santa Catarina", acusava um petista, referindo-se à gestão do peemedebista como prefeito da cidade na Serra gaúcha.
Nessa briga que tomou a rua dos Andradas, em um ponto bastante movimentado da capital gaúcha, a via foi fechada pelos militantes, obrigando os motoristas a fazerem retorno pela contramão mesmo, dada a impossibilidade de continuar.
Os ânimos estavam tão elevados que sobrou até para o vendedor de bebidas que passava com um isopor com um adesivo de Tarso Genro colado na camisa. ”Olha a cerveja, água...”, dizia o vendedor em meio à gritaria. “Tira esse adesivo, cara, tu estás te queimando”, reclamava uma apoiadora de Sartori. “Mas pouco me importa isso, eu vou votar no Tarso mesmo”, respondia o ambulante, que no final das contas perdeu o debate e teve o adesivo retirado pela militante.
Outros temas abordados pela militância do PMDB nos ataques foram as declarações de Sartori sobre o piso salarial dos professores, em entrevista ao Terra, quando o candidato do PMDB afirmou que "se quer piso vai na Tumelero". Os militantes petistas gritavam "ah, é Tumelero", enquanto os militantes do PMDB aproveitavam a rima para gritar "ah, é mensaleiro". Outras palavras de ordem também foram cantadas.
No final da manhã, Tarso fez um comício com a presença de Lula no Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público. Os militantes saíram dali e foram com o candidato até a Rádio Guaíba, que fica a menos de 1 km do local do comício. Em frente à rádio já estavam posicionados os militantes do PMDB, que chegaram em uma van com adesivos de Sartori e Aécio.
Com a chegada dos militantes do PT, os peemedebistas foram afastados da frente do "estúdio cristal", da Rádio Guaíba, onde poderiam ver o debate ao vivo. Não houve qualquer indício de violência. No meio do "corredor polonês", um rapaz que carregava uma bandeira de Sartori e Aécio puxou um cigarro; quem acendeu para ele foi um militante do PT, com boné da CUT. Com os cigarros acesos, eles seguiram cantando palavras de ordem dos seus candidatos.