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El País: a esquizofrenia populista

O PT promoveu o enriquecimento e também tirou muitos da miséria, mas serviços desagradam

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Uma reportagem do jornal espanhol El País fala sobre as principais vitórias e derrotas do governo petista, que chamam de populista. Eles dizem que, na última década, 35 milhões de pessoas saíram da pobreza. Isso gerou um boom de consumo, com a ascensão da chamada Classe C, que se viu num lugar onde nunca tinha estado antes: com acesso à tecnologia, viagens, carro e que se transformou numa classe consumista. O jornal diz, porém, que quando se sai da vida privada e se vai para a vida pública, a situação é caótica.

"Esse ciclo de consumo encontrou um limite na deterioração da vida pública. Em meados do ano passado o desajuste se expressou nos protestos nas grandes cidades do país. A população saiu à rua para se queixar porque os hospitais, ônibus ou escolas não eram “padrão FIFA”, como os estádios que estavam sendo construídos.Essas mobilizações, inauguradas em São Paulo após o aumento no preço do transporte, evidenciaram as penúrias que se tem de enfrentar quando se transpõe a porta de casa". 

O jornal destaca situações negativas: das estradas brasileiras, somente 12% estão asfaltadas; 81% dos 116 hospitais mais requisitados estão em más condições;somente 12% das obras de infraestrutura prometidas; foram 181 apagões desde 2011;  Petrobras se individou para subsidiar o combustível; nenhum porto foi construído.

Eles ainda ressaltam que, segundo pesquisas, 50% das pessoas da Classe C, ou a nova classe média, vivem nas favelas. Ou seja, são pessoas com poder de consumo, mas que vivem em situação de risco, em áreas com pouco ou nenhum acesso a serviços públicos e básicos. 

O jornalista diz que "a esquizofrenia do bem-estar doméstico e da inquietação pública não é paradoxal. Está na essência do projeto populista". E completa dizendo que, na Venezuela, Maduro dá tablets de presente, mas se conectar a internet leva mais de 15 minutos e que Cristina Kirchner multiplicou os celulares, mas como não se preocupou com a interconexão, os argentinos já não conseguem comunicar-se pelo celular.