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'The New York Times': "Escândalo na Petrobras tumultua as eleições"

O jornal americano analisa as implicações sobre o escândalo da Petrobras na reeleição de Dilma

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Em artigo publicado nesta segunda-feira (20) o New York Times faz uma análise sobre os escândalos da Petrobras e as eleições brasileiras. Segundo o jornal, o caso tem se tornado um desafio para Dilma Roussef, candidata a reeleição pelo partido dos trabalhadores (PT).

Aécio Neves, candidato pelo PSDB, tem se aproveitado do escândalo que envolve o partido de Dilma e a maior empresa estatal do país, para subir nas pesquisas. Durante os debates, o candidato tucano tem tentado chamar a atenção para o ex-presidente da Petrobras, Paulo Roberto Costa.

Quando confrontado com a possibilidade de ser preso, Paulo Roberto Costa optou por um acordo judicial. Em troca, ele tem testemunhado contra o governo atual, falando sobre os acordos no setor de refino de petróleo.

Segundo o New York Times, o depoimento de Paulo Roberto Costa tem levado Dilma a enfrentar perguntas sobre o esquema de corrupção na Petrobras, tumultuando uma corrida presidencial já agitada.

Ainda segundo o jornal americano, os escândalos na principal empresa estatal brasileira tem levantado opiniões sobre como ela deve ser gerida. Desde o inicio de seu governo, Dilma impôs maior controle sobre a empresa, de acordo com a sua visão de que empresas estatais devem ser os pilares do desenvolvimento econômico do país.

Aécio tem alegado, no entanto, que o escândalo serviu para afirmar que a gestão da Petrobras se tornou algo político e que é uma ferramenta para a manutenção do PT no poder. Segundo o jornal americano, Paulo Roberto Costa testemunhou em depoimento que os orçamentos de novos projetos foram inflados depois que ele foi promovido para supervisionar as operações de refino.

Além disso, o Paulo Roberto Costa afirmou ter pagado propina ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, além de outro aliados do partido. No entanto, em uma outra reviravolta sobre o escândalo, Costa teria subornado figuras importantes do PSDB de Aécio Neves, em 2009, para ocultar um inquérito sobre irregularidades na Petrobras.

Segundo o NYT, o escândalo pode ter prejudicado a campanha de Dilma Roussef, que supervisionou a Petrobras durante o governo Lula e foi presidente do conselho de administração durante o período que Costa diz ter montado o esquema de suborno. Ainda segundo o jornal, Dilma não faz mais parte da diretoria, mas teria escolhidos os principais executivos da empresa.

Durante a campanha eleitoral, Dilma protestou contra as divulgações publicas do testemunho de Costa, classificando-as como um ‘golpe de estado’ numa  tentativa de minar sua reeleição. No entanto, a atual presidente reconhece a prevalência da corrupção nos setores da Petrobras, negando saber algo sobre o ocorrido. E garantiu para o Estado de S. Paulo: "Se alguma coisa aconteceu, e tudo indica que sim, eu posso garantir que todo o sangramento que, eventualmente, pode ter existido foi estancado".

O artigo segue dizendo que empresas estatais, como a Petrobras, seguem vulneráveis aos esquemas de propina, já que o Brasil, os presidentes ficam a mercê das coligações no congresso nacional. Com mais de 20 partidos com diversos matizes ideológicos, líderes estão sujeitos a acordos para conseguir apoio. "É a Corrupção 101: Você ganha o controle de uma empresa estatal e, em seguida, canalizar os recursos de que os partidos em sua coligação", disse Sérgio Lazzarini, economista do Insper, em entrevista para o NYT. "A situação é endêmica, não deve mudar, independentemente de qual presidente está no poder."