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AM: "Sou um caboquinho do interior", diz candidato ao governo

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À frente do governo do Amazonas desde 4 de abril, quando assumiu o cargo deixado pelo então governador Omar Aziz (PSD), José Melo (PROS) experimenta, pela primeira vez, a disputa direta para o cargo de governador. Mas sua experiência política vem desde o final da década de 1980.

Desde aquela época, professor Melo, como é mais conhecido, foi secretário estadual e municipal de educação, duas vezes deputado federal, deputado estadual, secretário de governo de seu atual adversário nas eleições desse ano e, por fim, em 2010, se tornou vice-governador até chegar ao cargo mais alto do Executivo estadual, o qual disputa a reeleição.

José Melo tem 68 anos é natural da cidade de Ipixuna, que fica a 1.380 km de Manaus, no extremo sudoeste do Amazonas, na divisa com o Acre. Ele concedeu entrevista ao Terra, em uma tarde de sábado, após enfrentar uma maratona de caminhadas e visitas por bairros da zona oeste da capital Amazonense. A conversa ocorreu na pausa para o almoço do candidato, por volta das 15h30, pois, pelo cronograma da campanha, o dia ainda reservaria outros encontros e caminhadas com agendamentos confirmados até a meia-noite. 

Veja a entrevista: 

 Terra - O senhor e seu adversário optaram por iniciar a propaganda eleitoral do segundo turno somente na segunda-feira (13) e não na quinta (9), como definido pelo TSE. Porque essa decisão e qual será o norte de seus programas na TV e no rádio?

José Melo - Foi uma decisão dos nossos amigos da campanha. Mas eu vou mostrar os programas que nós nos propusemos a oferecer ao povo do Amazonas. Um exemplo, na área da saúde eu tenho dois programas que são programas que têm o objetivo de oferecer um serviço de saúde de melhor qualidade e também de maior quantidade.

Nos temos hoje em Manaus um problema muito sério que são as filas. Filas para cirurgias, filas para consultas e exames especializadas. Eu vou ampliar em cinco hospitais. Alías, quatro, porque um eu já estou construindo, que é o hospital da zona Norte. E nesses hospitais, com essa ampliação, vou criar 900 novos leitos e vou reequipar esses hospitais e, aí, ampliar o número de atendimento de exames e consultas especializadas, e cirurgia. Vou também construir uma unidade de saúde que é um centro de diagnóstico e imagem. Toda parte de radiografia, toda essa parte de imagem e exames será centralizado lá; uma espécie de Fleury (Hospital Paulista), ligado por fibra ótica com os hospitais para que, quando a tomografia ou o raio-x estiver sendo realizado, o médico poder, nos hospitais, acessar o resultado.

No interior do Amazonas, vamos pegar 14 polos em pontos estratégicos, vamos ampliar os hospitais e reequipá-los e vamos colocar médicos especialistas, que hoje não tem. E lá, vamos fazer cirurgias de média complexidade e também fazer exames e consultas especializadas. Com isso, os 80% da demanda do interior que vem para Manaus será resolvido. Para cá virá só a alta complexidade.

E vou fazer um trabalho especial no Cecom (Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas). Lá, onde hoje tem o estacionamento, ali vou mandar cavar para fazer o estacionamento para baixo e vou construir dois andares para que seja feito setores de radioterapia e quimioterapia. E aquela área hoje do antigo Cecom, quero fazer a parte ambulatorial e a parte de cirurgias de adultos porque eu estou adquirindo a Santa Casa de Misericórdia (Fechada desde 2004) para reformá-la e adaptar o prédio para ser um hospital do câncer para criança. E aí, eu estou me louvando do Hospital de Barretos (interior de SP), que é considerado o melhor hospital da América Latina no tratamento de câncer em criança, e vou trazê-lo para administrar a nossa Santa Casa, que agora vai se transformar no hospital do câncer infantil.

E vou construir num município pólo desses aí; nós estamos estudando o lugar mais estratégico, um Cecom para atender o pessoal do interior.

E um desses municípios polo será Manacapuru (a 78 km de Manaus), onde vamos construir um desses hospitais, que irá atender pacientes de Anamã, Anori, Beruri e Caapiranga, que fica pertinho. Com esses hospitais polos, a gente fica com 100% do interior coberto com uma boa rede de hospitais. Esses são os pontos da saúde pública onde vamos dar mais ênfase. Que são os pontos onde hoje nossa saúde pública mais precisa melhorar.

Terra - Como serão os primeiros programas? 

José Melo - Serão de agradecimento. Porque uma vitória como a nossa, é uma vitória que tem que ser festejada todo dia. Porque, vocês viram que quando saiu a primeira pesquisa eu tinha 1,5% e o meu adversário hoje tinha 67% e nós conseguimos chegar no dia da eleição empatados em 43%. Foi uma enorme vitória, tanto é que hoje eu saí para o Tarumã (bairro da zona oeste) para agradecer os votos. E depois vamos entrar nos assuntos mais específicos de nossa campanha.

Terra - Falando em pesquisa... dois institutos, um regional (Perspectiva) e um nacional (Ibope), erraram os resultados das eleições no primeiro turno para o governo. Eles diziam que o senhor não chegaria ao segundo turno, mas as urnas provaram o contrário. Já, ontem, (sexta, 10) na primeira pesquisa encomendada por um outro instituto regional (DMP), o senhor aparece na frente com 56,4% das intenções de voto contra 43,6% de seu adversário. Com esse histórico de erros das pesquisas, o senhor ainda acredita nelas?

José Melo - Nessa pesquisa que saiu agora eu confio, porque ela foi a única que acertou. Primeiro ela disse que teria segundo turno, segundo disse que eu teria entre 41 a 43% dos votos, e falou isso uma semana antes do pleito acontecer, ou seja, corroborou com a pesquisa verdadeira que são as urnas.

Já essas outras pesquisas feitas ao longo do primeiro turno, foram pesquisas encomendadas; pesquisa de paletó. Por exemplo o Ibope. Ele nunca acertou no Amazonas, como errou em várias partes do Brasil também. O Ibope aqui no Amazonas colocou eleição no primeiro turno com 51% para o meu adversário foi uma sandice, uma irresponsabilidade. Aquilo não se faz. Se vivêssemos num país onde as leis tinham que ser levadas a sério mesmo para valer, alguém teria que pagar por aquilo, porque o prejuízo foi pra mim, para o candidato Marcelo Ramos (PSB) e para os outros candidatos. Mas não foi para o outro candidato que chegou lá com 51% dos votos que não tinha e que ficou provado. Aquilo quebrou o princípio da isonomia de uma pesquisa, quebrou o equilíbrio da democracia; aquilo ali foi uma coisa graciosa, mentirosa. Não conto adjetivos para classificar. Eu sempre disse que as pesquisas verdadeiras vocês vão ver nas urnas.

Eu confesso que imaginava ter aí uns 39%. Eu confesso. Mas o povo foi muito mais generoso do que eu imaginava. O que existe hoje, e o que já existia naquela época, é uma tendência de crescimento da nossa candidatura e uma tendência de queda para a candidatura do meu atual adversário. Mas hoje eu acredito mais naquilo que estou vendo no dia a dia. Há claramente uma decisão no povo do Amazonas, graças a Deus, em torno da nossa candidatura.

Terra - O primeiro turno foi marcado por muitos ataques pessoais de seu adversário ao senhor e a sua candidatura. Como a acusação de que o senhor usou a máquina da prefeitura e a máquina do governo, por exemplo. O senhor pretende revidar ou responder esses ataques? 

José Melo - Não ao meu adversário. Mas, veja: se eu tivesse usado as máquinas da prefeitura e do Estado, e elas são poderosas, eu teria ganhado essa eleição no primeiro turno com uma diferença muito grande.

Nós estamos fazendo nossa campanha limpa. Não atacamos ninguém. Fomos atacados sobre todos os aspectos, mas não respondemos. Nos limitamos a ficar olhando para frente.

Eu perdi a eleição em 37 municípios (de 62). se eu tivesse usado a máquina, não teria perdido em nenhum. Não só isso. Teria ganho com uma diferença muito grande. Aqui em Manaus, como é que se pode usar a máquina se eu tive cinco por cento a mais que o meu atual adversário. Essa história de uso de máquina é balela. É pra quem está desesperado e quer encontrar alguma coisa para poder desviar o foco.

Eu não preciso disso. A história da minha vida não precisa disso. Eu sou servidor público há mais de 30 anos. Todas as minhas eleições eu tive votação expressivas. O povo do Amazonas entende que eu estou preparado, que eu tenho experiência. Entendem que aquilo que o Omaz (Aziz, ex-governador e senador eleito) fizemos foi bom e que precisa ser aprimorado. Elas acham que eu sou a pessoa com esse aprimoramento.

Agora, eu não posso evitar que um servidor público vote em mim. Eu não posso evitar, por exemplo, que os servidores da saúde num sábado, que é seu descanso, vá fazer bandeirasso pra mim. Isso é uma decisão individual. Esse governador aqui, em momento nenhum, chegou e disse ó, você é obrigado a fazer isso ou aquilo.

Pela primeira vez, na história do Amazonas, os servidores públicos estão uníssonos em torno de uma candidatura de um governador Por que? Porque o Omar e eu tratamos o servidor público com respeito, com dignidade. Fizemos os planos de carreira, fizemos as promoções. E isso é resultado de um trabalho.