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Manifestantes marcham no Rio contra Levy Fidelix e a favor dos direitos LGBT

Protesto foi motivado por declarações homofóbicas do candidato em debate deste domingo

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Um grupo de manifestantes favoráveis aos direitos LGBT realizou uma caminhada pacífica nesta terça-feira (30) em função das declarações feitas pelo candidato Levy Fidelix (PRTB) no debate presidencial no último domingo.  Cerca de 300 pessoas caminharam pela Avenida Rio Branco, no Centro do Rio, como forma de demonstrar repúdio ao discurso do presidenciável, que declarou em rede nacional não fazer questão dos votos da comunidade LGBT, disse que não iria “estimular” a união homoafetiva e convocou uma “maioria heterossexual” a combater o que o candidato chamou de “minoria homossexual”.

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A concentração do grupo aconteceu na Candelária e por volta de 18h30 o grupo seguiu pela Avenida Rio Branco em direção à Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro. O policiamento na região foi fortemente reforçado. Não houve incidentes na manifestação. No evento oficial marcado através de redes sociais, cerca de três mil pessoas confirmaram presença como forma de demonstrar apoio às causas LGBT. Segundo alguns manifestantes, muitas pessoas deixaram de comparecer à passeata por conta do mau tempo.

O estudante Murilo Araújo, doutorando em Linguística Aplicada e integrante do coletivo Diversidade Católica, acredita que o movimento significou uma marcação de posição da comunidade LGBT em relação à fala do candidato Levy Fidelix, classificada pelo estudante como criminosa. “Não é liberdade de expressão, é um discurso de ódio violento e a gente não pode ficar calado diante desse tipo de coisa. Os homofóbicos não podem continuar tendo a impressão de que eles têm o direito de falar qualquer coisa sem que a gente se posicione, sem que a gente reforce o direito de ser quem somos e de amar quem amamos”, pontuou.

O estudante disse que a forma como os direitos da comunidade LGBT vêm sendo tratados pelos presidenciáveis ainda é um problema sério. “O que a gente viu foi uma centralidade muito grande utilizada única e exclusivamente com finalidades eleitoreiras, com alguma exceções. Ainda é uma realidade muito difícil, mas momentos como esse são importantes para marcar posição e cobrar atitudes de quem quer que seja eleito. A situação não pode ficar como está, a gente precisa de uma série de políticas que garantam o avanço dos direitos da comunidade LGBT”, afirmou.

O protesto seguiu sendo acompanhado pela polícia, enquanto os manifestantes pediam o fim da discriminação, o direito ao casamento igualitário e a aprovação do projeto de lei PLC 122, que criminaliza a homofobia. Sentados na escada da Câmara Municipal, o grupo fez um minuto de silêncio em memória às 216 vítimas fatais de homofobia que foram notificadas apenas neste ano.

De acordo com a estudante de Letras Julia Newlands, que também estava presente na manifestação, os impactos das declarações de Levy foram muito fortes e geraram medo na comunidade LGBT. “Eu senti muito medo em um segundo momento, no primeiro momento eu senti incredulidade. Eu senti que seria atacada, eu sabia que aquilo não era um discurso restrito à televisão, era um discurso de qualquer um na rua”, declarou.

A estudante disse ainda esperar que o debate acerca dos direitos LGBT tenha mais visibilidade, funcionalidade e que seja feita alguma coisa que ajude a proteger o grupo de ataques homofóbicos. “Espero que tenha algo que proteja a gente. Não necessariamente a criminalização, mas que tenha uma conscientização da população. Infelizmente eu não vejo isso sendo trabalhado agora, então não acredito que vá acontecer nos próximos quatro anos”, lamentou.

Apoio à causa LGBT

Simpatizantes dos direitos da comunidade LGBT também aderiram à passeata. A estudante de Comunicação Social Júlia de Marins participou da manifestação contra a fala do candidato porque, apesar de não fazer parte da comunidade LGBT, também se sentiu indignada com o discurso. “É um absurdo em rede nacional um candidato à presidência fazer uma declaração tão discriminatória e incitando ódio contra a comunidade LGBT. Eu vim prestar meu apoio, eu acho que é isso o que falta ser feito pelas pessoas heterossexuais. As pessoas são muito omissas e não se posicionam. Por mais que elas não façam efetivamente parte da comunidade LGBT, devem se posicionar porque estamos falando de cidadãos que, como todos os outros, devem ter seus direitos respeitados”, reclamou.

Ainda nesta segunda-feira (29), o deputado federal Jean Wyllys (PSOL), junto à candidata presidencial Luciana Genro (PSOL), teria declarado a entrada de uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a punição de Levy Fidelix por incitar o ódio e a violência contra a população LGBT. A Comissão Nacional da Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também entrou com uma ação no TSE pedindo a cassação do registro da candidatura de Fidelix. Uma terceira ação contra o candidato, movida pelo PSTU também foi protocolada.

Debate presidencial

Durante o debate exibido pela Record no último domingo, o candidato Levy Fidelix declarou que “aparelho excretor não reproduz” após ser questionado pela candidata Luciana Genro (PSOL) sobre o que motivaria o candidato a manter sua postura contrária ao casamento igualitário. Após Luciana Genro lembrar o candidato que o Brasil é campeão de mortes da comunidade LGBT, Levy estabeleceu um paralelo entre homossexualidade e pedofilia e disse que não iria “estimular” a união homoafetiva. Na tréplica, o candidato disse ainda que é preciso “ter coragem” e convocou uma “maioria” heterossexual a “enfrentar a minoria”.

Após o debate, Levy teria dito que “não é homofóbico, mas que apenas defende a maioria”. O candidato do PRTB teria declarado também que irá solicitar proteção à Polícia Federal nesta reta final das eleições 2014.

*Do programa de estágio JB