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Financial Times: Dilma Rousseff apaga vantagem anterior de Marina Silva

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O Financial Times publicou nesta terça-feira (30) uma reportagem crítica comentando o avanço da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas de intenção de votos. O jornal inglês começa sua reportagem convidando seu leitor a imaginar “uma presidente que presidiu o mais lento crescimento econômico desde o início de 1990, incluindo uma recessão técnica este ano” e também “que essa mesma presidente vem de um partido cuja liderança foi no ano passado preso por corrupção e que é ela mesma enfrenta alegações de corrupção generalizada na empresa estatal de petróleo”. O texto segue dizendo que o partido “dessa presidente” está há 12 anos no poder e “já provocou o cansaço do eleitor” e pergunta: “Qual deve ser a chances da presidente ser reeleita?”.

Já mostrando discordância em relação ao resultado logo em suas primeiras linhas, o texto responde sua pergunta ao leitor dizendo que “no caso da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, a chance é grande”. O Financial explica que o Brasil está às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial e que os principais candidatos são Dilma e Marina.

O jornal segue dizendo que, há semanas atrás, Marina era a favorita à eleição e lembra a morte de Eduardo Campos. Segundo a publicação, após a tragédia, a candidata se tornou a promessa de uma nova política, que conquistou os eleitores “cansados do PT de Rousseff e não convencidos pelo seu tradicional rival, o PSDB, liderado pelo candidato Aécio Neves”.

Contudo, continua a reportagem, “a tecnocrata e ex-guerrilheira de esquerda, Dilma Rousseff”, lutou para avançar nas pesquisas e, agora, se mostra um pouco à frente dos demais candidatos. O jornal cita a última pesquisa do Ibope, que apontou a vantagem da presidente e candidata à reeleição.

O Financial diz ainda que Dilma tem a vantagem de, por ser presidente em exercício, com um forte partido no Congresso, ela naturalmente tem mais tempo de propaganda na televisão. O jornal diz que a presidente se aproveita das conquistas do Brasil durante sua liderança para conquistar votos e também de discursos em eventos da ONU para divulgar sua candidatura. A matéria diz que Dilma tem mais de cinco vezes mais exposição no horário eleitoral do que Marina Silva e cerca de duas vezes e meia a mais do que Aécio Neves. A publicação explica que, no Brasil, o horário eleitoral é gratuito e critica: “em um país em que o acesso à Internet, embora em rápido crescimento, ainda é carente de quase 60% dos lares”.

A reportagem analisa que, talvez, a razão fundamental para o crescimento de Dilma seja, “ironicamente, seu ponto fraco: a economia”. O texto explica que, apesar apresentar um crescimento lento, o Brasil ainda tem uma baixa taxa de desemprego e que as empresas, na  esperança de uma recuperação, continuam relutantes em despedir trabalhadores qualificados, enquanto as mudanças demográficas têm reduzido o crescimento da força de trabalho.

O jornal segue dizendo que Dilma tem apoio mais forte entre a classe média baixa e baixa e afirma que essas foram as classes que mais se beneficiaram de programas sociais do governo e aumentos salariais. O jornal diz ainda que as classes média baixa e baixa “são mais propensas a ser espectadoras cativas do horário gratuito de televisão”. O Financial segue sua crítica dizendo que Dilma conhece “a vulnerabilidade dessas pessoas” e fez uma “campanha de medo” sugerindo que Marina irá cancelar os programas sociais.

A publicação segue afirmando que Dilma tem procurado vincular Marina Silva com os grandes bancos “na mente dos brasileiros pobres e endividados”, sem citar que a candidata do PSB tem apoio do Banco Itaú. Em seguida, o texto fala que Dilma tem argumentando que a proposta de Marina Silva sobre o Banco Central Independente vai ajudar os banqueiros usurários ou magnatas bancários, sem dar continuidade ao tema.

Mudando o rumo dos argumentos, o Financial Times diz que o verdadeiro desafio para Dilma Rousseff ainda pode estar por vir. Para o jornal, nas duas semanas entre o primeiro e o segundo turno, tanto a presidente quanto a candidata Marina Silva terão tempo igual de publicidade na televisão gratuita, já descartando qualquer possibilidade de Aécio Neves conseguir passar a candidata do PSB, apesar do crescimento do tucano nas pesquisas. O Financial avalia Marina dizendo que ela “carece de recursos, mas compensa em convicção e carisma”.  A reportagem finaliza dizendo que, agora, Dilma tem impulso, mas que, no segundo turno, “ela terá que mobilizar tudo que vasta máquina partidária do PT tem para oferecer” e prevê: “e mesmo que ainda não seja o suficiente”.