No debate realizado neste domingo (28), na TV Bandeirantes, aconteceu um embate descrito como “tenso, mas educado”, pelo artigo publicado pelo El País, nesta segunda-feira. Com apenas uma semana para a decisão nas urnas, Dilma Roussef parece ter encontrado seu inimigo nesta campanha eleitoral. Segundo o artigo do El País, durante o debate, a presidente se concentrou em atacar à Marina Silva, candidata pelo PSB.
Assim como tem se repetido em sua campanha, Dilma tem atacado as incongruências do discurso de Marina com seu plano de governo. Durante o debate, a atual presidente acusou a ex- ministra do Meio Ambiente de “inconsistente” e de que Marina teria militado em quatro partidos diferentes nos últimos anos, além de ter votado contra a CPMF (contribuição provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira). Durante sua campanha, Marina teria afirmado ter votado a favor da CPMF, mesmo com o voto contra a medida feito pelos seus companheiros de PT à época.
Em sua defesa, Marina afirmou que sempre advogou pelos mesmos valores e que por isso, por se manter com os mesmo ideais, tem mudado de partido. Colocado em terceiro lugar nas disputas, Aécio Neves do PSDB tem sido dado como eliminado da disputa no segundo turno. Durante o debate na Band, o candidato tentou reafirmar seu espaço ao se dirigir aos eleitores dizendo que, enquanto as duas principais candidatas da disputa estão brigando, ele se teria se preparado para brigar ao lado do eleitor “para melhorar o Brasil”.
Divulgada antes do debate, nesta sexta-feira (26), a mais recente pesquisa realizada pela Folha de S. Paulo mostra os percentuais de Dilma subindo, enquanto que Marina está caindo. O artigo do El País levanta a hipótese de que se essa tendência de mantiver, existe a possibilidade, “ainda que remota”, de que a atual presidente seja reeleita no primeiro turno. Com isso, segundo o El País, Dilma seguiu o debate se apresentando como a candidata com mais experiência e com mais possibilidade de defender o que foi conquistado nos últimos anos pelo governo.
Marina Silva, no entanto, passou boa parte do debate negando, repetidamente o que, segundo a candidata, são mentiras e rumores lançados pelo PT como o de que ela vai acabar com programas sociais como o Bolsa Família, caso chegue ao poder. Além disso, atacou Dilma ao acusá-la de ter levado a indústria brasileira ao fracasso durante seu governo. Durante o debate, Marina também tentou desvincular sua imagem a uma filiação de esquerda ou de direita, afirmando que a sociedade moderna já deixou pra trás essa dicotomia.
Aécio Neves, em suas últimas palavras durante o debate, aproveitou para acusar Dilma de ter perdido as condições de governar o país e de que Marina nunca teria adquirido essas condições. Lembrou, também, que sua aliança tem subido nas pesquisas nos últimos dias em uma mensagem esperançosa aos eleitores.
Mesmo com alguns analistas prevendo que Marina pode perder já no primeiro turno, a candidata se prepara para enfrentar o segundo turno, onde acredita que terá mais oportunidades. Nas perguntas finais do debate, no entanto, uma voz dissonante do candidato do Levy Fidelix, do PRTB, fez declarações polêmicas após ser perguntado sobre a lei que permite casamento entre casais homossexuais. Exaltado o candidato respondeu: “Dois iguais não fazem filho. E, desculpe, aparelho excretor não reproduz (...) Que esses que tenham esses problemas sejam atendidos no plano psicológico e afetivo, mas bem longe da gente”. O comentário, com razão, inflamou as redes sociais.