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'El País': Brasileiros em dúvida poderão definir eleições no último minuto 

Jornal espanhol avaliou que qualquer um dos candidatos pode acabar conquistando a presidência

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Várias incógnitas e sentimentos contraditórios estariam marcando as eleições presidenciais que irão acontecer em outubro, segundo o jornal espanhol El País. Apesar de pesquisas apontarem para que 70% dos eleitores desejam fortes mudanças, quem vem dominando a corrida pela presidência da República é justamente a atual presidenta Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição. A outra principal candidata, Marina Silva (PSB), estaria se auto-afirmando como agente da mudança, mas carregaria o estigma de ter construído sua carreira política no partido que rejeita – visto que militou pelo PT durante mais de 25 anos e chegou a ser ministra da gestão do ex-presidente petista Lula da Silva.

O jornal lembra também de Aécio Neves (PSDB), que segue em terceiro lugar na disputa. Aécio seria uma alternativa real ao modelo de governo vigente, visto que alega ter sido oposição durante todos os 12 anos de governo PT. Contudo, é uma alternativa oriunda de um partido que já sofreu três derrotas consecutivas nas urnas – duas vezes contra o ex-presidente Lula e, mais recentemente, contra a atual presidente Dilma.

Um bloco de eleitores que são declaradamente contrários ao PT teria forte relevância nessas eleições, de acordo com o jornal de Madrid. Seriam eleitoras que votariam em qualquer candidato desde que rompesse com o prosseguimento da gestão petista do país. Esse grupo acusaria Dilma de ter elevado a inflação brasileira, de ser a responsável por uma baixa produtividade, pelo aumento dos juros e pela incerteza que existiria sobre a situação do desemprego no país. Entre esses eleitores, muitos não se identificam com a candidatura ambientalista e evangélica de Marina, mas querem menos ainda que o PT se mantenha no poder.

Portando, o jornal diz que muitos desses eleitores votarão no primeiro turno em Aécio e, em um eventual segundo turno, migraram suas apostas para Marina. Segundo o jornal, a máxima de que “mais vale o mau conhecido do que o bom por conhecer” pode estar se tornado realidade nessas eleições. Mesmo os desejosos por mudanças estariam sucumbindo diante de modelos de governo desconhecidos – principalmente quando se trata de Marina Silva, como aponta o El País.

Esses eleitores reconheceriam que o Brasil não tem caminhado muito bem, apresentando índices econômicos que assustam e casos de corrupção recorrentes. Também concordariam que o Governo não foi eficiente em oferecer serviços públicos de qualidade e nem suprir as exigências de uma sociedade que se moderniza de modo mais expresso que os próprios governantes. Contudo, reconhecem também que o país apresentou evidentes melhorias, fez inquestionáveis conquistas no campo social e assumiu um importante papel no cenário internacional.

Portando, o El País diz que todas essas dúvidas motivadas pelas contradições das principais opções de voto acabem fazendo com que o voto seja avaliado e reavaliado até o último momento pelos eleitores. De acordo com o jornal espanhol, analistas afirmariam que qualquer resultado nessas eleições são possíveis de que acontecer – e que possíveis surpresas não devem ser subestimadas.