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Representantes de presidenciáveis debatem inflação e crescimento econômico

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Representantes das campanhas dos candidatos a presidente Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) participaram hoje (22) do seminário Cenário pós-eleições, na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro.

Integrante da equipe de Marina Silva (PSB), o economista Marco Bonomo, defendeu a autonomia do Banco Central (BC) como forma de combater a inflação com menos sacrifícios. Para o economista do Instituto de Ensino e Pesquisa, um BC autônomo tem maior credibilidade por não ser "atrapalhado por interferências políticas" e é capaz de conter as variações de preços.

"Se o BC não tem credibilidade, ele não consegue influenciar as expectativas de forma positiva. A autonomia impede que pressões políticas atrapalhem sua missão", disse, acrescentando que o BC autônomo não será uma entidade independente da sociedade, pois receberá do governo a meta de inflação que deve perseguir. "Ele tem autonomia operacional para cumprir os objetivos conferidos a ele pela sociedade".

Na avaliação do economista,  o próximo governo encontrará uma situação econômica pior que em 2002, ano em que houve transição entre os governos do PSDB e PT. "A economia está desaquecida e um aperto monetário pode criar um aprofundamento da recessão e depreciar ainda mais o câmbio".

Na visão dele, o baixo desemprego torna a inflação mais persistente. Outro fator é o endividamento das famílias de menor renda, cuja inadimplência pode comprometer os bancos públicos. O economista também defendeu uma desoneração para todos os setores, para estimular a competitividade.

Já o economista Samuel Pessôa, integrante da equipe do candidato Aécio Neves (PSDB), criticou a atual política econômica, por estar "ao sabor das pressões que batem à porta do governo" e ter caráter "desenvolvimentista", aumentando a interferência do Estado e a ineficiência macroeconômica.

"Essa não é uma agenda da sociedade. É uma agenda dos formuladores da política econômica, que acreditam que essas políticas são absolutamente fundamentais para a recuperação da capacidade de crescimento", disse.

Na avaliação de Pessôa, há uma forte intervenção no câmbio, "enorme leniência" com inflação, "adoção recorrente de artifícios" para atingir a meta de superávit primário, "fortíssima redução de superavit primário", controle de preços e uma política "heterodoxa" de juros. "Convivemos com a inflação no teto da meta há três anos. O BC aceitou o teto da meta", disse, alegando que a diferença entre a meta, de 4,5%, e o teto, de 6,5%, foi concebida para acomodar impactos externos.

Pessôa também criticou o argumento de que o baixo crescimento da economia se deve à conjuntura internacional. "Dizer que o resto do mundo é responsável pela nossa desaceleração simplesmente não faz sentido”.

Presente ao evento, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, rebateu as críticas ao atual governo e disse que os juros não podem ser vistos somente como instrumentos de política monetária e defendeu medidas adotadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“O que a gente faz é dar isonomia aos empresários brasileiros em relação ao que eles têm de custo financeiro lá fora. Não temos mercado de crédito de longo prazo para emprestar para as empresas de médio e longo prazo", disse.

O comitê de campanha da candidata à reeleição, presidenta Dilma Rousseff (PT), não enviou representante ao seminário.