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Eleições: candidatos à Presidência participam de debate na CNBB

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Os principais candidatos à Presidência da República participaram, nessa terça-feira (16), do debate promovido pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida, no Vale do Paraíba. Estiveram presente Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB), Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV), Levy Fidelix (PRTB) e Eymael (PSDC).

O evento aconteceu em um centro de eventos do Santuário Nacional minutos depois de ser divulgada nova pesquisa Ibope apontando segundo turno entre Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB)– com vantagem de três pontos percentuais (43% a 40%) da ex-senadora sobre a petista. Aécio apareceu no levantamento com 19% no primeiro turno, diante de 30% da pessebista e 36% da petista.

As perguntas foram feitas por bispos da Igreja e jornalistas de veículos católicos e distribuídas sempre por sorteio, inclusive na ordem dos embates diretos.

O tema da corrupção foi levantado por Aécio, quando questionado por Pastor Everaldo sobre a Petrobras. Para o tucano, os brasileiros estavam "envergonhados e indignados,"

"Como presidente da República, [Dilma] sempre fez questão de mostrar de forma muito clara quem é que mandava naquela empresa. De lá para cá, outra gravíssima denúncia surgiu, que fez que o mensalão parecesse coisa pequena", disse, em referêcia às denúncias de pagamento de propina a políticos com contratos superfaturados na estatal.

Dilma rebateu o tucano dizendo tem tolerância zero com a corrupção. Afirmou que quem investigou a Petrobras foi a Polícia Federal de seu governo e citou medidas para combater irregularidades.

"Nunca escolhemos 'engavetador' geral da República. Se hoje se descobre atos de corrupção ilícitos é porque não varremos para baixo do tapete", respondeu.

Luciana Genro mencionou escândalos envolvendo o PSDB quando questionada por Aécio sobre educação, como o mensalão mineiro, com supostos desvios de dinheiro público para bancar a candidatura de Eduardo Azeredo ao governo de Minas em 1998. Falou sobre compra de votos para aprovar a emenda da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, suspeitas de corrupção nas privatizações, além da construção de aeroporto público perto da fazenda de Aécio.

"O senhor fala como se no governo do PSDB nunca tivesse havido corrupção, quando na realidade nós sabemos que o PSDB foi o precursor do mensalão e o PT deu continuidade a essa prática de aparelhamento do Estado que o PSDB já havia implementado. O senhor falando o PT é como o sujo falando do mal lavado", afirmou.

Aécio afirmou então que Luciana "voltava às suas origens" e "servia como linha auxiliar do PT". Luciana reagiu: "Linha auxiliar do PT uma ova, candidato Aécio, porque o PT aprendeu com o senhor, aprendeu com o seu partido."

Marina Silva respondeu a perguntas de bispos, jornalistas ligados a veículos católicos e dos demais candidatos. Em suas considerações finais, disse que "quem vai ganhar essas eleições não são as estruturas da polarização, dos partidos PT e PSDB".

Antes, em resposta a Eymael sobre como tornar o país mais justo e solidário, defendeu proposta de 10% das receitas do governo para a saúde e escola em tempo integral.

Sobre reforma política, Aécio disse que ela deve anteceder as demais e defendeu voto distrital misto e o fim da reeleição. Marina disse apoiar o financiamento público de campanha e maior sintonia das instituições com a sociedade. Dilma disse apoiar as propostas da CNBB e defendeu sua realização por meio de plebiscito.

O fim das coligações foi defendido por Eduardo Jorge. Luciana Genro condenou relações "promíscuas" entre financiadores e candidatos depois de eleitos. Pastor Everaldo pregou o fim do voto obrigatório e Levy Fidelix criticou a distribuição desigual de recursos e tempo de TV entre os partidos. Eymael respondeu a pergunta narrando sua trajetória política.

Sobre aborto, por exemplo, cuja liberação é tema ao qual a CNBB se opõe explicitamente, a pergunta acabou respondida por Eduardo Jorge (PV), que é declaradamente a favor da proposta.

“Você não pode deixar abandonadas 800 mil mulheres que fazem interrupção de gravidez todo ano no Brasil, em condições precárias”, afirmou. “Minha posição é pela revogação dessa lei (que proíbe o aborto) cruel, machista, que considera criminosas essas 800 mil mulheres - a maioria delas católicas e evangélicas”, ponderou Jorge, que destacou, por outro lado, ser “médico e autor da lei de planejamento familiar no Brasil”. 

A pergunta sobre o Estado laico coube a Luciana Genro (PSOL), por sorteio. A candidata, que se definiu como pessoa “não religiosa”, aproveitou para cutucar os adversários. “Não vou me converter ao sabor de uma necessidade eleitoral, como muitos candidatos fazem”, afirmou. “A liberdade de religião não pode sofrer nenhuma restrição, mas as políticas públicas não podem estar subordinadas a nenhuma religião, a nenhuma crença”, definiu.

Coube a Levy Fidelix (PRTB) responder, ainda que não diretamente, sobre união homoafetiva: o tema principal era “família”, destacada na pergunta de um bispo como, segundo as ciência humanas, “constituída por um homem, mulher e filhos”. O candidato, que se declarou católico e frequentador “assíduo” de missas, atacou – a exemplo do que fizera em debates passados – os meios de comunicação: “Estão destruindo as famílias, os maus exemplos dessa questão também crucial, permitida em lei, da união homoafetiva, destroem, sim, a família. Isso é terrível!”, esbravejou.

A legalização de drogas como a maconha entrou em pergunta sorteada ao candidato José Maria Eymael (PSDC) – que se disse “frontalmente contra" a proposta. Para o candidato, a juventude brasileira “é assassinada pelas armas e pelas drogas que entram pelas fronteiras do nosso País".

Aécio Neves (PSDB), se declarou favorável ao projeto de lei 122, que criminaliza a homofobia. “O que precisamos é definir se esse é o instrumento adequado, este que está hoje à disposição e à discussão do Congresso Nacional”, disse.

Dilma foi questionada sobre desigualdade social. Sobre a “prioridade máxima” para reduzir o problema, a candidata à reeleição citou relatório da ONU, divulgado nessa terça, apontando queda de 50% na quantidade de pessoas que passam fome. “Meu compromisso é fundamentalmente com a inclusão social e a redução da desigualdade”, enfatizou.

A falta de saneamento básico a mais de 34 milhões de brasileiros ficou com Marina – que defendeu a responsabilidade do governo federal perante o problema, mas sugeriu parcerias “junto aos prefeitos”. “O não tratamento do esgoto de forma correta prejudica em todos os níveis, inclusive o abastecimento de água, como acontece no Estado de São Paulo”, constatou.

Com Portal Terra