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Lula ataca Marina em manifestação a favor do pré-sal no Rio de Janeiro

'Nenhum brasileiro que ama o país deixaria de explorar o pré-sal', disse se referindo à candidata

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado do candidato ao governo do Rio pelo PT, Lindberg Farias, da ex-senadora Benedita da Silva (PT), da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) e outros postulantes a cargos proporcionais no estado, arrastaram uma multidão de cerca de 10 mil pessoas para a Avenida Chile, no Centro do Rio, onde fica o prédio da Petrobras. O ato organizado pelas centrais sindicais nacionais e movimentos sociais teve como objetivo a proteção do pré-sal e da estatal. Lula, em seu discurso, classificou o descoberta do pré-sal, durante o governo do PT, como a "maior conquista que o Brasil já teve" e criticou duramente o plano de governo da adversária da presidente Dilma Rousseff nas eleições de outubro, a candidata à Presidência pelo PSB Marina Silva.

O ex-presidente declarou que sua participação no ato não possuía teor partidário e que era uma forma de defender a Petrobras dos ataques que ela vem sofrendo. Lula disse que foi ele quem procurou os líderes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Federação Única dos Petroleiros (FUP) para comemorar os 63 anos da Petrobras. Lula reafirmou a necessidade das investigações pelas quais a estatal vem passando, mas que a empresa não pode sofrer com isso. “Quem trabalha honestamente não pode ser confundido com os que cometeram os erros. Os culpados devem ser julgados e, se necessário, presos”, afirmou.

Sobre Marina Silva (PSB), o ex-presidente disse que a candidata está diretamente ligada aos tucanos e foi bastante crítico, apesar de afirmar não ter o hábito de falar mal das pessoas. “O cargo de presidente não pode ser terceirizado. Esse país não é uma colcha de retalhos para ela falar de tudo de forma segmentada, esse tipo de coisa pode destruir o país. Se eu fosse a candidata, pediria para que sua assessoria parasse de falar porque cada vez que eles se pronunciam, falam mais besteiras”, criticou.

Em um discurso marcado pelo nacionalismo, Lula criticou quem é contra a refinaria e quem minimiza o projeto da Petrobras. “Quem vai contra uma exportação tão grandiosa e menospreza o pré-sal certamente não é um brasileiro ou é um brasileiro que não ama esse país. O petróleo é o passaporte para o Brasil fazer tudo o que ainda não fez, ele vai fazer com que a indústria petroquímica e a indústria naval cresçam a pleno vapor”, pontuou.

CPI da Petrobras

Lula declarou que as CPIs feitas contra a Petrobras são movidas por pessoas que querem ganhar dinheiro achacando a empresa e que ele mesmo já teria presenciado isso enquanto era presidente. O ex-presidente relembrou de quando, durante seu mandato, ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli entrou em seu gabinete com o que Lula chamou de “mapas coloridos” relativos à descoberta do pré-sal. “Fui para casa e falei com a Marisa que não era possível que eu tivesse nascido com tanta sorte, foi justamente na minha gestão que aconteceu a maior descoberta do planeta”, lembrou o ex-presidente.

O ex-presidente fez questão de vestir a camisa da Petrobras. Segundo Lula, quando aparecem esses escândalos, as pessoas se sentem envergonhadas de usar a camisa da estatal. Lula pediu para que os petroleiros vestissem com orgulho a camisa e disse que, em 2002 durante seu governo, a presidência da Petrobras o chamou de mentiroso quando ele disse que o Brasil tinha tecnologia para ser um dos líderes do setor no mercado internacional. De acordo com o ex-presidente, em oito anos o país teve uma produção de petróleo superior ao total dos últimos 31 anos.

PIB e inflação

O ex-presidente afirmou que quando o governo era liderado por políticos tucanos, 62% das ações da estatal do petróleo foram vendidas e que isso gerou uma necessidade dos partidos de esquerda se unirem. Lula disse que as análises do crescimento do PIB são sensacionalistas e que o Brasil está bem se comparado com os países do G20. Em relação à inflação, Lula garantiu que nos últimos anos a meta foi rigorosamente cumprida dentro do que a política nacional permitia e considerando um cenário externo de crise. “O petróleo e a Petrobras são nossos”, encerrou. 

Campanha

Lindberg destacou que o evento faz parte da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República, e que a partir de agora está mais otimistas  com relação às chances de o PT sair vencedor das urnas. "O partido vai ganhar uma força muito grande com este evento."

Jandira Feghali, da comissão de defesa dos royalties do Petróleo na Câmara, chamou de "miopia" o fato de se secundarizar o pré-sal após as conquistas do governo nesta questão, se referindo ao plano de Marina Silva. Feghali lembrou que a gestão do PT conquistou no Congresso 75% dos lucros do pré-sal para a educação e 25% para a saúde.

Quanto aos escândalos envolvendo a estatal e o ex-diretor Paulo Roberto Costa, a deputada acredita que os fatos devem ser apurados, mas os supostos crimes éticos não devem fragilizar os projetos de uma empresa como a Petrobras.

O coordenador da Federação Única dos Petroleiros, José Maria Rangel, considerou que a única chance de proteger os programas do pré-sal é a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

"A candidatura de Marina tem seus mentores econômicos no PSDB, que já sucateou a Petrobras. Ela (Marina) dedica somente uma linha do seu plano de governo ao pré-sal,  não é razoável. Estamos falando da melhoria do povo brasileiro", disse Rangel.

O representante da FUP acrescentou que a única candidatura que espelha o futuro do pré-sal é a de Dilma.