ASSINE
search button

El País: "Brasil em um labirinto"

Compartilhar

O jornal El País publicou neste sábado (13) uma coluna do ex-presidente José Sarney sobre a política brasileira. O texto fala que, no Brasil, muitas tragédias foram causadas pelas drásticas mudanças, que, ele mesmo diz, a política é imprevisível. Citando o suicídio de Getúlio Vargas, Sarney tenta exemplificar sua teoria.

Sarney, então, compara esse período histórico com o atual momento político. Lembrando a morte de Eduardo Campos, ele diz que o Brasil reagiu com choque e, por isso, “ressuscitou” Marina Silva, que obteve 20 milhões de voto nas últimas eleições.Ele afirma que a morte de Campos deu à Marina o papel de protagonista na eleição.

Em sua coluna, o político diz que Marina é mística, dogmática, crítica e carismática e lembra sua importância no PT, citando também seu rompimento com o partido de Dilma e Lula. Colocando em contraponto, Sarney fala que Marina se tornou uma firma combatente do PT e da própria Dilma, tornando possível o que parecia impossível: derrotá-los.

Ainda segundo o texto, o apoio à Marina é eclético e junta manifestantes, religiosos e descontentes com a forma de fazer política no Brasil. Sarney diz ainda que a sensação é que os aliados do PT têm feito de tudo para reagir ao avanço de Marina. Contudo, para ele, o passado da candidata do PSB não tem nada a ver com seu crescimento nas pesquisas.   

Para Sarney, um ciclo de pessimismo fez o país perder o seu sonho de ascensão do poder. Ele diz que os números se mostram à beira da recessão, além da inflação, altas taxas de juros e as agências de rating negativos. Ele lembrou também o episódio em que o Brasil foi chamado de "anão diplomático" por Israel.

O texto afirma que o PT nunca considerou a perder, mas que agora há um “tsunami político”. Ele segue dizendo que, os objetivos políticos do partido foram alcançados: a disputa está acirrada e tudo pode acontecer; além disso, o maior partido da oposição, o PSDB, foi esmagado pelos dois candidatos de esquerda.

Sobre uma candidatura de Lula como salvação para o PT, Sarney diz que nem mesmo ex-presidente é invencível, apesar de manter seu charme e de ser o maior líder político do país. O texto diz ainda que Dilma Rousseff, com o seu caráter forte e liderança, conquistou seu espaço e não está jogando a toalha ou aceitando a humilhação. Já Marina, diz a matéria, é desconhecida. A figura de hoje, continua, não tem nada a ver com a sua história guerreira radical nas plantações de borracha do Acre. Sarney lembra que ela foi senador e ministra do Meio Ambiente no governo Lula, fazendo sua marca como fundamentalista.

Para o ex-presidente, a campanha atingiu um alto nível de violência, com golpes baixos. As pesquisas, como fala a coluna publicada no El País, mostram que Dilma venceria no primeiro turno, mas a vitória seria de Marina no segundo, que é o que exige a maioria absoluta. Por fim, Sarneu define a situação atual como desconcertante e diz que o Brasil perdeu o otimismo. Ele finaliza dizendo que a política brasileira é um labirinto de mistério e imprevisibilidade.