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Financial Times: "Marina sacode as eleições no Brasil" 

Artigo do jornal americano destaca a influência de Marina Silva na eleições de 2014

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Em artigo, publicado nesta quarta-feira (27), o Financial Times faz uma avaliação sobre  o primeiro debate, que aconteceu nesta terça-feira (26), na TV Bandeirantes, entre os candidatos a presidência. O jornal destaca que Marina Silva teve “um sólido desempenho” durante o debate e que reforçou sua possível vitória em um segundo turno das eleições.

O Financial destaca ainda que desde o anúncio de sua candidatura na semana passada, Marina tem se esforçado em ligar sua imagem à insatisfação popular do Brasil com os partidos convencionais como O  PSDB, do candidato Aécio Neves, e o PT, de Dilma Roussef. “A mensagem que eu gostaria de trazer é uma mensagem de esperança e desejo de mudança, principalmente para renovar a nossa política”, diz uma das frases enunciadas por Marina Silva durante o debate, destacada pelo Financial.

O jornal afirma que o crescimento de Marina pode ser uma ameaça a candidatura da atual presidente, Dilma Roussef. Segundo o artigo apesar da economia estar desacelerada e Aécio ter uma campanha de marketing mais forte, Dilma tinha mais expectativas de ganhar a eleição em um segundo turno.

Contudo, Marina Silva poderia estar atraindo mais votos como candidata devido a sua história pregressa. Segundo o Financial, a posição de Marina contra o desmatamento, sua amizade com Chico Mendes e seu trabalho como ministra do Meio Ambiente durante os primeiros anos de governo do PT, tem atraído eleitores cansados da política atual.

O artigo aponta como conseqüência disso, a pesquisa do Ibope realizada nesta terça-feira. As intenções de voto, durante um possível segundo turno, mostram Dilma Roussef com 45% e Marina Silva com 36%. “Depois de uma presença forte nas eleições de 2010, na qual Marina Silva ganhou 20% dos votos, com pouco financiamento ou tempo na televisão, a candidata se recriou ao tentar capturar o descontentamento generalizado da população com a classe política”. O jornal destaca ainda as manifestações de 2013, que mostraram o descontentamento da população com os serviços públicos insuficientes e os gastos públicos excessivos com a copa do mundo no país.

Segundo o artigo, no debate de terça-feira, enquanto Dilma e Aécio se empenhavam em atacar as falhas do partido um do outro e favorecer as qualidades do seu próprio, “Marina ridicularizou os dois, apontando a disputa como o impasse político que estava atrasando o país”. Apesar de, durante o debate, Marina Silva ter afirmado que seu governo representaria todos os lados do espectro sócio econômico brasileiro, pouco foi falado sobre suas propostas na economia política.

Em entrevista para o Financial, João Augusto de Castro Neves, do Grupo Eurasia, afirma quem “Marina fez o que tinha que fazer. Ela vai precisar se mais clara em sua afirmações para se retratar como uma presidente e não apenas uma boa pessoa”.

Em seu discurso, Dilma destacou as realizações de seu governo no desenvolvimento da habitação, da educação, através de programas como o FIES, enquanto Aécio falou sobre sua atuação como ex-governador de Minas Gerais.

Em certo momento do debate, Aécio atacou Dilma falando sobre as denúncias de corrupção que envolvem a Petrobrás, empresa que ela dirigiu antes de se tornar presidente. Em resposta, Dilma falou que o partido de Aécio, o PSDB, anterior ao PT no poder, teria a intenção de mudar o nome da empresa de Petrobrás para Petrobrax, para “soar melhor aos estrangeiros”.

Segundo o Financial, Marina Silva cometeu uma gafe quando questionada sobre sua campanha ser financiada pelas elites, como o fato da candidata ter apoio de Maria Alice Setúbal. Conhecida como Neca, Alice faz parte da família Setúbal, dona do Itau, um dos maiores bancos privados do país.

Em resposta, Marina afirmou que se Neca pode ser considerada da Elite assim como Chico Mendes “Há uma visão estreita em quem ataca as pessoas através de rótulos. Eu quero uniro o Brasil e não separá-lo”. Segundo o Financial, a afirmação da candidata foi alvo de piadas nas redes sociais. Em uma delas, a foto de Chico Mendes seguida da frase “Elite? Eu? Não Marina, a Elite foi quem me matou”.

Em entrevista para o Financial Times, Alberto Ramos, economista da Goldman Sachs, ainda está atraindo votos de protestos e de pessoas insatisfeitas com a situação atual do país. “Marina Silva será desafiada nas próximas semanas para crescer como a candidata que vai atrair o voto dos insatisfeitos e também ser percebida como uma política flexível”, concluiu.