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Em evento de campanha, Crivella condena a homofobia

“Eu sou evangélico, mas quero governar sem preconceito", disse o candidato

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O candidato ao governo do Rio pelo Partido Republicano Brasileiro (PRB), senador Marcelo Crivella, iniciou a semana de campanha pela Baixada Fluminense, com visita tripla nesta segunda-feira (4) aos municípios de São João de Meriti, Queimados e Nova Iguaçu. O viagem começou por São João, cidade com cerca de 460 mil habitantes localizada a 20km da capital, onde o concorrente evangélico escolheu a praça da Matriz São João Batista, no Centro, para cumprimentar eleitores. Em rápida entrevista à imprensa, afirmou que, caso eleito, seu governo “não terá homofobia”. “Eu sou evangélico, mas quero governar sem preconceito. Todos terão acesso ao governador, eu tenho certeza que meu Estado não terá homofobia, isso não é da índole do carioca, da nossa vocação, da nossa alma”.

A declaração acontece poucos dias depois de Crivella ter afirmado, em evento de campanha, que “homossexualismo” (termo tido como pejorativo, por isso não mais usado pelas organizações de direitos LGBT) não é doença, mas sim, pecado pela doutrina que ele professa.

O candidato, que aparece em segundo lugar na última pesquisa Ibope realizada para o governo do Rio de janeiro (com 16%), atrás do deputado federal Anthony Garotinho (PR, 21%), nega que tenha intensificado a agenda na Baixada Fluminense em função de uma polêmica envolvendo uma declaração sua sobre a região. Em uma entrevista na semana passada, ele teria dito que é preciso cuidar da Baixada para que o morador da área não vá roubar no Rio de Janeiro. Ele afirmou que sua fala foi distorcida por uma repórter.

Durante a entrevista, no entanto, fez questão de pontuar “feitos” de sua gestão como senador para a região, o principal polo eleitoral do Estado depois da Região Metropolitana. Crivella desafiou os concorrentes Lindberg Farias (PT) e Garotinho a trazerem os números à luz e mostrarem as emendas que garantiram para a região enquanto foram senador e deputado federal, respectivamente. “Eu faço um desafio: gostaria de saber se eles têm o mesmo tanto de emendas que eu liberei para cá (enquanto era senador). Só no Roseiral, em Belford Roxo, liberei R$ 20 milhões. Em (Duque de) Caxias, foram R$ 10 milhões para saneamento básico”.

E ainda fez uma provocação, irônico: “Você depois pode dizer aí: ‘esses políticos (Garotinho e Lindberg) ficam fazendo promessa para a Baixada, mas na hora de botar emenda, botam em Campos (reduto político de Garotinho)’”.

No meio do caminho, bandeiraço de Garotinho 

Aliás, para chegar até a praça onde cumprimentou alguns eleitores, o senador teve que esbarrar em várias bandeiras do candidato do PR. Uma panfletagem do concorrente se iniciou exatamente na hora prevista para a chegada de Crivella ao local. Ao Terra, um cabo eleitoral que trabalhava coordenando a distribuição de panfletos de Garotinho negou que o ato tenha sido marcado para atrapalhar a caminhada do candidato do PRB. “Foi coincidência” – afirmou.

Questionado sobre os obstáculos de sua campanha para conquistar o voto da Baixada justamente pela intimidade dos seus opositores com o eleitor da região, ele foi irônico: “Reduto de Garotinho? A Baixada? Por quê? Aqui, na eleição para senador, eu fui o primeiro colocado. O Lindberg, que foi prefeito de Nova Iguaçu, teve menos voto que eu por lá para o Senado” – afirmou, garantindo ter “total afinidade” com a área, “e não é de agora”.

Crivella, engenheiro de formação, classificou como um “horror” o número baixo de profissionais da área ligados às administrações públicas. Segundo ele, hoje são 400, contra 1200 de décadas atrás. Para o candidato ao Palácio Guanabara, suprir essa defasagem seria uma saída para melhorar os graves problemas de infra-estrutura do Estado, como transporte e saneamento básico.

Defesa das UPPs, ‘uma conquista nossa’

O candidato do PRB defendeu a extensão das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) “menina dos olhos” do atual governador e seu concorrente Luiz Fernando Pezão (PMDB), para os municípios da Baixada Fluminense. “A UPP é uma conquista nossa, mas ela precisa vir para todas as áreas ocupadas pelo narcotráfico (no Estado). Não pode ser só uma política da Zona Sul”.

Marcelo Crivella ainda ressuscitou um projeto do então governador Moreira Franco (1987-1990, hoje ministro da Secretaria de Aviação Civil do governo Dilma Rousseff) para apresentar sua proposta para a Saúde. “O Moreira Franco fez aqui na Baixada 14 mini-hospitais. Na época, 2 milhões foram atendidos, com hora marcada, prevenção, o que diminuiu muito o atendimento em hospitais. Quero fazer algo semelhante. O programa foi abandonado”.

Sem fazer ideia de que haveria visita de político ao centro de São João de Meriti na segunda-feira, o desempregado Josias Silva não poupou farpas aos políticos. “Ninguém faz nada pela Baixada. Vai até as cidades, em Nova Iguaçu, por exemplo. Você chega lá é tudo lama e terra”, criticou, deixando escapar uma certa preferência pela candidato e ex-governador Anthony Garotinho. “Tem gente que fala mal dele, mas ele fez pela Baixada”.

Já o repositor de estoque Joselito Correa, criticou a colocação de Crivella feita na controversa entrevista da última semana, em que defendeu investimentos na Baixada para evitar que as pessoas fossem roubar no Rio. “Não é porque somos da Baixada, que somos pobres, que vamos roubar. O rico também não rouba? Não vê os moradores de Copacabana roubando carro?”, defendeu